Campinas investiga saúde dos moradores da região das Mansões Santo Antônio

24/10/2002

A Secretaria de Saúde de Campinas deu início nesta quarta-feira, 23 de outubro, ao processo de investigação das condições de saúde das pessoas que estiveram mais expostas à contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio, no bairro Santa Cândida, na região Leste de Campinas. Tecnicamente, este tipo de avaliação é denominada de investigação clínico-epidemiológica.

Os primeiros a serem atendidos foram os cidadãos que moram na área há mais de 10 anos e que consumiram água que provém do solo. Eles foram organizados em grupos e três turmas já receberam atendimento nesta quarta-feira.

Inicialmente, 23 pessoas destas turmas foram esclarecidas sobre todos os procedimentos a serem adotados e sobre os motivos que indicam a necessidade da investigação. O atendimento está sendo realizado pelos profissionais do Centro de Saúde Taquaral e da Vigilância Ambiental de Campinas.

Também foram agendadas as datas de coleta das amostras para exames laboratoriais. O material será colhido no dia 4 de novembro. Ainda foi agendada consulta médica para 13 de novembro, quando estas 23 pessoas passarão pela avaliação clínica. A Prefeitura informou individualmente estes cidadãos sobre os trabalhos e deixou-os à vontade para decidir se querem ou não participar da investigação.

Esta primeira avaliação servirá como referencial para a continuidade dos trabalhos da Secretaria de Saúde. Dependendo dos resultados apontados, o restante da população que mora na área de influência da contaminação também será submetida à investigação clínico-epidemiológica. No levantamento preliminar da Prefeitura, este público é constituído por 1.000 pessoas.

Trabalhadores que atuaram na área de influência da contaminação em qualquer obra que implica em remoção de terra também serão investigados. Além disso, funcionários de uma empresa de ônibus que utilizavam água de um poço contaminado também foram convidados para se submeter aos exames.

O procedimento adotado para a investigação foi definido em conjunto por profissionais do CRST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador), Distrito de Saúde Leste e Vigilância Leste, Centro de Saúde Taquaral e Vigilância Ambiental e teve assessoria da Secretaria de Estado da Saúde e da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Entenda o que ocorre na área das Mansões

A contaminação ambiental do loteamento Mansões Santo Antônio foi ocasionada por uma já extinta indústria de produtos químicos, a Proquima. A empresa trabalhava na recuperação de solventes, a partir de resíduos
industriais ou solventes contaminados, e na fabricação de produtos de limpeza. A empresa esteve instalada no local por mais de vinte anos e foi fechada em 1996.

Depois de encerrar as atividades, o proprietário vendeu o terreno para a construtora Concima que, em 1997, iniciou lá a construção de um condomínio. Atualmente, já estão construídos na área três blocos de apartamentos, sendo que um deles já está ocupado por 43 famílias.

Em 15 de abril deste ano, a Prefeitura Municipal de Campinas foi informada oficialmente pela Cetesb, órgão responsável pelo Meio Ambiente no Estado de São Paulo, sobre a situação ambiental inadequada.

Desde então, a Prefeitura tem adotado uma série de intervenções para conter ou atenuar a contaminação da área e para conter os riscos que ela possa trazer às pessoas. A população foi orientada para não utilizar água que provém do solo. Equipes da Secretaria de Saúde interditaram 19 poços, lacraram uma nascente e outros três poços. Também foi providenciada ligação de água tratada pela Sanasa em imóveis que dispunham deste serviço.

A Secretaria de Saúde, por meio dos agentes de saúde do Paidéia, cadastrou imóveis e orientou moradores de toda área de influência da contaminação. A população ainda foi esclarecida e as dúvidas puderam ser sanadas, por profissionais da Secretaria de Saúde, numa reunião pública realizada no último dia 23 de setembro.

A Prefeitura também embargou, em 27 de setembro, quatro construções que estão naquela área. As obras tiveram que ser suspensas porque, por necessitarem de movimentação de solo, poderiam oferecer risco para a saúde dos trabalhadores. A suspensão tem como base o decreto 14.091, publicado no Diário Oficial do Município de 27 de setembro.

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