Saúde indefere pedido de contraprova feito por laboratório

24/10/2002

A Secretaria de Saúde de Campinas indeferiu o pedido de realização de contraprova feito pela empresa Akzo Nobel Ltda - Divisão Organon das amostras do lote A33720 do anticoncepcional injetável tricilon – princípio ativo acetato de medroxiprogesterona.

A Secretaria tomou com base o que dizem os artigos 99 e 100 do Código Sanitário do Estado de São Paulo, lei estadual 10.033. Os artigos estabelecem prazo de 10 dias para a solicitação. E também levou em conta que a Administração Pública só pode adotar medidas de acordo com a lei.

A decisão tem o respaldo e a concordância da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e do CVS (Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo).

A empresa Organon recebeu a notificação da Secretaria de Saúde de Campinas em 20 de setembro último. Na ocasião, ela foi informada de que análises do Instituto Adolfo Lutz apontaram que o lote A33720 do Tricilon apresenta problemas na suspensão. No entanto, somente nesta quarta-feira, 23 de outubro, o laboratório fez o pedido de contraprova.

Entenda o caso

A Secretaria de Saúde de Campinas interditou na última terça-feira, 22 de outubro, a utilização do anticoncepcional tricilon - Maleato de Medroxiprogesterona - lote A33720 no município. A Prefeitura de Campinas adquiriu 10.500 ampolas deste lote. Como medida cautelar, a Vigilância Sanitária Municipal também suspendeu, independentemente do lote, a utilização do tricilon em toda rede municipal de saúde e está encaminhando amostras de todos estes lotes para análises laboratoriais.

O medicamento é utilizado na rede de Saúde de Campinas como método de anticoncepção para mulheres que não podem tomar pílulas que contenham estrógeno. É o caso de mulheres com hipertensão, problemas vasculares, varizes ou daquelas que têm dificuldades para memorizar a utilização de medicamento.

O tricilon também é comercializado em farmácias particulares. A interdição foi publicada no Diário Oficial de Campinas na terça, 22 de outubro.

A Secretaria de Saúde adotou a medida porque exames do Instituto Adolfo Lutz apontaram resultado insatisfatório para a solubilidade do medicamento do referido lote. Antes da interdição, porém, a utilização das doses do lote A33720 do medicamento já havia sido suspensa na rede municipal de Saúde.

A suspeita do problema do referido lote ocorreu no final de junho, quando profissionais da rede relataram problemas na diluição do medicamento.

Associada a esta queixa, havia relato de que uma mulher que fez uso da medicação no CS (Centro de Saúde) Santa Lúcia havia ficado grávida. Ao investigar o caso, a coordenação do Distrito Sudoeste, para o qual pertence o CS Santa Lúcia, encontrou outros dois casos de mulheres que haviam engravidado enquanto faziam uso do tricilon.

Logo após a constatação, a Visa Sudoeste encaminhou amostras para o Lutz que apontou resultados insatisfatórios quanto ao aspecto porque a suspensão após diluída contém "grumos e precipitados e ressuspensabilidade". A suspensão coagulou dentro de um minuto conforme o laudo.

A Secretaria de Saúde de Campinas está investigando todas as mulheres que fizeram uso do tricilon nos 46 Centros de Saúde da rede. O objetivo é detectar se ouve mais algum caso de gravidez. De acordo com dados do Departamento de Administração da Secretaria de Saúde, 7 mil mulheres utilizaram o anticoncepcional.

A Secretaria de Saúde está tomando todas as medidas necessárias para informar as mulheres que utilizaram o tricilon sobre o ocorrido. Elas serão orientadas a utilizar um outro método anticoncepcional, que também está disponível no Centro de Saúde. A Prefeitura também providenciou a compra de 7 mil ampolas de um outro medicamento com o mesmo princípio ativo do tricilon. As doses devem chagar em 10 a 15 dias.

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