Projeto reduz consumo de medicamentos entre pacientes ansiosos e depressivos

13/10/2003

Projetos desenvolvidos pelas equipes do Centro de Saúde do Balão do Laranja com grupos que fazem uso contínuo de antidepressivos e calmantes já fez com que as pessoas se tornassem menos dependentes dos medicamentos. Os profissionais de saúde reúnem-se, periodicamente, com pacientes para desenvolver atividades terapêuticas que estimulam a auto-estima, o auto-cuidado e a autonomia.

A médica Suzana Campos Robortella, generalista que também tem formação em psiquiatria, desenvolve atividades com dois grupos, um constituído somente por mulheres e outro por homens.

O grupo de mulheres, segundo ela, foi constituído a partir de um levantamento das pacientes que necessitavam de medicamentos de uso contínuo e que mais utilizavam o serviço de psiquiatria.

Suzana diz que o que se constatou foi que a maioria estava em pleno climatério e se sentiam desvalorizadas em seu papel na sociedade. "É um estágio da vida em que elas já não são mais tão imprescindíveis como mãe nem como esposa", informa.

A médica conta que reuniu estas mulheres e passou a desenvolver com elas atividades como oficinas de colagem, dramatizações, conscientização sobre questão de gênero, trocas de experiências e conceitos sobre qualidade de vida entre outras.

Segundo Suzana, o emprego destas técnicas permite fortalecer o vínculo, estimular o auto-cuidado e a autonomia e faz com que as pessoas encontrem motivações para viver. "O objetivo é estimular que elas se sintam mais confiantes para desenvolver outras relações com o mundo - como trabalhar, aprender e buscar alternativas de lazer-, que se tornem menos dependentes, deprimidas, ansiosas e, aí, diminuam e até mesmo possam ficar sem a medicação", afirma.

Uma das 20 mulheres que compõe o grupo coordenado por Suzana é a operadora de máquinas Maria Madalena Vítor da Silva. Madalena mora no Jardim Anchieta, na Região Noroeste de Campinas, tem 50 anos e há 5 toma remédios para combater a depressão e a ansiedade. Ela conta que até entrar para o grupo "vivia atormentada por pensamentos ruins e era muito triste".

Atualmente, três meses após começar a participar das atividades, Madalena diz que se sente mais disponível e que recuperou até a vontade de sair de casa. Ela conta que encontrou pessoas com problemas parecidos com os dela e algumas até em situação pior.

Para ela, o grupo é uma comunidade. "O dia do encontro é o meu dia mais feliz. Aprendo coisas novas, com a médica e com as outras pessoas. Depois do grupo melhorei muito a relação com a família e com os vizinhos e, o melhor, consegui reduzir a dose do remédio", afirma.

A médica Hiroko da Silva, que integra uma das equipes do Centro de Saúde do Balão do Laranja, também desenvolve atividades em grupo com pacientes hipertensos, diabéticos e portadores de problemas mentais que fazem uso contínuo de medicamentos. Ela utiliza a homeopatia e desenvolve técnicas como a ginástica chinesa lian gong (lê-se liam cum).

Outras experiências

O trabalho desenvolvido no Centro de Saúde do Balão do Laranja é uma das 14 experiências exitosas do Paidéia apresentadas na última sexta-feira, 10 de outubro, durante a 1a Mostra de Trabalhos do Distrito de Saúde Noroeste. O evento aconteceu na sede da Associação de Moradores do Jardim Garcia, das 8h às 13h, e reuniu cerca de 200 pessoas.

Também foi apresentado no evento o projeto Oficina Unificada, que reúne 25 pessoas assistidas pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Integração, pelos Centros de Saúde Santa Bárbara, Sousas, São Quirino e Florence e pelo Centro de Referência e Informação sobre Álcool e Drogas (Criad). Elas participam das oficinas de fios e lã, cestaria, tecido, jornal, mosaico e de miniatura.

O Centro de Saúde (CS) Floresta apresentou dois projetos. Um deles, o Troca-Treco, envolve a comunidade na questão da dengue. O trabalho prevê a troca de brinquedos e cestas básicas por recicláveis. Na primeira edição, a ação permitiu a distribuição de 70 cestas básicas, centenas de brinquedos e recolheu 3 toneladas de recicláveis e 234 pneus. O outro é um trabalho de prevenção do câncer do colo de útero, intitulado Grupo de CO.

O CS Perseu apresentou a experiência desenvolvida com jovens por meio do trabalho do Grupo de Adolescentes Alerta à Saúde Perseu (Gaasp). A equipe da Vigilância em Saúde (Visa) Noroeste apresentou o projeto Por um Satélite mais Saudável, que reúne comunidade, Poder Público, Organizações não Governamentais (ONGs) e demais entidades organizadas num trabalho que de preservação do meio ambiente e do ambiente saudável.

Ainda foram apresentados projetos dos Centros de Saúde Valença, Itajaí, Ipaussurama, Florence e Integração.

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