Projetos
desenvolvidos pelas equipes do Centro de Saúde do Balão do
Laranja com grupos que fazem uso contínuo de antidepressivos
e calmantes já fez com que as pessoas se tornassem menos
dependentes dos medicamentos. Os profissionais de saúde reúnem-se,
periodicamente, com pacientes para desenvolver atividades
terapêuticas que estimulam a auto-estima, o auto-cuidado e a
autonomia.
A médica
Suzana Campos Robortella, generalista que também tem formação
em psiquiatria, desenvolve atividades com dois grupos, um
constituído somente por mulheres e outro por homens.
O grupo de
mulheres, segundo ela, foi constituído a partir de um
levantamento das pacientes que necessitavam de medicamentos de
uso contínuo e que mais utilizavam o serviço de psiquiatria.
Suzana diz
que o que se constatou foi que a maioria estava em pleno
climatério e se sentiam desvalorizadas em seu papel na
sociedade. "É um estágio da vida em que elas já não são
mais tão imprescindíveis como mãe nem como esposa",
informa.
A médica
conta que reuniu estas mulheres e passou a desenvolver com
elas atividades como oficinas de colagem, dramatizações,
conscientização sobre questão de gênero, trocas de experiências
e conceitos sobre qualidade de vida entre outras.
Segundo
Suzana, o emprego destas técnicas permite fortalecer o vínculo,
estimular o auto-cuidado e a autonomia e faz com que as
pessoas encontrem motivações para viver. "O objetivo é
estimular que elas se sintam mais confiantes para desenvolver
outras relações com o mundo - como trabalhar, aprender e
buscar alternativas de lazer-, que se tornem menos
dependentes, deprimidas, ansiosas e, aí, diminuam e até
mesmo possam ficar sem a medicação", afirma.
Uma das 20
mulheres que compõe o grupo coordenado por Suzana é a
operadora de máquinas Maria Madalena Vítor da Silva.
Madalena mora no Jardim Anchieta, na Região Noroeste de
Campinas, tem 50 anos e há 5 toma remédios para combater a
depressão e a ansiedade. Ela conta que até entrar para o
grupo "vivia atormentada por pensamentos ruins e era
muito triste".
Atualmente,
três meses após começar a participar das atividades,
Madalena diz que se sente mais disponível e que recuperou até
a vontade de sair de casa. Ela conta que encontrou pessoas com
problemas parecidos com os dela e algumas até em situação
pior.
Para ela, o
grupo é uma comunidade. "O dia do encontro é o meu dia
mais feliz. Aprendo coisas novas, com a médica e com as
outras pessoas. Depois do grupo melhorei muito a relação com
a família e com os vizinhos e, o melhor, consegui reduzir a
dose do remédio", afirma.
A médica
Hiroko da Silva, que integra uma das equipes do Centro de Saúde
do Balão do Laranja, também desenvolve atividades em grupo
com pacientes hipertensos, diabéticos e portadores de
problemas mentais que fazem uso contínuo de medicamentos. Ela
utiliza a homeopatia e desenvolve técnicas como a ginástica
chinesa lian gong (lê-se liam cum).
Outras experiências
O trabalho
desenvolvido no Centro de Saúde do Balão do Laranja é uma
das 14 experiências exitosas do Paidéia apresentadas na última
sexta-feira, 10 de outubro, durante a 1a Mostra de Trabalhos
do Distrito de Saúde Noroeste. O evento aconteceu na sede da
Associação de Moradores do Jardim Garcia, das 8h às 13h, e
reuniu cerca de 200 pessoas.
Também foi
apresentado no evento o projeto Oficina Unificada, que
reúne 25 pessoas assistidas pelo Centro de Atenção
Psicossocial (Caps) Integração, pelos Centros de Saúde
Santa Bárbara, Sousas, São Quirino e Florence e pelo Centro
de Referência e Informação sobre Álcool e Drogas (Criad).
Elas participam das oficinas de fios e lã, cestaria, tecido,
jornal, mosaico e de miniatura.
O Centro de
Saúde (CS) Floresta apresentou dois projetos. Um deles, o
Troca-Treco, envolve a comunidade na questão da dengue. O
trabalho prevê a troca de brinquedos e cestas básicas por
recicláveis. Na primeira edição, a ação permitiu a
distribuição de 70 cestas básicas, centenas de brinquedos e
recolheu 3 toneladas de recicláveis e 234 pneus. O outro é
um trabalho de prevenção do câncer do colo de útero,
intitulado Grupo de CO.
O CS Perseu
apresentou a experiência desenvolvida com jovens por meio do
trabalho do Grupo de Adolescentes Alerta à Saúde Perseu (Gaasp).
A equipe da Vigilância em Saúde (Visa) Noroeste apresentou o
projeto Por um Satélite mais Saudável, que reúne
comunidade, Poder Público, Organizações não Governamentais
(ONGs) e demais entidades organizadas num trabalho que de
preservação do meio ambiente e do ambiente saudável.
Ainda foram
apresentados projetos dos Centros de Saúde Valença, Itajaí,
Ipaussurama, Florence e Integração.