Dados
da ONU e do
IBGE mostram que
números crescem
no mundo
todo
Os dados
divulgados na semana passada pela Organização das Nações
Unidas (ONU) sobre a gravidez na adolescência, e os últimos
números revelados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) sobre a questão no Brasil, estão no
centro de um trabalho desenvolvido, desde 2001, pela
Secretaria de Saúde de Campinas. Estudo publicado pela ONU
revelou que menos de 5% dos jovens mais pobres usam métodos
para evitar filhos e, no Brasil, segundo o IBGE, em 20 anos, o
índice de gravidez na adolescência aumentou em 15%. Em
Campinas, desde 2001, a Secretaria de Saúde ampliou o
atendimento à gestantes grávidas na rede pública, a partir
do Projeto Cidade-Mãe.
Um dos exemplos
das ações do Cidade-Mãe é o trabalho desenvolvido pelo
Centro de Saúde (CS) Faria Lima, na região Sul, onde existe
o maior número de registros de adolescentes grávidas em
Campinas. O Centro desenvolve trabalhos educativos específicos
para estas adolescentes e realiza todas as ações do Cidade-Mãe,
que vão da assistência ao pré-natal ao nascimento, e ainda
acompanha as jovens mães depois do parto.
De acordo com
a enfermeira Ana Cláudia Mori Zorzetto, apesar das várias
abordagens desenvolvidas pelas equipes do Paidéia, a gravidez
na adolescência ainda representa um grande desafio para o
município.
Parceria com
ONG.
"Muita coisa mudou na minha vida. Tenho freqüentado o
grupo e aprendo coisas para meu futuro e como cuidar do bebê.
Estou aprendendo a ser mãe", diz Cristiele de Oliveira
Vieira, uma das adolescentes que recebem assistência da
equipe do Faria Lima. Ela engravidou aos 17 anos e, mesmo
antes da gestação, já não freqüentava mais a escola.
A história
de Cristiele é exemplar. Segundo o estudo da ONU, em todo o
mundo as jovens abandonam a escola para criar filhos,
trabalhar ou cuidar de casa. A pesquisa ainda aponta que esta
situação se repete em todos os países em desenvolvimento,
onde 96 milhões de jovens mulheres não sabem ler nem
escrever, contra 57 milhões de jovens homens.
O grupo de
Cristiele tem outras 21 grávidas e seis adolescentes que
deram à luz recentemente. Todas freqüentam a Organização não
Governamental (ONG) Casa Divina Pastora. Cristiele foi
encaminhada à instituição pelo Módulo de Saúde do Parque
Oziel, onde foi acolhida e realizou o exame que detectou sua
gravidez.
Na Casa
Divina Pastora, as adolescentes recebem informações sobre
sexualidade, álcool, drogas, gravidez e suas conseqüências.
Também são esclarecidas sobre a importância do pré-natal,
do aleitamento materno e dos cuidados com a saúde do bebê.
Ainda são preparadas para o mundo do trabalho e reinserção
na comunidade e conscientizadas para retornar à escola.
"Tentamos
motivar, educar e instruir a gestante para que ela saiba da
importância de questões como a saúde bucal, incorpore esses
hábitos em sua rotina e, naturalmente, transmita para seus
filhos", diz Cléa Pazinato, dentista do Faria Lima. A
equipe do Centro visita a Casa Divina Pastora periodicamente
ou quando é solicitada. O CS Faria Lima é referência para
quase 36 mil pessoas moradoras da Região Sul de Campinas, 21
mil das quais totalmente dependentes do Sistema Único de Saúde
(SUS).
Casa Divina
Pastora age
no cotidiano
dos moradores
A Casa Divina
Pastora é uma Organização não Governamental (ONG), criada
em 2002, que desenvolve ações específicas para crianças e
adolescentes. Além de abordar vários temas relacionados ao
cotidiano deste público, desenvolve oficinas de culinária,
corte e costura, pintura em tecido, biscuit e artesanatos em
geral. Também promove atendimento psicossocial para as
gestantes, suas famílias e as famílias dos respectivos
parceiros. Oferece espaço lúdico para os bebês, para que as
mães possam ser atendidas e possam participar das oficinas e
grupos. Ainda providencia os documentos necessários para o
exercício da cidadania.
As ações da
Casa Divina Pastora são realizadas em parceria com outras
ONGs, Organizações Governamentais (OGs), Conselho Tutelar,
Vara da Infância, Centro de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (Caism), Maternidade de Campinas, Hospital Municipal Mário
Gatti e contam com apoio da Secretaria de Saúde de Campinas
– Centros de Saúde, Módulos de Saúde da Família, Centro
de Referência de Atenção Integral à Saúde do Adolescente
(Craisa) e Centro de Referência e Informação sobre Álcool
e Drogas (Criad).