Operação
utilizou reservatórios de chumbo
e braços mecânico e demorou mais
de 15 horas
As fontes de
cobalto 60, material radioativo da empresa Ibras-CBO, que
estavam dentro de uma piscina cheia de água em Campinas,
foram removidas sábado, dia 18, para Jarinu, por determinação
da Justiça Federal. As fontes de cobalto 60 têm uma potência
centenas de vezes maior que as do Césio 137, que provocou a
maior tragédia radioativa da história brasileira, em 1987 em
Goiânia (GO), num acidente que causou quatro mortes, deixou
250 contaminados, um amputado e 600 pessoas em um grupo de
risco, monitorado constantemente.
A remoção
das fontes de cobalto 60 havia sido solicitada ao Ministério
Público (MP) e à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)
pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Saúde e
da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos e da Cidadania,
em dezembro de 2002.
O irradiador
que utilizava as fontes era empregado pela indústria para
esterilizar material médico-hospitalar, como seringas,
agulhas, cateteres intravenosos e instrumentos cirúrgicos. O
equipamento já não funcionava desde dezembro de 2001, quando
a Ibras encerrou suas atividades. A empresa funcionava na
avenida Cobalto, no Jardim Santana. No Brasil, existem outros
cinco irradiadores como os utilizados pela indústria e, no
mundo, existem 160.
Tranqüilidade.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Campinas a remoção
ocorreu com tranqüilidade, apesar de a Prefeitura ter sido
comunicada pela CNEN apenas na véspera do transporte.
"Foi verificado o plano de transporte das fontes,
preparado pela Bionuclear Diagnósticos de São Paulo (BND) e
conforme este plano, as medidas de segurança foram cumpridas
no decorrer do trabalho", disse o arquiteto Flávio
Gordon, da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de
Campinas.
Gordon
explicou que as fontes estavam dentro de uma piscina de sete
metros de profundidade, cheia de água. Segundo ele, para que
não houvesse nenhum risco, contêineres de chumbo foram
mergulhados dentro da piscina e um braço mecânico retirou as
fontes e colocou-as dentro de um recipiente ainda dentro d´água.
A operação
começou às 9h de sábado e consumiu 15 horas de trabalho. Os
contêineres onde foram abrigadas as duas fontes de cobalto 60
pesam cinco toneladas cada um.
A retirada
foi feita pela empresa canadense Nordion, fabricante das
fontes, e o transporte pela BND. As fontes foram levadas para
Jarinu, onde ficarão armazenadas provisoriamente até que
seja providenciado o transporte para o Canadá.
Normas
mundiais.
Os trabalhos foram acompanhados por técnicos da Vigilância
Ambiental de Campinas e supervisionados pela CNEN e pelo
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). A remoção
também mobilizou profissionais da Defesa Civil e da Polícia
Militar.
O
especialista em rádio proteção Francisco César, da CNEN,
informou que todos os testes foram realizados para que os contêineres
suportem todas as condições de transportes sejam elas marítimas,
aéreas ou rodoviárias.
Segundo Rosa
Virgínia Saito Di Túllio, física da Vigilância Ambiental
de Campinas, a permanência das fonte de cobalto em desuso no
local era inadequada. A técnica explica que o irradiador não
tinha previsão para ser reativado. "Nas condições em
que estavam estas fontes, para Campinas a remoção foi a
melhor solução", disse.