A Secretaria de
Saúde de Campinas vai ser ainda mais rigorosa a partir de
agora no controle dos abrigos de idosos na cidade. A
intensificação nas ações de vigilância atendem ao
Estatuto do Idoso e ao projeto de lei do Executivo sobre casas
de repouso para idosos encaminhado para aprovação da Câmara
de Campinas.
Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Campinas tem, atualmente, uma população de 97.214 cidadãos
com 60 anos ou mais. Aproximadamente 10% deste total vivem nos
53 asilos registrados pela Vigilância Sanitária Municipal. A
maioria deles é particular ou de finalidade filantrópica.
Entende-se por asilo o estabelecimento que presta assistência
social e de saúde a idosos, em regime de internato.
O principal
foco das ações da Secretaria de Saúde será o asilo
clandestino. Segundo o médico sanitarista Vicente Pisani
Neto, coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, a
experiência recente do município tem apontado a existência
de abrigos irregulares na cidade, instituições das quais só
se tem notícias por meio de denúncias.
A ocorrência
mais recente sobre casa com situação irregular foi
notificada nas últimas semanas. Trata-se do abrigo de idosos
São Camilo, localizado na rua Dr. Quirino no Centro da
cidade. O estabelecimento não possui alvará da Prefeitura
nem alvará sanitário, segundo informou a tecnóloga de
saneamento Janete Navarro, coordenadora da Vigilância em Saúde
Leste (Visa).
Durante os
trabalhos de vistoria no local, as equipes das Secretarias de
Saúde e da Promoção Social e do Conselho Municipal do Idoso
identificaram que o estabelecimento não apresenta condições
técnicas de funcionamento.
Dentre as
irregularidades foram constatadas falta de cuidados adequados
de higiene e com a alimentação e carência de atividades de
lazer. Parte dos idosos estão com sarna, o que confirma a
negligência no trato pessoal e no cuidado com vestuário.
No entanto, a
pedido de uma comissão dos familiares dos idosos, as
Secretarias de Promoção Social e de Saúde deram prazo até
5 de dezembro para que o abrigo se regularize e passe a
funcionar conforme a legislação. Até lá, as equipes da
Prefeitura vão visitar o local regularmente para
acompanhamento clínico dos cidadãos e orientações higiênico-sanitárias.
O pedido da
comissão de familiares foi feito numa reunião nesta
quinta-feira, 30 de outubro, onde estavam presentes
profissionais das secretarias de Saúde e de Promoção Social
e um representante do proprietário do abrigo. De acordo com
Janete Navarro, os próprios familiares se comprometeram a
transferir seus parentes e solicitar a interdição definitiva
do abrigo caso o proprietário não cumpra o compromisso.
Melhor
acomodação é com a família
O médico
sanitarista Vicente Pisani informou que o melhor local para os
idosos estarem acomodados é o ambiente familiar. No entanto,
segundo ele, muitas vezes as famílias têm dificuldades de
cuidar destas pessoas.
O médico
explica que estas dificuldades podem ser superadas num esforço
conjunto entre as equipes de saúde do Paidéia, Organizações
não Governamentais (ONGs), pastorais da saúde, Conselho
Municipal do Idoso e as próprias famílias para buscar
recursos para atender adequadamente estas pessoas.
"As
equipes do Paidéia estão preparadas para ajudar as famílias
que têm idosos com maior dependência. Elas podem orientar
sobre como cuidar adequadamente destas pessoas de maneira que
as famílias se sintam mais confortáveis para mantê-las em
casa", informou.
Orientações
Para proteger
a saúde dos idosos que vivem em instituições fechadas,
sejam elas privadas, públicas ou filantrópicas, a Secretaria
de Saúde de Campinas lançou, no final de 2.002, o Manual
de Orientações Técnicas para a Vigilância à Saúde em
Instituições que Abrigam Idosos.
O guia contém
orientações que tiveram como base as leis e regulamentações
brasileiras que determinam como deve ser a vigilância à saúde
do cidadãos com 60 anos ou mais e que moram em instituições
de qualquer natureza.
A Secretaria
também lançou no último dia 24 de outubro o Manual de
cuidados domiciliares na terceira idade – guia prático para
cuidadores informais. O objetivo é orientar o cuidador
sobre como lidar com a pessoa acamada e sobre os cuidados a
serem adotados para que o paciente recupere-se no período
mais breve possível ou mantenha-se estabilizado.
De acordo com
dados da Secretaria de Saúde divulgados esta semana, as
equipes do Paidéia realizam, por mês, mais de 2,8 mil
visitas domiciliares a pessoas restritas ao leito, a maioria
delas na faixa etária acima dos 60 anos.