Estudo
pretende avaliar
o quanto as
pessoas estão informadas
sobre a doença e direcionar ações
A
Secretaria de Saúde de Campinas promove a partir deste
final de semana, 1 e 2 de novembro, uma pesquisa sobre febre
maculosa entre freqüentadores da Lagoa do Taquaral. O local
é a maior área pública de lazer da cidade e recebe 20 mil
visitantes por semana. O estudo integra a série de medidas
desencadeadas pela Prefeitura para prevenir a contaminação
das pessoas pela doença no Parque Portugal, onde fica
localizada a Lagoa.
Em agosto
deste ano, a Vigilância Epidemiológica de Campinas
confirmou o primeiro caso de febre maculosa por infecção
na Lagoa do Taquaral. A doença é provocada por uma bactéria
(Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo
carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. A
bactéria habita o sangue de animais silvestres e domésticos.
Dentre os animais silvestres, a capivara tem especial importância.
A presença das capivaras e a infestação de carrapatos
tornam a Lagoa do Taquaral um local de risco para a doença.
O médico
veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Vigilância
em Saúde Leste (Visa Leste), explicou que o objetivo da
pesquisa é traçar um perfil dos freqüentadores e, com as
informações, atingir maior eficácia nas campanhas
educativas.
O estudo
deve avaliar o grau de conhecimento que os visitantes do
parque têm sobre a febre maculosa, descobrir que informações
a mais eles gostariam de ter e se estariam dispostos a atuar
como disseminadores do tema. "Também queremos
identificar que meio de comunicação é mais adequado, se
placas informativas, folhetos, orientação pessoal ou
outros", disse Luiz Henrique.
A pesquisa
foi elaborada pela Vigilância Sanitária do Distrito Leste
com a participação de duas alunas do curso de biologia da
Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas) que fazem
estágio no Centro de Saúde do Taquaral. Os questionários
serão aplicados pelos agentes comunitários de saúde e
pelas estagiárias. O estudo deve estar concluído em 10
dias.
Comunidade
Outra
medida desencadeada pela Prefeitura para prevenir a
contaminação das pessoas pela febre maculosa na Lagoa do
Taquaral é a discussão com a comunidade que mora nas
imediações do Parque.
No próximo
dia 10, acontece reunião com representantes do Conselho
Comunitário do Taquaral, técnicos da Secretaria de Saúde
e comunidade em geral para informações sobre a doença,
presença das capivaras e infestação de carrapatos no
parque. O evento ocorre no salão paroquial da igreja Nossa
Senhora de Fátima a partir das 19h30.
Prevenção
De acordo
com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela
Vigilância Epidemiológica de Campinas, não há vacinas
disponíveis eficazes para a febre maculosa. No entanto,
segundo ela, as pessoas podem tomar certos cuidados para
evitá-la. "O ideal é evitar o acesso às áreas de
vegetação das áreas de risco", diz a enfermeira.
Brigina
orienta que, se precisar transitar em áreas de risco para a
doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas
claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas
horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há
carrapatos aderidos à pele.
De acordo
com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o
momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada
é importante para a prevenção da doença. Quanto mais
precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de
inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre
maculosa – e de complicações locais como reação
inflamatória ou infecção secundária.
Por isso, a
orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada
de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde.
Nestes serviços, o profissional está preparado para
retirar o carrapato, operação que deve ser feita com luva.
Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos
ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas,
quando procurar o profissional de saúde e maneiras de
prevenção.
Na região,
já estão confirmados casos de transmissão nas
margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí,
principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e
Campinas, além de Amparo e Valinhos.
No município
de Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo,
Fazenda Barra Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes,
área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas e Sousas. De
1995 a 2003, a cidade confirmou 14 casos de febre maculosa,
dos quais 43% foram a óbito.