Freqüentadores da Lagoa do Taquaral respondem pesquisa sobre febre maculosa

31/10/2003

Estudo pretende avaliar o quanto as pessoas estão informadas sobre a doença e direcionar ações

A Secretaria de Saúde de Campinas promove a partir deste final de semana, 1 e 2 de novembro, uma pesquisa sobre febre maculosa entre freqüentadores da Lagoa do Taquaral. O local é a maior área pública de lazer da cidade e recebe 20 mil visitantes por semana. O estudo integra a série de medidas desencadeadas pela Prefeitura para prevenir a contaminação das pessoas pela doença no Parque Portugal, onde fica localizada a Lagoa.

Em agosto deste ano, a Vigilância Epidemiológica de Campinas confirmou o primeiro caso de febre maculosa por infecção na Lagoa do Taquaral. A doença é provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. A bactéria habita o sangue de animais silvestres e domésticos. Dentre os animais silvestres, a capivara tem especial importância. A presença das capivaras e a infestação de carrapatos tornam a Lagoa do Taquaral um local de risco para a doença.

O médico veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Vigilância em Saúde Leste (Visa Leste), explicou que o objetivo da pesquisa é traçar um perfil dos freqüentadores e, com as informações, atingir maior eficácia nas campanhas educativas.

O estudo deve avaliar o grau de conhecimento que os visitantes do parque têm sobre a febre maculosa, descobrir que informações a mais eles gostariam de ter e se estariam dispostos a atuar como disseminadores do tema. "Também queremos identificar que meio de comunicação é mais adequado, se placas informativas, folhetos, orientação pessoal ou outros", disse Luiz Henrique.

A pesquisa foi elaborada pela Vigilância Sanitária do Distrito Leste com a participação de duas alunas do curso de biologia da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas) que fazem estágio no Centro de Saúde do Taquaral. Os questionários serão aplicados pelos agentes comunitários de saúde e pelas estagiárias. O estudo deve estar concluído em 10 dias.

Comunidade

Outra medida desencadeada pela Prefeitura para prevenir a contaminação das pessoas pela febre maculosa na Lagoa do Taquaral é a discussão com a comunidade que mora nas imediações do Parque.

No próximo dia 10, acontece reunião com representantes do Conselho Comunitário do Taquaral, técnicos da Secretaria de Saúde e comunidade em geral para informações sobre a doença, presença das capivaras e infestação de carrapatos no parque. O evento ocorre no salão paroquial da igreja Nossa Senhora de Fátima a partir das 19h30.

Prevenção

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela Vigilância Epidemiológica de Campinas, não há vacinas disponíveis eficazes para a febre maculosa. No entanto, segundo ela, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. "O ideal é evitar o acesso às áreas de vegetação das áreas de risco", diz a enfermeira.

Brigina orienta que, se precisar transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Na região, já estão confirmados casos de transmissão nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.

No município de Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo, Fazenda Barra Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes, área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas e Sousas. De 1995 a 2003, a cidade confirmou 14 casos de febre maculosa, dos quais 43% foram a óbito.

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