Saúde recolhe criadouros da dengue e distribui kits escolares em troca

31/10/2003

Atividade é parte do Troca-Treco, desenvolvido pelo Centro de Saúde Floresta, projeto que mereceu destaque no Encontro Nacional de Agentes de Saúde

Denize Assis e Fátima Solange

Centenas de pessoas compareceram nesta sexta-feira, 31 de outubro, à Escola Estadual Hugo Penteado, no Parque Floresta 3, Região Noroeste de Campinas, para participar da segunda edição do Troca-Treco. A atividade, promovida pelo Centro de Saúde (CS) Floresta, consiste na troca de materiais que podem se transformar em criadouros do mosquito da dengue como garrafas, pneus, latas, vidros, potes e copos descartáveis por brinquedos, cestas básicas e material escolar. Nesta edição, foram distribuídos 600 kits de material escolar e o público alvo foram as crianças.

A idéia do Troca-Treco é do grupo de agentes comunitários do CS Floresta e surgiu, segundo a agente Francisca Francilete da Silva, com o intuito de envolver a comunidade na questão da dengue. Ela explica que cada criadouro é classificado de acordo com o tamanho e vale pontos com os quais a pessoa adquire o prêmio. Exemplo: a garrafa pet vale três pontos, cada pneu ou latinha de refrigerante vale 5 e, ao juntar 20 tampinhas de garrafa, o cidadão ganha mais 5 pontos. Ao somar 150 pontos, a pessoa tem a opção de trocar pelo kit que contém lápis, caneta, apontador, borracha, régua, camiseta e um caderno.

O agente comunitário João Sestari, um dos idealizadores do projeto, informou que os brinquedos, cestas básicas e material escolar são doados pelos comerciantes e outros representantes da comunidade local.

Além de recolher os potenciais criadouros, durante a atividade os profissionais de saúde desenvolvem ações de conscientização em relação à doença. As pessoas são informadas sobre sintomas, como combater o mosquito e quando procurar a equipe de saúde. "A idéia é que estes conceitos sejam disseminados na família e na comunidade", disse Francisca.

A primeira edição do Troca-Treco aconteceu em 26 de novembro de 2002, no Campina Grande. Na ocasião foram recolhidas três toneladas de criadouros e 234 pneus e distribuídas 70 cestas básicas. A experiência mereceu menção honrosa no Encontro Nacional de Agentes Comunitários de Saúde.

Para receber seis kits de material escolar, o garoto João Paulo, de 10 anos, recolheu e levou ao Troca-Treco materiais como latas de óleo, copinhos plásticos e garrafas. Ele disse estar feliz com a iniciativa. "Troquei um monte de coisas que podem criar dengue por material para a escola", afirmou. João contou ainda que a mãe dele coloca areia nos pratos de vasos de flores para impedir que o mosquito da dengue procrie.

O cidadão João da Silva Nicolau, 36 anos, foi ao Troca-Treco para acompanhar o filho e avaliou a atividade como muito importante no controle da dengue. "É uma forma das pessoas retirarem coisas do quintal. Todo mundo aprende e todos ganham. É mais saúde. Seria bom se todas as cidades fizessem assim", disse.

Levantamento recente da Secretaria de Saúde mostra que o mosquito da dengue muitas vezes se desenvolve no próprio quintal das pessoas, nas vasilhas com água parada. E ainda mostra que mais de 80% dos criadouros disponíveis para o mosquito estão nas casas e quintais. São lotes sem capinar, cheios de sucatas, pratos de vasas de planta, latas, garrafas, potes, pneus e reservatórios de água entre outros.

É por isso, segundo a psicóloga Fernanda Borges, supervisora das ações da dengue na Prefeitura, que cada família deve cuidar do seu quintal mantendo-o livre de qualquer recipiente que possa acumular água. "As comunidades precisam se unir contra a dengue", afirmou.

Os sintomas da dengue são febre, dor de cabeça e no corpo e fraqueza. Também podem surgir manchas pelo corpo. Ao apresentar algum destes sinais, a pessoa deve procurar o Centro de Saúde o mais rápido possível.

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