Seminário capacita equipes para diagnosticar e tratar hanseníase

06/10/2005

A Secretaria de Saúde de Campinas promove nesta terça-feira, 4 de outubro, das 8h às 17h, no Sesi Amoreiras, seminário de atualização em hanseníase para a médicos e enfermeiros que atuam na rede pública municipal de saúde.

O evento, que também é etapa preparatória para a Campanha Estadual de Combate à Hanseníase - que acontece de 24 a 27 de outubro - tem como objetivo sensibilizar e atualizar as equipes sobre a situação epidemiológica, diagnóstico, tratamento da doença, prevenção de seqüelas e diretrizes de controle para este agravo no município.

Hoje, Campinas apresenta prevalência de 0,8 casos de hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes. Com relação ao diagnóstico, a cidade registrou, em 2004, 59 novos casos da doença. “Termos atingido a meta de prevalência de menos de um caso de hanseníase por 10 mil habitantes, conforme Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase do Ministério da Saúde, é muito positivo. Porém, se nós pensarmos que a prevalência de 1/10 mil numa cidade como Campinas significa cerca de 100 casos, eu diria que o trabalho precisa persistir nos próximos anos, até que tenhamos uma prevalência próxima de zero caso. Principalmente nas áreas que ainda apresentam prevalência alta, com populações mais carentes” explica André Ricardo Ribas de Freitas, médico sanitarista da Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde. 

Freitas informa que a cidade avançou nos últimos anos na cura e prevenção da doença, com a descentralização do acompanhamento dos portadores de hanseníase para toda rede básica, o que significa que, atualmente, todos os Centros de Saúde, Módulos de Saúde, equipes de Saúde da Família e agentes comunitários passaram a integrar a rede de atendimento aos pacientes, permitindo-lhes serem tratados no local mais próximo de onde moram.

No entanto, segundo o sanitarista, o município ainda tem como grande desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar os casos na fase inicial da doença e tratá-los com poliquimioterapia e a redução da carga social da doença, por meio da detecção precoce. “Nossos dados indicam que 10% das ocorrências são identificadas quando a pessoa já tem alguma seqüela. Um dos objetivos do seminário é sensibilizar as equipes para reverter este quadro”, diz.

Brasil

No Brasil, a prevalência da hanseníase foi calculada como de 1,7 caso por 10 mil habitantes, ao final de 2004. Mas apesar de o País estar próximo de atingir a meta na média nacional, a distribuição da hanseníase não é homogênea no território nacional. A Amazônia Legal, mais os estados de Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Piauí e Bahia apresentam maior magnitude da doença e concentram, em 206 municípios considerados prioritários, 72,4% da carga da doença no país.

Dados publicados em agosto de 2005 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) informam que entre os países ainda endêmicos - Angola, República Centro Africana, República Democrática do Congo, Índia, Madagascar, Moçambique, Nepal e Tanzânia - o Brasil ocupa o quinto lugar. Atualmente, Madagascar ocupa a primeira posição, com 2,4 casos por 10 mil habitantes.

Prioridade

Em março de 2004, o Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase (PNEH) foi reestruturado e alçado à condição de prioridade de gestão do Ministério da Saúde. Desde então, trabalha para o fortalecimento das ações que permitam alcançar a meta de eliminação, adotando novas estratégias que permitam a adequação do sistema de informações, com dados atualizados, válidos e confiáveis para todas as regiões do Brasil, e a ampliação da capacidade do SUS para diagnosticar e tratar os casos na fase inicial da doença.

Para o fortalecimento do PNEH, foi buscado o apoio técnico e operacional da Organização Pan Americana da Saúde (OPAS), do Movimento para Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (MORHAN), do ILEP (International Federation of Anti-Leprosy Association), da Pastoral da Criança, do Instituto Lauro de Souza Lima e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS).

Saiba mais

O que é a hanseníase:

É uma doença incapacitante, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen.

Como se pode contrair:

A transmissão da doença se dá pelas vias aéreas superiores pelo contato direto e prolongado com uma pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença, a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de bacilos, situação que é favorecida quando há contato prolongado com o doente que não esteja em tratamento que é o caso de contato familiar.

Como identificar os sinais da doença:

Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis ao calor e ao frio) na pele podem ser consideradas suspeitas de hanseníase. Nesse caso é necessário procurar um centro de saúde.

O tratamento:

É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser interrompido e, na maioria das vezes, dura seis meses. Nas primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam de infectar e, portanto, a doença deixa de ser transmitida.

Denize Assis

Volta ao índice de notícias