A
Secretaria de Saúde de Campinas promove nesta terça-feira,
4 de outubro, das 8h às 17h, no Sesi Amoreiras, seminário
de atualização em hanseníase para a médicos e
enfermeiros que atuam na rede pública municipal de saúde.
O
evento, que também é etapa preparatória para a
Campanha Estadual de Combate à Hanseníase - que
acontece de 24 a 27 de outubro - tem como
objetivo sensibilizar e atualizar as equipes sobre a
situação epidemiológica, diagnóstico, tratamento
da doença, prevenção de seqüelas e diretrizes de
controle para este agravo no município.
Hoje, Campinas apresenta prevalência de 0,8 casos de
hanseníase para cada grupo de 10 mil habitantes. Com
relação ao diagnóstico, a cidade registrou, em
2004, 59 novos casos da doença. “Termos atingido a
meta de prevalência de menos de um caso de hanseníase
por 10 mil habitantes, conforme Programa Nacional de
Eliminação da Hanseníase do Ministério da Saúde,
é muito positivo. Porém, se nós pensarmos que a
prevalência de 1/10 mil numa cidade como Campinas
significa cerca de 100 casos, eu diria que o trabalho
precisa persistir nos próximos anos, até que
tenhamos uma prevalência próxima de zero caso.
Principalmente nas áreas que ainda apresentam prevalência
alta, com populações mais carentes” explica André
Ricardo Ribas de Freitas, médico sanitarista da Vigilância
em Saúde da Secretaria de Saúde.
Freitas informa que a cidade avançou nos
últimos
anos na cura e prevenção da doença, com a
descentralização do acompanhamento dos portadores de
hanseníase para toda rede básica, o que significa
que, atualmente, todos os Centros de Saúde, Módulos
de Saúde, equipes de Saúde da Família e agentes
comunitários passaram a integrar a rede de
atendimento aos pacientes, permitindo-lhes serem
tratados no local mais próximo de onde moram.
No entanto, segundo o sanitarista, o município ainda
tem como grande desafio ampliar a capacidade do
Sistema Único de Saúde (SUS) para diagnosticar os
casos na fase inicial da doença e tratá-los com
poliquimioterapia e a redução da carga social da
doença, por meio da detecção precoce. “Nossos
dados indicam que 10% das ocorrências são
identificadas quando a pessoa já tem alguma seqüela.
Um dos objetivos do seminário é sensibilizar as
equipes para reverter este quadro”, diz.
Brasil
No
Brasil, a prevalência da hanseníase foi calculada
como de 1,7 caso por 10 mil habitantes, ao final de
2004. Mas apesar de o País estar próximo de atingir
a meta na média nacional, a distribuição da hanseníase
não é homogênea no território nacional. A Amazônia
Legal, mais os estados de Mato Grosso, Goiás,
Pernambuco, Piauí e Bahia apresentam maior magnitude
da doença e concentram, em 206 municípios
considerados prioritários, 72,4% da carga da doença
no país.
Dados publicados em agosto de 2005 pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) informam que entre os países
ainda endêmicos - Angola, República Centro Africana,
República Democrática do Congo, Índia, Madagascar,
Moçambique, Nepal e Tanzânia - o Brasil ocupa o
quinto lugar. Atualmente, Madagascar ocupa a primeira
posição, com 2,4 casos por 10 mil habitantes.
Prioridade
Em
março de 2004, o Programa Nacional de Eliminação da
Hanseníase (PNEH) foi reestruturado e alçado à
condição de prioridade de gestão do Ministério da
Saúde. Desde então, trabalha para o fortalecimento
das ações que permitam alcançar a meta de eliminação,
adotando novas estratégias que permitam a adequação
do sistema de informações, com dados atualizados, válidos
e confiáveis para todas as regiões do Brasil, e a
ampliação da capacidade do SUS para diagnosticar e
tratar os casos na fase inicial da doença.
Para
o fortalecimento do PNEH, foi buscado o apoio técnico
e operacional da Organização Pan Americana da Saúde
(OPAS), do Movimento para Reintegração das Pessoas
Atingidas pela Hanseníase (MORHAN), do ILEP (International
Federation of Anti-Leprosy Association), da Pastoral
da Criança, do Instituto Lauro de Souza Lima e do
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(CONASEMS).
Saiba mais
O que é a hanseníase:
É uma doença incapacitante, causada pelo bacilo
Mycobacterium leprae ou bacilo de hansen.
Como se pode contrair:
A transmissão da doença se dá pelas vias aéreas
superiores pelo contato direto e prolongado com uma
pessoa doente, não tratada. Para desenvolver a doença,
a pessoa deve aspirar uma grande quantidade de
bacilos, situação que é favorecida quando há
contato prolongado com o doente que não esteja em
tratamento que é o caso de contato familiar.
Como identificar os sinais da doença:
Manchas claras (esbranquiçadas) ou vermelhas e
dormentes (que não coçam e não doem e são insensíveis
ao calor e ao frio) na pele podem ser consideradas
suspeitas de hanseníase. Nesse caso é necessário
procurar um centro de saúde.
O tratamento:
É feito com ingestão de comprimidos. É simples e é
de graça em todos os centros de saúde. Não pode ser
interrompido e, na maioria das vezes, dura seis meses.
Nas primeiras doses do medicamento, os bacilos deixam
de infectar e, portanto, a doença deixa de ser
transmitida.
Denize Assis