Representantes
do Ministério da Saúde reuniram-se na manhã desta
terça-feira, dia 11 de outubro, em Campinas, com
gestores, profissionais da rede pública municipal de
Saúde e técnicos da Superintendência do Controle de
Endemias (Sucen), para avaliar as ações de controle
da dengue no município.
A
avaliação, que ocorreu após o acompanhamento de técnicos
do Ministério aos trabalhos em campo, faz parte do
plano de contingência para prevenir uma possível
epidemia de dengue no próximo verão. Além de
Campinas, outros 168 municípios brasileiros prioritários
para o controle da dengue também estão sendo
avaliados pelo Ministério.
Durante
a reunião, o engenheiro agrônomo Dalton P. Fonseca Júnior,
da Diretoria de Controle a Vetores do Ministério da
Saúde, elogiou o trabalho de vigilância epidemiológica
das equipes, a articulação da Secretaria Municipal
de Saúde com outros setores da Prefeitura, em
especial com o Departamento de Limpeza Urbana (DLU), e
a integração entre a rede, com ênfase para a relação
dos técnicos com os Distritos de Saúde, nas ações
de controle da doença.
"No
entanto, é preciso avançar ainda mais no controle do
vetor e nas ações de educação em saúde e comunicação
e mobilização social", disse Dalton. Ele
apontou, como um dos desafios no combate à doença, a
conscientização da população sobre a importância
da adoção de medidas para o controle do mosquito.
"Mudar o comportamento das pessoas é um processo
demorado e demanda muito empenho", afirmou.
A
enfermeira Salma Balista, diretora da Saúde Coletiva
da Secretaria de Saúde de Campinas, informou, após a
reunião, que o Ministério da Saúde, por meio da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e da Sucen,
tem feito um acompanhamento sistemático das ações
de Campinas no combate à dengue. "Este olhar
externo é fundamental porque ajuda a identificar
pontos que precisam ser melhorados", afirmou.
Salma
ressaltou que é importante que a equipe que faça
esta supervisão conheça a realidade e leve em conta
a complexidade de Campinas, município que reúne
fatores de risco para a doença. Segundo Salma, em
cidades do porte e perfil de Campinas, o mosquito da
dengue encontra condições favoráveis,
proporcionadas pela urbanização acelerada e mudanças
climáticas, além de intensa utilização de
recipientes descartáveis de plástico e vidro, para
se proliferar. Nesse cenário e na ausência de uma
vacina, há um consenso técnico de que não é possível
erradicar o mosquito.
"No
entanto, é possível mantermos um processo de
constante aperfeiçoamento do programa de combate à
dengue, de maneira a evitar a ocorrência de epidemias
e, principalmente, das formas graves, como a febre
hemorrágica", disse. Ela ressaltou que, além do
poder público, da Prefeitura, que pode fazer a
limpeza urbana, mobilizar a comunidade, técnicos e
agentes comunitários, a população pode colaborar
nas suas atividades domésticas e profissionais para o
controle do mosquito. "São medidas como vedar a
caixa d´água e não deixar água acumulada em pneus
e outros objetos, que podem servir como criadouro para
o mosquito, que contribuem para reduzir os riscos de
picos epidêmicos", disse.
Dados.
Em 2005, foram notificados 115 casos de dengue em
Campinas, sendo 94 autóctones – quando a pessoa é
infectada onde mora – de acordo com dados da Saúde
Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde. O município
registra transmissão do vírus da dengue há nove
anos consecutivos, com picos epidêmicos em 1998,
2001, 2002 e 2003, sendo que o maior número de casos
– 1,4 mil casos - foi registrado em 2002. Em 2003,
houve 450 confirmações e, no ano passado, 24.
Os
exames laboratoriais mostram a circulação do vírus
da dengue dos tipos 1, 2 e 3 nestes anos de epidemia,
sendo que em 2000 houve um óbito de dengue hemorrágico,
na epidemia de 2002 ocorreram 9 casos de dengue hemorrágico,
sem óbitos, e, em 2003, três casos de dengue hemorrágico,
um deles importado.
Denize
Assis