Projeto prevê implantação de 150 hortas na região do Campo Grande

27/11/2003

Bairro registra um dos mais altos índices de desnutrição infantil de Campinas

Por Sílvio Anunciação

O projeto Hortas Comunitárias Residenciais, parceria entre Prefeitura, comunidade e entidades, iniciou o trabalho de implantação de 150 hortas no bairro Campina Grande, com a participação direta de mais de 150 famílias da região. O projeto, instalado parcialmente há quatro meses no bairro, pretende oferecer aos moradores e suas famílias a possibilidade de melhorar não só a qualidade da alimentação diária, mas também complementar a renda familiar com a venda da produção excedente. O Campina Grande, localizado na região Noroeste, é um dos bairros mais populosos e carentes da cidade e possui altos índices de desnutrição infantil, segundo dados dos serviços de saúde da região.

Inicialmente, o projeto surgiu como iniciativa do agente comunitário de saúde João Cestari do Posto de Saúde da Família do Campina Grande (PSF) e foi iniciado quando o agente montou uma pequena horta nos fundos do próprio posto. Atualmente o projeto, que rapidamente chamou a atenção da comunidade atendida no posto, foi ampliado e já começou a formar dez grupos de famílias. Cada família será responsável pela implantação de uma horta e o projeto todo prevê a formação de 150 famílias do bairro.

Grande horta. "Nossa idéia é que essas hortas comunitárias residenciais despertem na população o desejo de instalar uma grande horta comunitária no bairro, que complemente a renda destas famílias", explica João Cestari. Para isso, o projeto conta com uma série de colaborações intersetoriais, entre elas o Posto de Saúde da Família de Campina Grande, o Coordenadoria Regional de Assistência Social Noroeste, o Distrito de Saúde Noroeste, a Administração Regional 13, além de Estagiários de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Campinas), do Departamento de Parques e Jardins (DPJ) e do Sindicato Rural de Campinas.

As hortas comunitárias residenciais são alternativas baratas e eficientes para uma população que, segundo o Posto de Saúde da Família do bairro, possui altas taxas de carência nutricional e doenças relacionadas à subnutrição. "O bairro tem um dos maiores índices de desnutrição infantil. Então começamos a reunir essas famílias para entregar a cesta básica e destacar, sempre, a importância de ter uma horta em casa. O pessoal dizia, porém, que a terra era fraca e era muito difícil plantar qualquer coisa. Daí eu fiz a horta no Centro de Saúde o que despertou interesse da população do bairro", explica João.

Funcionamento. O projeto de Hortas Comunitárias Residenciais será desenvolvido em etapas. Na primeira etapa, serão formados grupos de dez famílias, cada um deles responsável por 15 horta. O primeiro grupo, já formado, implantou 13 hortas. Outras famílias interessadas em formar novos grupos estão sendo cadastradas.

A intenção é de que as famílias que queiram participar do projeto façam inscrição em formulário próprio e se disponham a realizar as atividades de plantio e colheita das verduras e legumes. O projeto prevê ainda visitas domiciliares nas casas das famílias e uma reunião mensal sócio-educativa para discutir assuntos de interesse do grupo. "Pretendemos envolver toda a comunidade em projetos que visem a busca de formas alternativas para suprir a carência nutricional das famílias e propicie geração de trabalho e renda. Para isso contamos com o apoio técnico de algumas entidades e diversas secretarias da Prefeitura de Campinas", ressalta Cestari.

Trabalho e renda. Além de melhorar a alimentação, principalmente das crianças, o projeto busca uma série de outras alternativas para a comunidade. Entre elas, a geração de trabalho e renda, o envolvimento e a participação social em grupo e a discussão ambiental sobre a importância do desenvolvimento sustentável. "O objetivo final desse projeto é a formação de uma grande horta comunitária que permita geração de renda para a população do bairro", explica João Cestari.

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