A Prefeitura de Campinas,
por meio da Secretaria Municipal de Saúde, promove entre
hoje, 6 de novembro, e sexta-feira, 10, uma série de
atividades para marcar a Campanha Anual de Orientação e
Diagnóstico de Hanseníase.
Em todas as unidades de
saúde da rede pública as equipes vão desenvolver ações
de divulgação de sintomas da doença e de locais de
atendimento à população. Também vão ser distribuídos
folhetos e fixados cartazes em locais estratégicos.
Pessoas que moram ou moraram com pacientes, nos últimos
dez anos, vão ser convocadas para que procurem o centro
de saúde para avaliação.
Para preparar as equipes de
saúde para a campanha, a Secretaria de Saúde, por meio
da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa),
promoveu em 24 de outubro o
II Seminário Anual de Hanseníase. Na ocasião foram
abordados três temas principais: aspectos
epidemiológicos; diagnóstico e tratamento e prevenção de
incapacidades.
“As
capacitações e as campanhas de prevenção e diagnóstico
de hanseníase acontecem anualmente em Campinas e
integram os trabalhos do plano municipal de eliminação
da doença”, afirma o médico sanitarista André Ricardo
Ribas de Freitas, da Covisa.
Atualmente, Campinas apresenta taxa de prevalência
próxima de 0,6 casos de hanseníase para cada grupo de 10
mil habitantes, tendo atingido o índice de prevalência
de menos de um caso/10 mil habitantes, estabelecido pelo
Programa Mundial de Eliminação da Hanseníase da
Organização Mundial da Saúde, a OMS.
Em
março deste ano, Campinas recebeu certificado do
Ministério da Saúde por ter alcançado a meta de
eliminação desta doença enquanto problema de saúde
pública - a
hanseníase é considerada um problema de saúde pública
quando se tem a
prevalência de mais de um caso por grupo de 10 mil
habitantes. No Brasil, há 1,71 casos. O país ocupa o 6º
lugar no mundo em número de pessoas infectadas.
Mas
apesar de ter alcançado a meta, Campinas ainda tem como
grande desafio ampliar a capacidade do Sistema Único de
Saúde (SUS) para diagnosticar e tratar os casos na fase
inicial da doença. “Os dados de Campinas indicam que 10%
das ocorrências são identificadas quando a pessoa já tem
algum grau de incapacidade podendo evoluir com seqüelas.
Por isso, para se
chegar ao diagnóstico
precoce, um dos eixos da campanha é garantir que todos
as pessoas que tiveram contato intradomiciliar com
portadores da doença sejam examinadas”, diz André.
O sanitarista informa que
o SUS oferece todo o processo de diagnóstico e
tratamento da hanseníase na rede pública. A medicação é
completamente gratuita. A previsão de orçamento do
Ministério da Saúde para todo o país em 2006, para
financiar a eliminação da hanseníase, é de US$ 150 mil.
Saiba mais:
O que é?
A hanseníase é uma doença infecciosa causada por uma
bactéria (bacilo) que atinge a pele e os nervos. A forma
de contágio mais comum da doença é de pessoa para
pessoa, pela via aérea, por pessoas infectadas e que não
estejam em tratamento. Ao falar, tossir ou espirrar, o
portador da hanseníase pode expelir a bactéria.
Quais os sintomas?
Surgem manchas brancas ou placas avermelhadas na pele,
com clara alteração na sensibilidade ao calor e ao frio,
ou seja, no local das manchas não se sente dor. Há ainda
sensação de queimação e de dormência, formigamentos nas
mãos e pés, caroços ou inchaços na orelha e no rosto. O
que muita gente não sabe é que a doença tem cura. Com o
diagnóstico rápido, as possibilidades de cura sem
seqüelas são grandes. Se você tiver alguma dúvida ou
notar algum desses sinais procure um centro de saúde
perto da sua casa ou ligue no tele hansen: 0800-262001
Como tratar?
O tratamento é feito
facilmente com coquetéis de antibióticos. São três
comprimidos, durante seis meses a um ano, dependendo da
quantidade de bacilos e lesões que exista no paciente.
Desde a primeira dose do tratamento elimina-se, em
média, 90% da carga de bacilo causador da doença. Com
isso, reduz-se consideravelmente a possibilidade de
transmissão da doença. É importante que a medicação não
seja interrompida nem mesmo com a melhora dos sintomas.
O que o SUS tem feito?
O SUS Campinas trabalha em conformidade com o Programa
Nacional de Eliminação da Hanseníase que, a cada ano,
traça estratégias para chegar à eliminação da doença
como problema de saúde pública no Brasil. Para isso, o
primeiro desafio, segundo a Secretaria Municipal de
Saúde, foi constituir um bom sistema de informação no
município, capaz de registrar todos os novos casos, o
número de pessoas tratadas e a taxa de abandono do
tratamento. Diante dos dados, a estratégia adotada foi a
descentralização do atendimento, para que pudesse
colocar perto das pessoas o diagnóstico e o tratamento.
O terceiro desafio é chegar ao diagnóstico precoce na
tentativa de reduzir as incapacidades físicas
decorrentes da doença. Para isto, Campinas tem promovido
periodicamente a capacitação de pessoal da atenção
básica.
Denize Assis