Investigação de surto realizada pela Visa de Campinas é eleita a melhor na Expoepi 2007

27/11/2007

Autor: Denize Assis

Trabalho integrou um grupo de 36 selecionados inicialmente entre 350 inscritos de todas as regiões do Brasil. Como prêmio, a Secretaria Municipal de Saúde vai receber R$ 30 mil

O trabalho de Investigação de surto de toxiinfecção alimentar por Salmonella, desenvolvido pela Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, foi eleito como a melhor experiência na categoria ‘Investigações de Surtos Conduzidas pelas Esferas Estadual e Municipal do SUS: Prêmio Carlos Chagas’ durante a 7ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi) ocorrida em Brasília entre 21 e 23 de novembro.

A seleção rendeu um prêmio de R$ 30 mil para a Secretaria.

Promovida pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, a Expoepi reúne técnicos e especialistas nacionais e internacionais para discutir temas relevantes para a área de vigilância em saúde. É o maior espaço para troca de experiências entre gestores e técnicos que atuam na área de prevenção e controle de doenças em estados e municípios brasileiros.

O trabalho de Campinas foi desenvolvido pela Vigilância em Saúde (Visa) Sul em conjunto com a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), em agosto de 2006, durante um surto de toxiinfecção alimentar causado por Salmonella enteritidis, posteriormente confirmado mediante exames laboratoriais dos doentes e ovos usados na preparação de maionese caseira servida em um churrasco de confraternização.

O surto foi detectado por uma unidade de urgência de Valinhos que, imediatamente, notificou o caso ao plantão da Visa de Campinas. Do total de 25 convidados para o churrasco, foi aplicado inquérito coletivo de surto em 18 (72%), dos quais 16 adoeceram (88,8%), sendo 100% a taxa de ataque entre os adoeceram e ingeriram maionese. Uma pessoa morreu.

Foram colhidas amostras de fezes e sangue de oito doentes, incluindo material do caso de óbito, coletado pelo Instituto Médico Legal (IML).

A comissão da Expoepi considerou que a investigação teve vários aspectos positivos: rápida notificação do surto entre os serviços de vigilância municipais; integração entre vigilância epidemiológica e sanitária; coleta de material em tempo oportuno; e a possibilidade de educação em saúde, na forma como o risco de consumo de ovos crus foi abordado e difundido pela mídia local.

A experiência de Campinas integrou um grupo de 36 trabalhos selecionados inicialmente entre 350 inscritos de todas as regiões do Brasil. A seleção dos melhores relatos foi baseada nos seguintes critérios: relevância do tema, sustentabilidade, reprodutibilidade, impacto potencial para o serviço e para a saúde pública, adequação dos métodos empregados, apresentação dos resultados, conclusões e recomendações, caráter inovador e clareza e objetividade da apresentação escrita.

Para a enfermeira sanitarista Maria Filomena Gouveia Vilela, coordenadora da Vigilância Sanitária de Campinas, este trabalho e a premiação reforçam o quanto profissionais de saúde devem estar atentos para notificar qualquer agravo ou surto e o quanto a população também pode colaborar comunicando eventos relacionados ao consumo de alimentos/sintomas.

“Em situações como esta, quando mais de uma pessoa passa mal após consumir qualquer alimento, o caso deve ser informado o mais rapidamente possível à Vigilância em Saúde. A notificação é fundamental para a assistência aos pacientes e para a identificação do agente envolvido. A orientação vale tanto para os serviços de saúde, quanto para a própria comunidade”, diz.

O objetivo do trabalho da Vigilância em Saúde é proteger e promover a saúde, tanto no sentido de propagar informações que orientem sobre o preparo dos alimentos como no sentido de investigar e tratar casos associados a situações em que pessoas adoeçam após consumir alimentos. A coordenadora reforça que as pessoas não devem comer ovos crus ou alimentos sem procedência em hipótese alguma.

Vigiágua. Além deste trabalho, Campinas também participou com mais uma experiência entre as 36 selecionadas: Programa Vigiágua de Campinas: estratégias para a vigilância e controle na exploração de águas subterrâneas para consumo humano. O trabalho é desenvolvido desde 2006, por meio de convênio interinstitucional entre Sanasa e Secretaria Municipal de Saúde. O objetivo comum é oferecer água saudável à população de Campinas.

“É um prazer receber o reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pelas equipes da Vigilância em Saúde de Campinas e poder contribuir para construção coletiva da Vigilância em Saúde. Sem dúvida este prêmio representa muito para Campinas, reforça a qualidade técnica das equipes e é um estímulo como valorização pessoas dos técnicos”, diz a enfermeira sanitarista Salma Rodrigues Balista, diretora da Vigilância em Saúde de Campinas.

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