Simulado de queda de avião foi realizado nesta 5ª em Viracopos

01/11/2012

Autor: Alberto Dini

Cerca de 250 profissionais de diversas áreas participaram na manhã desta quinta-feira, dia 1º de novembro, no aeroporto de Viracopos, do Exercício Simulado de Acidente Aeronáutico Completo (EXEAC), organizado e realizado pela Infraero. O objetivo, segundo o gerente de segurança da Infraero, Samuel Conceição da Silva, foi de treinar equipes, organizações e moradores do entorno do aeroporto para atendimento de acidentes aéreos com vítimas.

A Prefeitura de Campinas esteve presente por intermédio das secretarias de Saúde, Comunicação e Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, além de Defesa Civil, CIMCamp, GM, Samu, Emdec, Setec, IMA e Pronto Atendimento São José. Participaram ainda Corpo de Bombeiros, policias Federal, Civil, Militar e Rodoviária e as concessionárias Autoban e Colinas além do Exército e do grupamento Águia.

O exercício consistiu no atendimento às vítimas da queda de um avião procedente de Brasília, por volta das 11h, com 99 pessoas a bordo, entre tripulação e passageiros, além de 3 mil litros de combustível. Menos de dez minutos após ser ateado fogo à maquete que fez as vezes de "avião", chegaram as primeiras equipes dos bombeiros da Infraero para combater as chamas.

Consecutivamente foram chegando as demais equipes envolvidas na operação. As "vítimas" foram acomodadas em lonas estendidas no chão. "Vítimas" fatais foram instaladas em lonas pretas. As demais lonas verdes, amarelas e vermelhas receberam respectivamente os feridos leves, médios e graves.

No que coube à Prefeitura, as viaturas do Samu encaminharam três das 25 "vítimas" ao Pronto Atendimento São José. Já duas das nove "vítimas" fatais foram levadas ao cemitério Conceição pelo serviço funerário da Setec.

Pronto-Atendimento São José

O Pronto-Atendimento (PA) São José montou uma estrutura especial para receber as "vítimas" da simulação do acidente aéreo. Foram abertos espaços para a colocação de leitos extras, disponibilizados quatro consultórios para atendimento, montadas salas de imprensa, de sutura e coordenação, além de uma entrada independente para as famílias das vítimas.

De acordo com a coordenadora do PA, Felícia Fogarolli, esse tipo de ação é importante para que os profissionais estejam preparados no caso de um acidente aéreo realmente acontecer. "Estamos muito próximos ao aeroporto e estamos sujeitos a esse tipo de ocorrência. Com o treinamento fica mais fácil", comentou.

A primeira vítima chegou ao PA São José por volta das 12h10, com uma fratura no braço esquerdo e escoriações pelo corpo. "Primeiro, checamos se o paciente tem dor. Se tiver, medicamos e depois mandamos para o raio-x. Caso haja necessidade de gesso, encaminhamos para o Mário Gatti", explicou a auxiliar de enfermagem do PA São José Kelly Fabiana Particelli.

A segunda paciente tinha escoriações por todo o corpo e estava bastante nervosa. "Na hora do socorro, fizemos os curativos e colocamos no soro. Também trabalhamos o psicológico da vítima enquanto íamos para o PA, onde ela passou por avaliação médica, exames e raio-x", disse o técnico em enfermagem do Samu, Júlio César Davi.

A terceira paciente chegou à unidade por volta das 12h20. Ela apresentava uma suspeita de fratura de fêmur e luxação no braço direito, sem risco de morte. A equipe da unidade prestou os primeiros atendimentos e, caso fosse real, encaminharia a mulher para um exame de raio-x para um diagnóstico mais completo.

Todo o trabalho foi acompanhado pelas equipes da Defesa Civil, que fotografaram e fizeram anotações sobre o atendimento prestado e o tempo da operação. Todo o processo, desde a chegada do aviso do acidente na unidade, a preparação das salas, dos espaços e a organização do espaço de atendimento foi acompanhado.

Samu mobilizou equipes

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do município mostrou, durante o EXEAC, a importância em atender com celeridade as ocorrências utilizando equipamentos de qualidade por profissionais altamente qualificados, comprometidos com a vida, ao prestar o socorro imediato às vítimas de desastres de qualquer natureza, disse o coordenador José Roberto Hansen.

Há 16 anos, o Samu participa de simulados de acidentes com múltiplas vítimas. Para o coordenador, "a simulação de hoje foi muito importante para integrar ainda mais as equipes de cada órgão envolvido para prestar socorro às vítimas de catástrofes ou desastres, respeitando o limite operacional de cada um e proporcionando maior celeridade ao atendimento" explicou Hansen.

Trinta e cinco profissionais entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas socorristas do Samu participaram do simulado na manhã desta quinta-feira. Para o rápido atendimento às "vítimas" foram deslocadas uma motolância e cinco ambulâncias, sendo uma delas equipada com medicamentos e todo material necessário para prestar socorro imediato a 100 pessoas, ainda no local do acidente.

Esta ambulância é a única da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e funciona como um posto de atendimento dando maior eficiência e agilidade na prestação do socorro às vítimas. Ela possui uma lona que permite fazer sombra ou proteger da chuva a equipe do Samu e o paciente; iluminação eficaz para atendimentos noturnos e água para assepsia quando necessário.

Enquanto estavam sendo socorridas, as "vítimas" receberam o Cartão Cramp, sigla com as iniciais dos exames realizados durante o atendimento (circulação, respiração, abdômen, motor e palavra). Por este cartão são registrados o estado da vítima desde o início do atendimento no local do desastre até o encaminhamento para os serviços de saúde que vão continuar o tratamento de acordo com a necessidade de cada um. Este cartão foi criado em 2000 pelo diretor do Samu.

Acompanhamento

No Gabinete do Prefeito, localizado no 4o andar do Paço Municipal, foi instalado um Centro de Gerenciamento de Desastres (CGD), onde os participantes dos setores envolvidos ficaram reunidos durante todo o simulado para discutir e avaliar as ações.

A função do CGD, no caso de um desastre real é concentrar e organizar as informações da ocorrência para que o prefeito, se necessário, assine a Declaração Municipal de Atuação Emergencial (Demarte), ou seja, declare situação de emergência na cidade, conforme Sidnei Furtado, diretor da Defesa Civil de Campinas.

Segundo o diretor, Campinas é a primeira cidade da região que cria um CGD para discutir amplamente uma situação de desastre. "Durante todo o simulado, contamos com as imagens em tempo real das câmeras da CIMCamp e pudemos acompanhar a movimentação do Samu, no PS São José e da Setec, no IML do Cemitério da Conceição", disse Furtado.

"Câmeras fixas com rotação de 360º e unidades móveis instaladas em viaturas, foram usadas para transmitir essas imagens em tempo real, que é um fator diferenciado para ajudar nas tomadas de decisão do prefeito em uma situação real de crise", avaliou Marcos Alves Ferreira, diretor da CIMCamp.

Ao término do exercício, Sidnei Furtado fez um balanço positivo do CGD do Gabinete do Prefeito. "Detectamos alguns potenciais que podem ser explorados e gargalos que precisam ser melhorados, como a interface com o aeroporto de Viracopos. Por isso precisamos discutir mais o Plano de Emergência", avaliou.

Tempo de resposta

"Os tempos de resposta dos recursos variaram de bons a excelentes, tanto interna - Infraero - quanto externamente - demais órgãos", afirmou Samuel da Silva. Segundo o gerente de segurança, nos próximos dias a Infraero vai realizar uma análise minuciosa dos tempos de resposta e dos demais aspectos da operação simulada. "Vamos checar tudo, verificar se houve falhas, corrigi-las e agregar as soluções aos nossos planos de emergência", explicou.

O gerente explicou que Viracopos já efetuou outros simulados de acidentes aeronáuticos em anos anteriores - como exigido dos aeroportos ligados à rede Infraero - mas nenhum tão completo como o desta quinta-feira. "Procuramos simular com o maior grau de realidade possível, com a finalidade de treinar equipes, organizações e pessoas", disse. Porém, nada se compara à situação vivida em um acidente real, explicou, com a experiência de quem já vivenciou os acidentes com os aviões da Transbrasil (1988) e da TAM (2007), dois dos piores já registrados na história da aviação brasileira.

Secretário elogia integração

O secretário-chefe de Gabinete, Alcides Mamizukam acompanhou toda a movimentação diretamente do Centro de Gerenciamento de Desastres (CGD) instalado no 4º andar do Palácio dos Jequitibás. "Foi o primeiro passo para a integração de todos os setores envolvidos no enfrentamento de um possível acidente aéreo", disse.

"Foi produtivo. Todos os setores envolvidos, como Setec, Samu, Defesa Civil, GM e outros acompanharam as atividades que foram transmitidas pelas câmeras da CIMCamp, instaladas em diversos locais, como o cemitério Conceição, o PA São José e nas viaturas da GM. Isso permitiu a experiência de gerenciar uma crise em tempo real diretamente do gabinete do prefeito", avaliou Mamizuka.

Colaboraram Diego Geraldo, Fátima Solange, Jaqueline Malta, Marianne Hartung e Marina Avancini

Fotos de Rogério Capela

Fotos de Luiz Granzotto

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