Oficina
desta quinta-feira vai propor a criação de uma rede de ajuda
que possa estimular o paciente a se manter em tratamento
Equipes de Saúde
da rede pública municipal, secretarias municipais, entidades
assistenciais, demais profissionais e lideranças comunitárias
que trabalham nas ações de controle da tuberculose, em
Campinas, participam nesta quinta-feira, dia 5, das 8h30 às
17h, no Hotel Nacional In, da oficina "Construção de rede
de ajuda".
A idéia do
evento, promovido pela Secretaria de Saúde de Campinas, é
integrar os diversos serviços e instituições para que possam,
além de acolher e apoiar, estabelecer vínculos que estimulem o
paciente a se manter em tratamento.
A tuberculose
é uma doença que tem cura. Apesar do tratamento ser gratuito e
de fácil acesso, Campinas registra 400 casos novos da doença a
cada ano. Dados da Secretaria de Saúde apontam que o número de
pacientes que abandonam o tratamento em Campinas caiu de 19% em
1995 para perto de 12% atualmente.
Quando o
paciente abandona o tratamento, ele pode adoecer novamente e
desenvolver uma forma mais resistente da doença, que não
responde aos remédios que eram usados anteriormente.
Além disso, é
provável que o paciente espalhe esta forma de tuberculose mais
forte e menos curável, conhecida como tuberculose resistente
aos medicamentos.
O índice de
mortes por tuberculose também tem diminuído em Campinas nos últimos
anos. Em 1995, 16% dos pacientes que iniciavam tratamento em
Campinas morriam. Atualmente, este índice caiu para 7%.
Desafio
Campinas,
apontada no Brasil como referência de município que consegue
evitar muitas mortes por tuberculose, tem como principal
desafio, atualmente, reduzir ainda mais o índice de pessoas que
abandonam o tratamento.
Na oficina
desta quinta-feira, esta questão, bem como a experiência
campineira no combate à tuberculose, denominada de Tratamento
Supervisionado Modificado, serão debatidas com profissionais de
saúde e de outras áreas de assistência. Vale ressaltar que
por meio do Programa Paidéia – Saúde da Família foi possível
estender este modelo de tratamento para todo município.
O evento terá
participação de representantes das áreas da saúde da criança,
da mulher, do adulto, da saúde metal, da Policlínica II, da
PUC-Campinas, do Centro Corsini, Hospital Municipal Mário Gatti,
Visas (Vigilâncias em Saúde), Hospital de Clínicas da
Unicamp, Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência),
Pastorais, Programa Municipal de DST/AIDS, Samin, Toca de Assis,
Criad (Centro de Referência Integral em Álcool e Drogadição)
e da Secretaria de Assistência Social.
O modelo de
Campinas
O Tratamento
Supervisionado Modificado, desenvolvido por Campinas, é uma
variação do Tratamento Supervisionado (DOT) proposto pela
Organização Mundial de Saúde, no qual o profissional de saúde
deve observar o paciente engolir a medicação contra a
tuberculose em, pelo menos, três visitas desde o início do
tratamento.
No modelo
proposto por Campinas, o paciente é acolhido, assistido e
estimulado por meio das visitas dos agentes comunitários de saúde.
Além disso, os profissionais trabalham para que o paciente
desenvolva autonomia no tratamento.
A grande
diferença do Tratamento Supervisionado Modificado, no entanto,
está na construção do vínculo entre pacientes e
profissionais da saúde e da assistência social.
A freqüência
dos contatos entre a equipe de saúde e o paciente é maior. Além
disso, são desenvolvidos projetos terapêuticos individuais e a
cidadania também é estimulada.
Incidência
A tuberculose
ainda persiste como importante problema de saúde pública em
Campinas onde são registrados perto de 400 casos novos da doença
por ano. A experiência do município aponta que, quando o
tratamento é auto administrado – feito pelo próprio paciente
–, a taxa de cura fica em torno de 50%. Quando o tratamento é
realizado com o apoio dos profissionais de saúde, este índice
sobe para perto de 75%.
O tratamento
com apoio feito pelos profissionais do Amda (Ambulatório
Municipal de DST/AIDS) aponta uma taxa de cura entre 95% e 100%.
Por isso, outro objetivo da Secretaria de Saúde é aumentar a
capacidade do ambulatório para que os profissionais de lá também
possam cooperar com a rede no tratamento dos portadores de
tuberculose.