A Secretaria de Saúde de
Campinas registrou em 2006 uma redução de 12,5% no
consumo do antiinflamatório diclofenaco de sódio em
relação ao ano de 2005. O medicamento, utilizado
para tratar quadros dolorosos de qualquer natureza,
é um dos mais consumido na rede pública de saúde do
município. A média mensal de consumo em 2005 atingiu
644.366 comprimidos. Em 2006, o consumo está em 570
mil/mês, sendo que a expectativa era de que o
consumo atingisse a média de 700 mil/mês neste ano.
“A única variável nova a que
podemos atribuir esta redução é a introdução da
acupuntura de Yamamoto, técnica que introduzimos no
Sistema Único de Saúde (SUS) de Campinas em 2005 e
tem sido ampliada na rede”, diz o médico
acupunturista William Hyppólito Ferreira,
Coordenador da área técnica da Saúde Integrativa de
Campinas.
A acupuntura de Yamamoto
consiste na aplicação agulhas de acupuntura na
região frontal e temporal (na testa e lateral da
cabeça) com a finalidade de proporcionar alívio
imediato da dor. Pode ser disponibilizada para
qualquer pessoa, exceto para aquelas com discrasia
sangüínea - pacientes que usam medicamentos que
comprometam a coagulação. Pessoas com diabetes,
hipertensão, obesidade e até gestantes podem se
beneficiar desta técnica.
Em Campinas, esta modalidade
de acupuntura está disponível no ambulatório do
Complexo Ouro Verde, região sudoeste, no Centro de
Referência em Reabilitação, região leste, e no
Centro de Saúde Integração, região noroeste.
Atualmente, 95 médicos da rede
pública municipal de saúde já se utilizam desta
técnica para o alívio da dor em seus pacientes. No
Brasil, Campinas e São Paulo são os únicos
municípios a disponibilizar acupuntura de Yamamoto
pelo SUS.
Segundo William, a utilização
de medicamentos para a redução dos quadros dolorosos
de qualquer natureza sempre foi motivo de
preocupação devido aos efeitos colaterais a longo
prazo, como gastrites, lesões hepáticas e renais.
O médico informa que o consumo
mensal de diclofenaco de sódio vinha crescendo ano a
ano em Campinas. Em 2003, o consumo foi de 534.336
comprimidos. Em 2004, atingiu 601.856 e, em 2005,
644.366.
“Era um consumo crescente
projetado para 700 mil em 2006. No entanto, notamos
uma redução de 74.336 comprimidos – 12,5% - em 2006
quando comparamos a 2005. “Não fizemos um estudo
científico, mas podemos inferir que a diminuição é
resultado do uso da técnica de Yamamoto”, afirma.
William agradece às
instituições envolvidas no projeto – Associação
Médica Brasileira de Acupuntura, Conselho Federal de
Medicina, Associação Paulista de Medicina, Sociedade
de Medicina e Cirurgia de Campinas – e aos
profissionais que aplicam a técnica nas unidades de
saúde para diminuir a dor de seus pacientes enquanto
realizam as hipóteses diagnósticas necessárias e os
tratamentos de cada patologia.
Histórico.
A dor, tanto aguda como
crônica, tem recebido atenção dos profissionais de
saúde há milênios. Hipócrates, na Grécia antiga, já
referia que aliviar a dor é uma obra divina. Nos
Estados Unidos, as pessoas com mais de 65 anos
representam 12% da população (maior do que a
população de adolescentes).
O aumento da sobrevida em
relação às doenças determinou um crescimento das
seqüelas dolorosas. Tomando como exemplo os casos de
câncer, a Organização Mundial de Saúde (OMS) mostra
números aproximados de 10 a 17 milhões de novos
casos/ano no mundo. Desses, aproximadamente 50% irão
a óbito. Cerca de 70% dos pacientes com câncer
sofrerão de dores crônicas, sendo 70% dos casos de
moderada a severa e 30% terrível. A OMS afirma que,
se devidamente tratados, mais de 90% terão suas
dores controladas.
Não existem dados precisos
para o Brasil, mas é possível usar dados da
literatura mundial que indicam a prevalência das
dores crônicas em aproximadamente 30% da população
em um país. Dados dos Estados Unidos mostram que 31%
da população têm dor crônica, o que representaria 86
milhões de norte-americanos (Panchal S. John Hopkins
Medical School. 2000).
Se usarmos estas estatísticas
como referência para o Brasil, teremos
aproximadamente 50 milhões de pessoas com dores
crônicas. Se a mesma regra for aplicada a Campinas,
teremos mais de 310 mil pessoas com dores crônicas.
Para saber mais sobre a
acupuntura de Yamamoto e a área de Saúde Integrativa
da Secretaria de Saúde de Campinas basta acessar o
endereço
www.campinas.sp.gov.br/saude
e clicar do lado direito em saúde integrativa.
Denize Assis