Saúde divulga informe técnico sobre investigação De provável surto de infecções pós-implante mamário

03/12/2008

Autor: Denize Assis

A Vigilância em Saúde de Campinas, por meio da Vigilância Sanitária, divulgou nesta terça-feira, dia 2 de dezembro, nota técnica para alertar profissionais de saúde sobre a ocorrência no município de casos de infecções pós-cirúrgicas por micobactérias de crescimento rápido.

Trata-se de sete casos confirmados de Mycobacterium fortuitum e outros dois casos em investigação relacionados a procedimentos estéticos de implante de prótese mamária. As ocorrências são de pacientes submetidas a cirurgias a partir de julho. No entanto, a primeira notificação chegou à Vigilância em Saúde (Visa) no início de novembro.

Imediatamente após a primeira notificação, a Visa iniciou investigação em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde - por meio do Grupo de Vigilância Epidemiológica XVII, Centro de Vigilância Sanitária (CVS) e Instituto Adolfo Lutz - e com o Ministério da Saúde - por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As equipes de Vigilância promoveram inspeção nas instituições envolvidas e avaliaram os prontuários de todos os pacientes submetidos a cirurgias de implante mamário nos respectivos locais. O objetivo é levantar dados referentes aos casos confirmados e realizar busca ativa de novas ocorrências.

Os pacientes com casos suspeitos e confirmados foram contatados, bem como os cirurgiões responsáveis, para esclarecimento das ocorrências e identificação de sinais, sintomas e possíveis fatores comuns. Os casos estão sendo acompanhados para que se saiba da evolução de cada um.

Outra medida é a avaliação do processo de trabalho e dos materiais e produtos utilizados – implantes e medidores -, além das condições dos distribuidores de implantes e de processamento dos itens envolvidos.

“Desde a produção até implantação, a investigação ocorre em todas as etapas do processo”, informa Márcia Beltramelli, da Vigilância Sanitária de Campinas. Segundo ela ainda não há evidências que apontem em que etapa do processo ocorreu a contaminação.

A Vigilância em Saúde também reuniu, logo após a primeira notificação, todas as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIHs) de instituições de Campinas e respectivos laboratórios para alertar sobre o caso, discutir prevenção e controle de micobactérias associadas a infecções relacionadas à assistência à saúde e orientar para notificação de todo caso suspeito. Também alertou para a ocorrência de casos em outros procedimentos invasivos, como cirurgias por vídeo, em outros municípios do País.

Em 2004, Campinas registrou surto de infecções pós-implante mamário pelo mesmo agente - Mycobacterium fortuitum. A partir deste evento, medidas para prevenção e controle de infecções por micobactérias de crescimento rápido vêm sendo desenvolvidas nos âmbitos federal, estadual e municipal. Em Campinas, a Visa tem trabalhado ativamente com as CCIHs.

Saiba mais. Mycobacterium fortuitum é uma bactéria do mesmo grupo dos microorganismos que causam a tuberculose e a hanseníase. No entanto o que a difere das outras do mesmo gênero é que tem desenvolvimento rápido. Nos últimos anos, tem havido relatos no País de infecção de Mycobacterium fortuitum de pacientes submetidos a procedimentos como cirurgias estéticas.

As infecções por Mycobacterium fortuitum causam, entre outros sinais e sintomas, processo inflamatório agudo com saída de secreção, formação de nódulos, eritema e edema. É potencialmente grave. O tratamento dura seis meses.

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