Atenção à Saúde

Área de Assistência
à Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa

DS

Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa - Descrição

Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa (TC) é uma modalidade de trabalho terapêutico criada pelo médico psiquiatra brasileiro Adalberto de Paula Barreto, da Universidade Federal do Ceará há cerca de 21 anos, e que neste momento (2009) expande-se no Brasil e em outros países, pelos evidentes benefícios que aporta quando adequadamente aplicada.

A TCSI trata de cuidar da saúde comunitária em espaços públicos, procurando acolher o sofrimento pessoal e social, tanto no plano individual quanto através do fomento às redes de apoio, convivência e solidariedade. Propõe-se a valorizar a prevenção ao adoecimento, sobretudo estimulando o grupo a usar de sua criatividade, re-significando o presente e futuro a partir de seus próprios recursos.

No livro “Terapia Comunitária passo a passo” BARRETO[1] a define como “um instrumento que nos permite construir redes sociais solidárias de promoção da vida e mobilizar os recursos e as competências dos indivíduos, das famílias e das comunidades. Procura-se suscitar a dimensão terapêutica do próprio grupo valorizando a herança cultural dos nossos antepassados indígenas, africanos, orientais e europeus, bem como o saber produzido pela experiência de vida de cada um”. Prossegue afirmando que “enquanto muitos modelos centram suas atenções na patologia, nas relações individuais, privadas, a TC nos convida a uma mudança de olhar, de enfoque, sem querer desqualificar as contribuições de outras abordagens, mas ampliar seu ângulo de ação”.

Assume como alicerces teóricos o pensamento sistêmico, a teoria da comunicação, a antropologia cultural, a pedagogia de Paulo Freire e a resiliência.

O livro enuncia a seguir as ampliações trazidas pela TC:

1.    Ir além do unitário para atingir o comunitário. Com a globalização, se avolumaram os desafios: drogas, estresse, violência, conflitos e insegurança. A superação desses problemas já não pode mais ser obra exclusiva de um indivíduo, de um especialista, de um líder e, sim de uma coletividade. A própria comunidade que tem problemas, dispõe também de soluções e, por conseqüência, torna-se instância terapêutica no tratamento e prevenção de seus males.

2.    Sair da dependência para a autonomia e a co-responsabilidade. Modelos que geram dependência são entraves a todo desenvolvimento pessoal e comunitário. Estimular a autonomia é uma forma de estimular o crescimento pessoal e o desenvolvimento familiar e comunitário. A consciência de que as soluções para os problemas provêm da própria comunidade reforça a autoconfiança.

3.    Ver além da carência para ressaltar a competência. O sofrimento vivenciado é uma grande fonte geradora de competência que precisa ser valorizado e resgatado no seio da própria comunidade, como uma forma de reconhecer o saber construído pela vida. Poder mobilizá-lo no sentido da promoção de vínculos solidários é uma forma de consolidar a rede de apoio aos que vivem em situações de conflitos e sofrimento psíquico.

4.    Sair da verticalidade das relações para a horizontalidade. Essa circularidade deve permitir acolher, reconhecer e dar o suporte necessário a quem vive situações de sofrimento. Isso proporciona maior humanização nas relações.

5.    Da descrença na capacidade do outro, passar a acreditar no potencial de cada um. Aprender coletivamente gera uma dinâmica de inclusão e empoderamento. Precisamos deixar de apenas pedir a adesão do outro às nossas propostas, para podermos estar a serviço das competências dos outros, sem negarmos a contribuição da ciência.

6.    Ir além do privado para o público. A reflexão dos problemas sociais que atingem os indivíduos sai do campo privado para a partilha pública, coletiva, comunitária. A ênfase no trabalho de grupo, para que juntos partilhem problemas e soluções e possam funcionar como escudo protetor para os mais vulneráveis, sendo instrumentos de agregações e inserção social. Nós afirmamos que a solução está no coletivo e em suas interações, no compartilhar, nas identificações com o outro, no respeito às diferenças. Os profissionais devem ser parte desta construção. Ambos se beneficiam – a comunidade gerando autonomia e inserção social e os profissionais se curando do “autismo institucional e profissional”, bem como de sua alienação universitária.

7.    Romper com o clientelismo para chegarmos à cidadania. O indivíduo deixa de ser objeto passivo de intervenção para se tornar um parceiro ativo e sujeito de sua história.

8.    Romper com o modelo que concentra informação para fazê-la circular. Resgatar o capital sócio-cultural do grupo e torná-lo co-autor das decisões e das políticas públicas.

Em 2008, mediante convênio da Universidade Federal do Ceará com o Ministério da Saúde, a TC é adotada como política pública e parte da estratégia da atenção básica. Desde então, os pólos formadores distribuídos nos estados da federação vêm capacitando servidores do Sistema Único de Saúde (SUS) nessa tecnologia que congrega hoje mais de 12.000 terapeutas comunitários no país.

Para saber mais sobre a Terapia Comunitária no Brasil e no exterior, vá à página da Associação Brasileira de Terapia Comunitária (ABRATECOM), e do Projeto 4 Varas este reportando às suas origens e ao programa que desenvolve em Fortaleza (CE).


[1] BARRETO, A. P. Terapia Comunitária passo a passo. 3ª ed. revista e ampliada. Fortaleza, CE: Gráfica LCR, 2008. 407p.

 

1. Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa

2. Terapia Comunitária em Campinas

3. Intervisão em Terapia Comunitária Sistêmica Integrativa

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