Saúde realiza ação educativa sobre febre maculosa no Real Parque

17/10/2014

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A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde (Visa) Norte, promoveu nesta sexta-feira, dia 17 de outubro, uma ação de educação, informação e mobilização social sobre febre maculosa no Real Parque. A atividade foi desenvolvida no local a partir de um caso de óbito confirmado pela doença em setembro deste ano.

Na ação desta sexta, técnicos da Vigilância em Saúde percorreram casas de 18 quarteirões do bairro, no entorno da área provável de contaminação, informando sobre a doença e as formas de evitá-la. Os moradores receberam folhetos com orientações sobre a necessidade de evitar o contato com a vegetação em locais com presença de cavalos e capivaras; medidas que devem ser adotadas no caso de parasitismo por carrapato estrela (Amblyomma cajennense), principal transmissor da doença para o homem; sintomas da febre maculosa; entre outras orientações.

Os técnicos também realizaram uma pesquisa de infestação de carrapatos em animais domésticos. A preocupação é que eles podem também se tornar hospedeiros do carrapato estrela, portanto, transmitir a doença aos humanos. “O cão pode ter dois tipos de carrapato, o estrela, que transmite a maculosa; e o carrapato do cachorro (Rhipicephalus sanguineus), que não transmite a doença”, explica o médico veterinário da Visa, Felipe Vita Pedrosa.

De acordo com Pedrosa, a ação de informação é de extrema importância. “A capivara, principal hospedeiro do carrapato estrela, transmissor da febre maculosa, é um animal silvestre e de vida livre. Portanto, não podemos abatê-la e estudos comprovam que esse controle não é eficaz. O mais importante é que as pessoas evitem essas áreas de infestação e, caso tenham contato com o carrapato, fiquem atentas e inspecionem o corpo a cada duas horas. É importante retirar o carrapato da forma correta em até seis horas”, explica.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, do Departamento de Vigilância em Saúde Municipal (Devisa), a região de Campinas é endêmica para a febre maculosa, doença que tem uma maior incidência nos meses mais secos. “Os sintomas iniciais podem incluir febre, dor de cabeça, dor muscular, náusea e vômitos. A apresentação clínica inicial é frequentemente inespecífica e pode assemelhar-se a muitas outras doenças. Portanto, é muito importante que o paciente informe o contato em área com possível infestação por carrapatos para que o médico possa pensar em febre maculosa brasileira”, explica Angerami.

No caso de sintomas, após exposição a carrapatos, o indivíduo deve procurar o mais rápido possível o serviço de saúde e informar que houve exposição. Os sinais iniciais são febre, dor de cabeça e no corpo e manchas avermelhadas na pele.

Esperança Lelis, vizinha da vítima fatal da doença no bairro, ouviu as orientações dos técnicos com atenção. “Não frequento aquela área e vou passar a olhar se há carrapatos no corpo, pois agora sei que até os passarinhos podem trazê-lo para casa”, disse a dona de casa.

Noel Alves, agricultor que mora à beira do córrego frequentado pelas capivaras, disse que é comum a presença das capivaras e dos carrapatos. “Acho excelente essas orientações, porque a gente não conhece os sintomas. Agora, toda vez que tiver febre alta e dores no corpo, vou avisar o médico que moro em área com presença das capivaras, além de ficar mais atento e procurar carrapatos no corpo”, disse o morador.

Para os profissionais de saúde, a orientação é que todos estejam atentos aos sintomas, para diagnóstico e tratamento precoces, e que façam diagnóstico diferencial também da doença meningocócica, que tem maior incidência nesta época do ano.

Números

Em 2014, Campinas registrou três casos de febre maculosa, dois autóctones, contraídos no próprio município, e um importado. Todos foram a óbito. As ocorrências foram entre agosto e setembro. Em 2013, foram confirmados 8 casos de febre maculosa, com 3 óbitos. Em 2012, foram 6 casos com 3 óbitos.

Orientações para remover o carrapato

Com auxílio de pinças, segurar o carrapato pela extremidade em que ele se fixa na pele e fazer movimento lento, mas firme, para retirá-lo (evitar segurá-lo pelo meio do corpo).

Na ausência de pinças, isso pode ser feito com as mãos protegidas por luvas ou mesmo papel higiênico. Evite fazê-lo com as mãos desprotegidas, mas caso não haja outra opção é melhor retirá-lo mais rapidamente do que aguardar as condições ideais.

Após ter removido o carrapato, desinfete o local da picada e lave as mãos com sabão e água. Não espremer, nem esmagar o carrapato, porque seus líquidos podem conter bactéria (Ricketsia rickettsii). A pele exposta acidentalmente aos líquidos do carrapato pode ser desinfetada com álcool ou com lavagem com água e sabão.

Em casos de infestação intensa, principalmente pelas larvas (micuim), que são dificilmente visíveis, o uso de sabonete à base de deltametrina pode ser mais eficaz do que a retirada manual um a um. Nunca queimar com fósforo ou por gelo ou outras alternativas, elas podem, na verdade, estimular a liberação de líquidos contaminados (linfa) pelos carrapatos.


Crédito: Fernanda Sunega
Ação ocorrida na sexta-feira, no Real Parque


Crédito: Fernanda Sunega
Folhetos foram distribuídos para a população


Crédito: Fernanda Sunega
Foram dadas orientações sobre como remover carrapato


Crédito: Fernanda Sunega
Profissionais abordaram população no porta a porta

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