LER/DORT afetou mais de 560 trabalhadores campineiros em três anos

27/02/2015

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No próximo dia 28, comemora-se o Dia Internacional de Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT). Esse conjunto de doenças já afetou mais de 560 trabalhadores campineiros de janeiro de 2012 a fevereiro de 2015, de acordo com o Sinan (Sistema Nacional de Agravos de Notificação).

 Em Campinas, para lembrar a data, o Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (Cerest) está divulgando informações sobre os males, ensinando a prevenção. O Centro também alerta os trabalhadores e a sociedade que o trabalho pode levar a doenças.

LER/DORT é o termo utilizado para designar um conjunto de agravos que afetam músculos, nervos, tendões e ligamentos e ossos, em geral nos membros superiores, causados por trabalho onde a exigência de movimentos e esforços ultrapassa a capacidade natural de regeneração do corpo.

Em Campinas, dos trabalhadores afetados pelas doenças, 55% são homens e 44%, mulheres. Os transtornos dos tecidos moles, tais como tendinites, bursites, epicondilites e as dorsopatias (doenças na região das costas) constituíram 92% dos diagnósticos. Destes, aproximadamente 40% são trabalhadores do setor metalúrgico e os demais estão distribuídos nos setores de alimentação, teleatendimento, educação, saúde e prestação de serviços.

De acordo com o coordenador do Cerest Campinas, Alexandre Polli Beltrami, esses números não refletem a realidade. “Os dados da Previdência Social, também insuficientes, aproximam-se um pouco mais do que ocorre no dia a dia dos trabalhadores. No período de 2000 a 2009 foram concedidos, em Campinas, 6.506 benefícios de espécie acidentária por doenças que se enquadram nas LER/DORT. Destes, 6.370 foram afastamento por doença ou aposentadoria por invalidez e o restante, indenizações por incapacidade parcial permanente”, conta.

Dos 5.574 benefícios concedidos pela Previdência Social por doenças ocupacionais no Estado de São Paulo em 2012, pelo menos72% foram por CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) enquadráveis como LER/DORT.

Competição e medo

Beltrami ressalta que conhecer os riscos envolvidos na atividade que se desenvolve é o primeiro passo para a prevenção de doenças e acidentes de trabalho. As pessoas mais propícias a desenvolver tais agravos são as que realizam movimentos repetitivos, que tiveram sua rotina intensificada, que exercem suas atividades num ritmo rápido e/ou que trabalham em ambientes profissionais organizados com base em competição e medo.

“A dor pode ficar presente durante anos, até que apareça alguma alteração num exame complementar. Alguns pacientes passam por situações de descrédito; recebem atendimento de pessoas que não valorizam os quadros iniciais e deixam de agir quando o problema ainda pode ser tratado. Nas situações mais graves, o sofrimento do trabalhador, que poderia ter sido evitado, pode levá-lo à incapacidade permanente para o trabalho, com necessidade de tratamento de saúde constante, onerando a Previdência Social, o SUS e toda a sociedade”, diz.

O coodenador explica que, por outro lado, a avaliação adequada e o diagnóstico precoce aumentam as chances de cura e diminuem o risco da lesão se tornar grave. “Por isso é importante que tanto os trabalhadores quanto os profissionais de saúde estejam informados sobre os sintomas, prevenção e tratamento”, alerta Beltrami.

O Cerest atende hoje os casos mais complexos de LER, que são direcionados à unidade. Mas a porta de entrada para o diagnóstico e tratamento são os Centros de Saúde de município, onde o clínico geral ou o médico da família irão realizar a avaliação diagnóstica e instituir o tratamento inicial.

Sobre o Cerest

No dia 20 de fevereiro, o Cerest de Campinas completou 28 anos de existência, sendo um dos centros de referência do trabalhador mais antigos do Brasil a olhar para as doenças relacionadas ao trabalho. Realiza atenção integral à saúde dos trabalhadores de Campinas e outros oito municípios da região, atuando na vigilância, assistência e educação em saúde do trabalhador.

O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Campinas está localizado na Av. Prefeito Faria Lima, nº 680, Parque Itália. Telefones (19) 3272-1292 / 3272-8025

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