Esquema especial garante atendimento qualificado a pacientes de dengue

23/03/2015

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Com provisão de recursos humanos, de insumos e medicamentos, além de alas exclusivas e salas de hidratação em alguns centros de saúde (medida que poderá ser estendida para outras unidades, caso necessário), a Prefeitura de Campinas, por meio da Secretaria de Saúde, preparou a rede pública municipal para garantir atendimento qualificado a todos os pacientes com dengue. 

Nas unidades de Pronto Atendimento e no Pronto Socorro do Ouro Verde, por exemplo, o atendimento é diferenciado para pacientes de dengue. Além do horário ampliado do Laboratório Municipal de Análises Clínicas, profissionais de saúde foram capacitados para o atendimento. 

“Fundamental, neste momento, é qualificar a assistência no sentido da preservação de vidas. Dengue é uma doença benigna e grande parte das mortes pode ser evitada”, ressalta o médico hematologista e Secretário de Saúde de Campinas, Carmino Antônio de Souza. 

O esquema especial de atendimento estabelece que cada paciente identificado com quadro de febre durante a classificação de risco é encaminhado para uma investigação mais detalhada dos sinais vitais. Nesta investigação, realizada por uma equipe de enfermagem, a pressão arterial do paciente é aferida nas posições sentado e de pé. O exame é fundamental para identificar se há uma alteração da pressão, com alerta para risco de dengue e/ou outras infecções. 

Além disso, na região Sul, que tem a maior incidência de casos, as unidades do Jardim Fernanda, Campo Belo e São Domingos organizaram um fluxo de atendimento diferenciado, com porta de entrada exclusiva para dengue, todos os dias da semana. 

“Avaliamos semanalmente o número de atendimentos dos locais e, quando necessário, montamos imediatamente esta porta exclusiva. Mas em todas as nossas unidades, os pacientes com sintomas de dengue são priorizados”, explica Mônica Macedo Nunes, diretora de Saúde de Campinas. 

Os pacientes que procuram os Centros de Saúde do Jardim São Marcos, Santa Bárbara, Aurélia e Anchieta (região Norte) também já contam com esse atendimento exclusivo. Na região Noroeste, as unidades do Ipaussurama, Balão do Laranja e Integração deslocaram equipe para estes atendimentos. 

Na região Leste, os Centros de Saúde Costa e Silva, Taquaral e Sousas têm equipe voltada para dengue. As unidades do Jardim Santa Lúcia, Dic I, Dic III, Vista Alegre, Aeroporto, Capivari e Santo Antônio (todas na região Sudoeste), também lançaram mão deste recurso. 

Desde 14 de março, aos sábados, alguns Centros de Saúde estão mantendo atendimento prioritário para dengue. São unidades localizadas em áreas estratégicas, conforme a situação epidemiológica da doença, como São Quirino (Leste), das 7h às 13h; Aurélia (Norte), das 7h às 13h; Vila Ipê e São José (Sul), o primeiro das 7h às 18h e, o segundo, das 7h às 13h. Também devem acionar este esquema especial aos sábados os CSs Valença e Florence (Noroeste), caso necessário. 

“Os coordenadores das Unidades de Saúde estão orientados a liberar horas extras para os profissionais quando necessário, além de terem reorganizado os períodos de férias para que não coincidam com o pico da curva epidêmica, que ocorre nos meses de março, abril e maio”, informa Mônica. 

De acordo com o diretor de RH da Secretaria de Saúde, Agnaldo Queiroz, houve a possibilidade de ampliação de horas extras para os funcionários da atenção básica (Centros de Saúde), de 60 para 84 horas extras, ou seja, 24 horas a mais para cada profissional. “Também estamos estudando, junto à Secretaria de Recursos Humanos, outras medidas que permitam a ampliação de horas”, explica Queirós.

Para garantir que os resultados dos hemogramas (exames de sangue), essenciais para o acompanhamento do paciente, sejam entregues no mesmo dia, o horário de funcionamento do Laboratório Municipal também foi ampliado em 2 horas. Além disso, desde o início de março, as amostras que antes eram recebidas até as 14 h, agora chegam até as 19 h.

 “Neste período, tivemos um aumento de 850 para 1,6 mil hemogramas de casos de dengue por dia. O laboratório tem sido um grande e importante suporte ao enfrentamento da doença”, afirma o coordenador técnico do Programa Municipal de Controle da Dengue e Chikungunya, o médico epidemiologista André Ribas Freitas.

 A Secretaria de Saúde também fez previsão de compras que permite a aquisição de um volume até 50% maior do que no ano de 2014. “Baseados no ano passado, fizemos uma projeção para que não sejam necessárias as compras emergenciais de insumos, como soro”, explica Marcos Ferreira, diretor administrativo. 

Capacitação

A Secretaria de Saúde informou ainda que, além do esquema especial de logística de atendimento, as equipes foram capacitadas para o atendimento aos casos. 

Este esquema de organização do atendimento em Campinas tornou-se referência no Estado de São Paulo. Tanto que, no dia 10 de março, foi realizada pelo CVE (Centro de Vigilância do Estado), com apoio do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) de Campinas, uma Teleconferência sobre "Organização da Assistência na Atenção para Enfrentando da Epidemia Dengue” com ênfase aos aspectos logísticos, de planejamento e importância da equipe de enfermagem na assistência ao paciente com Dengue. 

O evento teve audiência recorde que foi estimada em cerca de 5,5 mil profissionais de saúde e permitiu interação com perguntas através de e-mail e pode ser acessado de forma remota em qualquer município do Brasil através do endereço eletrônico http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/cve_video.htm. 

Para Freitas, é fundamental qualificar o atendimento para que os profissionais de saúde estejam mais sensíveis, mais atentos e conheçam todos os sinais de alerta. “Avaliação clínica adequada, incluindo aferição de pressão em duas posições, e exames simples como hemograma e dosagem de albumina possibilitam identificar sinais de gravidade com precocidade, tratar e acompanhar o paciente reduzindo a letalidade da dengue”, diz.


Crédito: Arquivo PMC
Atendimento a casos de dengue é diferenciado no Hospital Ouro Verde

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