Um olhar sobre a Reforma Psiquiátrica

08/09/2005

“A fotografia como detonadora de memória de velhos moradores de manicômios” é o tema do artigo do Presidente do Conselho Deliberativo do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, Reginaldo Moreira. Esse artigo é resultado da tese de mestrado apresentada na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) pelo Departamento de Gerontologia. Ele será apresentado no dia 9 de Setembro, no XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom) que será realizado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O artigo busca revelar a fotografia como um importante instrumento no processo de rememoração de idosos com transtornos mentais, que viveram grande parte de suas vidas no interior de manicômios brasileiros, e atualmente moram do Cândido Ferreira. Ao descrever esse projeto o autor pretende mostrar a relação da fotografia com esses idosos, seu papel e sua importância na vida dessa parcela da população. O artigo também visa comparar através dos registros em imagens, o período anterior à Reforma Psiquiátrica - de 1924 a 1989 - e pós implementação dessa reforma - 1990 a 2005 - apoiado em depoimentos desses idosos.

A pesquisa acadêmica buscou reconstruir a memória institucional, focando o envelhecimento das pessoas, usuárias deste serviço, fazendo submergir da Memória Marginal à Memória Coletiva de Campinas e do Brasil, esta faceta excluída dos registros históricos.  

Essa é a primeira vez que os idosos do Cândido Ferreira são protagonistas de uma pesquisa acadêmica e, principalmente, co-autores de um trabalho que busca rememorar a instituição e suas transformações no decorrer da Reforma Psiquiátrica. 

Cândido Ferreira: Convivendo com as diferenças

A entidade filantrópica Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira foi fundada em 1924 para tirar os "loucos" dos porões das Cadeias Públicas de Campinas. Localizado em Sousas, Campinas, o Cândido Ferreira, desde 1993, é considerado referência no tratamento de saúde mental no Brasil, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A instituição trabalha em co-gestão com a Prefeitura Municipal de Campinas, parceria que viabilizou o processo de humanização das formas de cuidar da saúde mental que dura até hoje. Portas foram abertas, grades foram retiradas, foram abolidos o uso da camisa de força e a aplicação do eletrochoque. Os tratamentos passam a se dar buscando a reinserção social dos usuários na vida familiar e comunitária.

O “Cândido” atende um público de aproximadamente 1 mil usuários por mês. Hoje, a entidade conta com várias frentes de tratamento psicossocial através das unidades: Núcleo de Atenção à Crise, Núcleo de Atenção a Dependentes Químicos, três Centros de Atenção Psicossocial (Caps Estação, Caps Toninho e Caps Esperança), Núcleo Clínico, Núcleo de Oficinas e Trabalho que oferece vagas em 12 oficinas artesanais, Centro de Convivência e Arte, Espaço 8 Ateliê (ateliê de arte do serviço) e Centro Cultural Cândido-Fumec, que oferece alfabetização, convivência social e cultura, não só aos usuários de saúde mental das regiões onde atua como também às comunidades locais;  

O principal objetivo do Cândido Ferreira é a desospitalização, a participação social dos usuários e o respeito ao direito à convivência dos diferentes.  

Os usuários do serviço tratam de seus problemas trocando, reciclando, criando, compondo, trabalhando... enfim aumentando a qualidade de vida. Esse projeto possibilita a reabilitação para o trabalho viabilizando o resgate da cidadania, ampliando a autonomia, auto-estima, convivência e capacidades dos usuários participantes.

Fernanda de Freitas  
Assessora de Comunicação
Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira
3758-8615 - 7802-3487

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