No
dia 3 de setembro
(sexta-feira), o
programa de rádio MALUCO BELEZA, produzido e apresentado pelos usuários do Serviço
de Saúde Dr. Cândido Ferreira, será apresentado no grupo de rádio
e mídia sonora da Intercom
(Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação),
congresso sobre Comunicação que acontece anualmente e que neste
ano terá como sede a cidade de Porto Alegre/RS. É a primeira vez
que o Maluco Beleza será apresentado num congresso científico,
através de seu idealizador e diretor, de sua parceira - a Rádio
Educativa FM, e de um representante do grupo de usuários do serviço,
que realiza o programa.
O
trabalho foi desenvolvido pelos jornalistas Ivete Cardoso do Carmo
Roldão, docente da faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas e
diretora da Rádio Educativa FM - emissora pública do município
de Campinas, e Reginaldo Moreira, docente da faculdade de
Jornalismo da PUC-Campinas, mestrando em Gerontologia na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultor da
assessoria de comunicação do Cândido Ferreira.
"MALUCO
BELEZA - Um programa pra quem tem a cabeça no lugar"
O
programa Maluco Beleza é resultado da parceria entre os usuários
do Cândido Ferreira — por meio da assessoria de comunicação
— com a Rádio Educativa, emissora que viabilizou o projeto e
que tem possibilitado a propagação de vozes há muito tempo
excluídas da convivência social e da possibilidade de
se colocar perante seus semelhantes.
O
Maluco Beleza é um jornalístico que vai ao ar todo dia 10, às
10h (com reprise às 22h), nos 101,9 mhz-FM, uma concessão da
Prefeitura Municipal de Campinas que está sob a coordenação da
Secretaria Municipal de Cultura, Esportes e Turismo. A proposta do
trabalho, concebido entre o grupo de usuários "Jornalistas
do Cândido" e a equipe da assessoria de comunicação do Cândido,
é trabalhar um tema mensalmente, escolhido pelo próprio grupo.
Os temas se baseiam nos direitos humanos, saúde mental e em todos
os assuntos que permitam a relação com o lugar dos usuários em
sociedade. De acordo com Reginaldo Moreira, diretor do programa, o
principal objetivo do programa é desmistificar a loucura na
sociedade e servir de instrumento de transformação da opinião pública,
possibilitando assim a diminuição do preconceito e da exclusão
social em relação aos portadores de transtornos mentais.
O
jornalístico tem a duração de uma hora e leva aos ouvintes um
programa composto por quadros que incluem entrevistas, enquetes
realizadas nos espaços públicos da cidade, análise de notícias,
imitações, músicas, recados, depoimentos, entre outros. A
irreverência e o questionamento a respeito da loucura e da
normalidade na atual sociedade fundamentam o trabalho e dão o tom
diferencial ao programa. O tema e as pautas são definidos em
reuniões com o grupo de "jornalistas", formado por
aproximadamente vinte usuários do Cândido, que elaboram,
produzem e gravam o programa.
Em
quase dois anos e meio de programa, diversos temas foram abordados
como "Luta
Antimanicomial, "Drogas", "Tolerância e Convivência
com as Diferenças", "Stress e Qualidade de Vida",
"Saúde e Violência", "Eleições e
Cidadania", "Meio Ambiente", "Aids",
"Guerra entre EUA e Iraque", "Carnaval", entre
outros. Um dos pontos mais altos do Maluco Beleza foi a produção
de um programa especial sobre o Fórum Social Mundial. Para
desenvolver o programa, parte do grupo de "jornalistas"
esteve em Porto Alegre/RS e fez a cobertura do evento devidamente
credenciada como equipe de mídia alternativa, com acesso às
salas de imprensa e equipamentos. Isto foi, segundo Reginaldo
Moreira, a confirmação da importância do trabalho do grupo, que
acabou produzindo jornalismo comunitário de qualidade e
contribuindo para a democratização da comunicação.
O
Serviço de Saúde “Dr. Cândido Ferreira” é considerado como
referência no tratamento de saúde mental no Brasil, desde 1993,
pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A parceria com a
Prefeitura Municipal de Campinas, através de um convênio de
co-gestão firmado desde 1990, tem viabilizado a transformação
nas formas de cuidar do portador de transtorno mental. Com a
desospitalização, os portões foram abertos, foram abolidos a
aplicação do eletrochoque e o uso da camisa de força e os
tratamentos passaram a se basear no respeito aos direitos dos
pacientes. Hoje, eles tem a possibilidade de fazer tratamento fora
do espaço hospitalar, através dos CAPS implantados em várias
regiões do município de Campinas, próximo aos locais onde
residem - o que contribui para a reinserção social e familiar
desses cidadãos.