Saúde elabora projeto para combater escorpiões na região Sudoeste

16/01/2003

Iniciativa inclui uma reforma sanitária na escola Caic, que já foi entregue à direção do estabelecimento

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio do Distrito de Saúde Sudoeste, está elaborando um projeto de intervenção para combater escorpiões e prevenir acidentes ocasionados por estes animais peçonhentos numa área que vai da Vila União até o Jardim Amália, passando pelos bairros Jardim Ieda e Novo Campos Elíseos, região Sudoeste de Campinas.

A idéia é trabalhar com educação sanitária junto à população, o que inclui orientar os moradores para que adotem medidas como colocação de barreiras físicas em condomínios de apartamentos e isolamento da rede de esgoto. A iniciativa foi motivada com base em um levantamento entomológico feito pelo Distrito Sudoeste, que apontou alta incidência desses aracnídeos naquela área. A faixa é chamada de cinturão de escorpiões.
A ocorrência se explica pelas condições favoráveis do lugar, constituído por solo arenoso e úmido. Segundo Claúdio Castagna, médico veterinário da Secretaria de Saúde de Campinas, isso favoreceu a proliferação da espécime na rede de esgoto da Sanasa.

E, de acordo com ele, essa adaptação à rede de esgoto é uma situação inusitada. "Até então, tinha-se como certo que o escorpionismo nas cidades era um problema de peridomicílio, ocasionado pelo acúmulo de entulhos", explica o veterinário. Ele informa também que a infestação em condomínios naquela faixa chega até o terceiro andar dos edifícios.

Reforma Sanitária - As infestações mais importantes naquela região foram verificadas no prédio do antigo Inocop e na escola Caic, localizados na Vila União. Na escola, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Obras, fez um projeto de reforma sanitária e a proposta já foi entregue à direção da escola.
No local, foram encontradas as espécies amarela e marrom. Há poucos relatos de acidentes na região. Somente seis foram notificados à Vigilância Sudoeste em 2002. Porém, Cláudio Castagna argumenta que, seguramente, o número tende a ser muito maior do que o que foi informado ao serviço.

A gravidade dos acidentes com pessoas picadas por escorpião varia de acordo com vários fatores. O local da picada, quantidade de veneno injetado, bem como a idade e peso da vítima podem fazer a diferença. O veneno tem ação neurotóxica. Isto quer dizer que a substância atua principalmente no sistema nervoso. Provoca dor intensa e pode até matar.

Os acidentes mais freqüentes variam de leves a moderados. Nos casos graves, além da anestesia local, o paciente recebe soro antiescorpiônico. O soro aplicado para o tratamento é feito do próprio veneno do escorpião. Para produzir um litro de soro é necessário extrair a substância de 3 mil escorpiões.
De acordo com o médico veterinário, há muito tempo não se registra acidente grave na região Sudoeste da cidade. Ele ensina que todas as pessoas que moram na faixa de risco devem isolar a residência do esgoto e instalar barreiras físicas. Isso pode ser feito pela substituição dos ralos comuns por ralos metálicos tipo abre-fecha e colococação de redinhas nos ralos das pias.
Ele coloca, ainda, que os espelhos de interruptores que tiverem rachados ou abertos, bem como os pontos de luz do teto, devem ser vedados ou substituídos. Os escorpiões também se difundem pelos conduítes de rede elétrica.

Cuidados - Para prevenir a ocorrência de escorpiões, as pessoas devem conservar os arredores da casa livres de todo tipo de entulho, telha ou tijolos. É muito freqüente o transporte desses animais peçonhentos em pilhas de móveis e materiais de construção ou madeira, principalmente se forem levados de chácaras para a cidade.
Por isso, segundo Cláudio, a pessoa deve fazer a carga peça por peça e se proteger com luva para manipular os objetos. O veterinário ressalta que nenhum inseticida tem o poder de matar de escorpião.

O médico veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Secretaria de Saúde de Campinas, acrescenta que Campinas tem uma incidência importante de escorpiões em todas as cinco regiões do município.

Alguns locais, pelas características favoráveis, como tipo de solo e clima, registram uma população maior. É o caso do Centro e de alguns bairros da região Norte. Segundo Luiz Henrique, de novembro a março, período de reprodução destes animais, aumentam as reclamações por parte da população sobre o aparecimento de escorpiões.

Em casos de acidentes, as pessoas devem procurar Centro de Saúde ou o Distrito de Saúde da sua região. O Centro de Controle de Zoonoses também pode ser acionado pelo telefone 3245-7181 e 3245-2258 para orientar quanto à prevenção.

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