Iniciativa
inclui uma reforma sanitária na escola Caic, que já foi
entregue à direção do estabelecimento
A Secretaria de
Saúde de Campinas, por meio do Distrito de Saúde Sudoeste, está
elaborando um projeto de intervenção para combater escorpiões
e prevenir acidentes ocasionados por estes animais peçonhentos
numa área que vai da Vila União até o Jardim Amália,
passando pelos bairros Jardim Ieda e Novo Campos Elíseos, região
Sudoeste de Campinas.
A idéia é
trabalhar com educação sanitária junto à população, o que
inclui orientar os moradores para que adotem medidas como colocação
de barreiras físicas em condomínios de apartamentos e
isolamento da rede de esgoto. A iniciativa foi motivada com base
em um levantamento entomológico feito pelo Distrito Sudoeste,
que apontou alta incidência desses aracnídeos naquela área. A
faixa é chamada de cinturão de escorpiões.
A ocorrência se explica pelas condições favoráveis do lugar,
constituído por solo arenoso e úmido. Segundo Claúdio
Castagna, médico veterinário da Secretaria de Saúde de
Campinas, isso favoreceu a proliferação da espécime na rede
de esgoto da Sanasa.
E, de acordo
com ele, essa adaptação à rede de esgoto é uma situação
inusitada. "Até então, tinha-se como certo que o
escorpionismo nas cidades era um problema de peridomicílio,
ocasionado pelo acúmulo de entulhos", explica o veterinário.
Ele informa também que a infestação em condomínios naquela
faixa chega até o terceiro andar dos edifícios.
Reforma
Sanitária - As infestações mais importantes naquela região
foram verificadas no prédio do antigo Inocop e na escola Caic,
localizados na Vila União. Na escola, a Prefeitura, por meio da
Secretaria de Obras, fez um projeto de reforma sanitária e a
proposta já foi entregue à direção da escola.
No local, foram encontradas as espécies amarela e marrom. Há
poucos relatos de acidentes na região. Somente seis foram
notificados à Vigilância Sudoeste em 2002. Porém, Cláudio
Castagna argumenta que, seguramente, o número tende a ser muito
maior do que o que foi informado ao serviço.
A gravidade dos
acidentes com pessoas picadas por escorpião varia de acordo com
vários fatores. O local da picada, quantidade de veneno
injetado, bem como a idade e peso da vítima podem fazer a
diferença. O veneno tem ação neurotóxica. Isto quer dizer
que a substância atua principalmente no sistema nervoso.
Provoca dor intensa e pode até matar.
Os acidentes
mais freqüentes variam de leves a moderados. Nos casos graves,
além da anestesia local, o paciente recebe soro antiescorpiônico.
O soro aplicado para o tratamento é feito do próprio veneno do
escorpião. Para produzir um litro de soro é necessário
extrair a substância de 3 mil escorpiões.
De acordo com o médico veterinário, há muito tempo não se
registra acidente grave na região Sudoeste da cidade. Ele
ensina que todas as pessoas que moram na faixa de risco devem
isolar a residência do esgoto e instalar barreiras físicas.
Isso pode ser feito pela substituição dos ralos comuns por
ralos metálicos tipo abre-fecha e colococação de redinhas nos
ralos das pias.
Ele coloca, ainda, que os espelhos de interruptores que tiverem
rachados ou abertos, bem como os pontos de luz do teto, devem
ser vedados ou substituídos. Os escorpiões também se difundem
pelos conduítes de rede elétrica.
Cuidados
- Para prevenir a ocorrência de escorpiões, as pessoas devem
conservar os arredores da casa livres de todo tipo de entulho,
telha ou tijolos. É muito freqüente o transporte desses
animais peçonhentos em pilhas de móveis e materiais de construção
ou madeira, principalmente se forem levados de chácaras para a
cidade.
Por isso, segundo Cláudio, a pessoa deve fazer a carga peça
por peça e se proteger com luva para manipular os objetos. O
veterinário ressalta que nenhum inseticida tem o poder de matar
de escorpião.
O médico
veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Secretaria de Saúde
de Campinas, acrescenta que Campinas tem uma incidência
importante de escorpiões em todas as cinco regiões do município.
Alguns locais,
pelas características favoráveis, como tipo de solo e clima,
registram uma população maior. É o caso do Centro e de alguns
bairros da região Norte. Segundo Luiz Henrique, de novembro a
março, período de reprodução destes animais, aumentam as
reclamações por parte da população sobre o aparecimento de
escorpiões.
Em casos de
acidentes, as pessoas devem procurar Centro de Saúde ou o
Distrito de Saúde da sua região. O Centro de Controle de
Zoonoses também pode ser acionado pelo telefone 3245-7181 e
3245-2258 para orientar quanto à prevenção.