A Secretaria de Saúde
de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde do Distrito
Sudoeste, detectou, há 15 dias, uma infestação do caramujo
gigante africano, Achatina fulica, nas proximidades do número
950 da rua Capivari, Jardim Novo Campos Elíseos, região
Sudoeste de Campinas. O molusco, chamado erroneamente de
escargot por criadores e comerciantes, além de ser uma praga
agrícola, por destruir plantações e lavouras diversas, também
representa um risco à saúde pública. A espécie pode hospedar
o verme Angiostrongylus costaricensis, causador da
angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode levar à
morte por perfuração intestinal e hemorragia abdominal.
De acordo com a
bióloga Elen Fagundes, esta é a primeira vez que as
autoridades sanitárias detectam o molusco no município. Porém,
de acordo com ela, o registro é um sinal de que podem haver
outros pontos de infestação na cidade. A Secretaria de Saúde
descobriu a infestação por meio de denúncia de moradores da
rua Capivari. Eles se sentiram incomodados com a presença dos
caramujos num terreno que acumula entulho e mato e acionaram o
Distrito de Saúde Sudoeste.
Ao vistoriar o
local, a Vigilância em Saúde do Distrito Sudoeste encontrou inúmeros
exemplares, desconfiou que poderia ser o caramujo gigante e
encaminhou amostras para análise na Sucen (Superintendência do
Controle de Endemias). A superintendência confirmou a suspeita.
Os profissionais de saúde, então, tomaram as medidas imediatas
como remover e destruir os moluscos e orientar a população nos
arredores. Além disso, segundo Elen, profissionais do Centro de
Saúde Tancredão, que abrange a região do Novo Campos Elíseos,
foram informados sobre a situação e sensibilizados para
estarem atentos aos sintomas da angiostrongilíase abdominal. Os
sinais da doença são dor abdominal, febre prolongada, falta de
apetite e vômitos.
A Secretaria de
Saúde informou a imobiliária responsável pelo terreno, de 430
metros quadrados, e solicitou as providências, que incluem remoção
do entulho, corte do mato e caiação – aplicação de cal –
no local. Esta é a única maneira de conter a proliferação
dos caramujos. Como a empresa não atendeu à solicitação, o
Distrito de Saúde notificou-a nesta segunda-feira, 20 de
janeiro. A partir de agora, a imobiliária tem 10 dias para
tomar as providências.
Outros relatos
- Autoridades de saúde de todo País relatam que o comércio da
carne desse caramujo, como se fosse escargot, já é comum no
Brasil. A espécie também é cultivada para isca de pesca, ao
longo dos cursos d’água, em pesqueiros comerciais. Mas,
quando os criadores percebem que tal atividade não está lhes
proporcionando o retorno financeiro esperado, acabam por soltar
os caramujos em terrenos baldios e construções abandonadas,
locais ideais para a proliferação do molusco. Eles chegam a
colocar até 100 ovos por dia em época de chuva.
O coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, o médico
Vicente Pisani Neto, ressalta que existem cuidados para prevenir
a doença. De acordo com ele, é preciso muita atenção com
alimentos a serem consumidos crus. "É preciso lavar bem as
verduras e frutas. As mãos devem ser lavadas sempre, depois de
contato com o solo, do trabalho no campo, nas hortas e jardins.
Ainda é importante impedir que crianças brinquem com os
caramujos, já que elas podem colocar as mãos sujas na
boca", diz Vicente.
Ele orienta ainda que, no caso do aparecimento de qualquer
sintoma semelhante aos da angiostrongilíase abdominal, a pessoa
procure imediatamente o Centro de Saúde, onde poderão ser
realizados exames mais específicos.
Caramujo
Gigante Africano - Orientações à população