Saúde detecta infestação de caramujo africano no Novo Campos Elíseos

20/01/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Vigilância em Saúde do Distrito Sudoeste, detectou, há 15 dias, uma infestação do caramujo gigante africano, Achatina fulica, nas proximidades do número 950 da rua Capivari, Jardim Novo Campos Elíseos, região Sudoeste de Campinas. O molusco, chamado erroneamente de escargot por criadores e comerciantes, além de ser uma praga agrícola, por destruir plantações e lavouras diversas, também representa um risco à saúde pública. A espécie pode hospedar o verme Angiostrongylus costaricensis, causador da angiostrongilíase abdominal, doença grave que pode levar à morte por perfuração intestinal e hemorragia abdominal.

De acordo com a bióloga Elen Fagundes, esta é a primeira vez que as autoridades sanitárias detectam o molusco no município. Porém, de acordo com ela, o registro é um sinal de que podem haver outros pontos de infestação na cidade. A Secretaria de Saúde descobriu a infestação por meio de denúncia de moradores da rua Capivari. Eles se sentiram incomodados com a presença dos caramujos num terreno que acumula entulho e mato e acionaram o Distrito de Saúde Sudoeste.

Ao vistoriar o local, a Vigilância em Saúde do Distrito Sudoeste encontrou inúmeros exemplares, desconfiou que poderia ser o caramujo gigante e encaminhou amostras para análise na Sucen (Superintendência do Controle de Endemias). A superintendência confirmou a suspeita. Os profissionais de saúde, então, tomaram as medidas imediatas como remover e destruir os moluscos e orientar a população nos arredores. Além disso, segundo Elen, profissionais do Centro de Saúde Tancredão, que abrange a região do Novo Campos Elíseos, foram informados sobre a situação e sensibilizados para estarem atentos aos sintomas da angiostrongilíase abdominal. Os sinais da doença são dor abdominal, febre prolongada, falta de apetite e vômitos.

A Secretaria de Saúde informou a imobiliária responsável pelo terreno, de 430 metros quadrados, e solicitou as providências, que incluem remoção do entulho, corte do mato e caiação – aplicação de cal – no local. Esta é a única maneira de conter a proliferação dos caramujos. Como a empresa não atendeu à solicitação, o Distrito de Saúde notificou-a nesta segunda-feira, 20 de janeiro. A partir de agora, a imobiliária tem 10 dias para tomar as providências.

Outros relatos - Autoridades de saúde de todo País relatam que o comércio da carne desse caramujo, como se fosse escargot, já é comum no Brasil. A espécie também é cultivada para isca de pesca, ao longo dos cursos d’água, em pesqueiros comerciais. Mas, quando os criadores percebem que tal atividade não está lhes proporcionando o retorno financeiro esperado, acabam por soltar os caramujos em terrenos baldios e construções abandonadas, locais ideais para a proliferação do molusco. Eles chegam a colocar até 100 ovos por dia em época de chuva.
O coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, o médico Vicente Pisani Neto, ressalta que existem cuidados para prevenir a doença. De acordo com ele, é preciso muita atenção com alimentos a serem consumidos crus. "É preciso lavar bem as verduras e frutas. As mãos devem ser lavadas sempre, depois de contato com o solo, do trabalho no campo, nas hortas e jardins. Ainda é importante impedir que crianças brinquem com os caramujos, já que elas podem colocar as mãos sujas na boca", diz Vicente.
Ele orienta ainda que, no caso do aparecimento de qualquer sintoma semelhante aos da angiostrongilíase abdominal, a pessoa procure imediatamente o Centro de Saúde, onde poderão ser realizados exames mais específicos.

Caramujo Gigante Africano - Orientações à população

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