Ações da Prefeitura reduzem 80% dos casos de dengue em Campinas

21/01/2003

O número de casos de dengue confirmados pela Secretaria de Saúde de Campinas em dezembro de 2002 e janeiro de 2003 já é menor que o registrado nos mesmos períodos de 2001e do ano passado. As notificações caíram de 203 para 34 (levando em conta somente casos autóctones). Uma redução de mais de 80%.

Mas a Prefeitura alerta que só com a participação da sociedade será possível manter a doença sob controle. Levantamento recente da Secretaria de Saúde mostra que o mosquito da dengue muitas vezes se desenvolve no próprio quintal das pessoas, nas vasilhas com água parada. O estudo aponta que na região Norte, na área do Centro de Saúde Aurélia, a cada 100 casas, pelo menos 8,6 têm focos da doença – contêm larvas.

E ainda mostra que mais de 80% dos criadouros disponíveis para o mosquito estão nas casas e quintais. São lotes sem capinar, cheios de sucatas, pratos de vasas de planta, latas, garrafas, potes, pneus e reservatórios de água entre outros.

De acordo com Ovando Provati, biólogo da Secretaria de Saúde, no verão, na água, em uma semana, a larva se transforma em um mosquito Aedes aegypti. "E basta um mosquito infectado para iniciar a transmissão num raio de 100 a 300 metros", diz. É por isso, segundo Ovando, que não basta cada família cuidar do seu quintal. "As comunidades precisam se unir contra a dengue", completa.

E, para manter a dengue sob controle, a Prefeitura contratou e já colocou para atuar, esta semana, mais ajudantes de controle ambiental. Agentes comunitários e outros profissionais de saúde estão diariamente nas ruas eliminando criadouros, orientando a população e desenvolvendo outras ações específicas de combate à doença. A Secretaria de Saúde ainda desenvolve campanhas educativas direcionadas à população, em parceria com representantes da sociedade, Universidades, ONGs, escolas entre outros.

De acordo com a psicóloga Fernanda Borges, supervisora das ações de combate à dengue na Prefeitura, a redução de casos se deve às ações desenvolvidas nos últimos dois anos. "E, a partir de agora, elas serão permanentes para que possamos estabelecer um controle definitivo sobre a doença", diz.

O Ministério da Saúde mapeou 650 municípios como de alto risco para a dengue. São cidades que serão acompanhadas mais de perto. Dentre elas consta Campinas, município que também será tomado como exemplo de localidade que conseguiu controlar a evitar mortes por dengue. Somente em 2002, foram notificados e tratados com sucesso 9 casos de dengue hemorrágica em Campinas.

Os sintomas da dengue são febre, dor de cabeça e no corpo e fraqueza. Também podem surgir manchas pelo corpo. Ao apresentar algum destes sinais, a pessoa deve procurar o Centro de Saúde.

Ações que vêm sendo desenvolvidas
para o combate à dengue em Campinas:

  • Busca ativa em todos os casos suspeitos de dengue, para identificação de possíveis novos casos;
  • Atualização para médicos, em parceria com a Sociedade de Medicina e Cirurgia e com a Unimed, sobre assistência aos pacientes com dengue, com ênfase para as formas grave e hemorrágica;
  • Divulgação da situação da epidemia, para profissionais da saúde e para a sociedade em geral, através de informes técnicos e por meio da internet no portal da saúde (campinas.sp.gov.br/saude) e da Prefeitura (campinas.sp.gov.br);
  • Ampliação do quadro de agentes de saúde e de auxiliares de controle ambiental e treinamento de dengue para os mesmos;
  • Remoção ou inviabilização de criadouros em áreas com suspeita ou confirmação de casos e também em áreas com alta infestação pelo mosquito;
  • Arrastões para remoção de criadouros com a participação da comunidade e com a parceria das diversas secretarias e autarquias municipais;
  • Bloqueio químico em áreas de transmissão, em conjunto com a Sucen;
  • Intensificação do controle de pontos de risco (borracharias, ferros- velhos, recicladores de resíduos, imóveis abandonados, etc.), com inviabilização de criadouros por meio de manejo integrado (mecânico, químico e biológico) e aplicação de penalidades administrativas quando necessário;
  • Notificação das imobiliárias para manterem os imóveis desocupados sob sua responsabilidade livres de criadouros;
  • Substituição dos reservatórios inadequados de água na região do Campo Belo e da Gleba B por caixas d’água. A ação está sendo feita em parceria com a Sanasa. Colocação de telas nas caixas d’água com frestas ou trincas. O objetivo é impedir o acesso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti;
  • Limpeza dos córregos, de áreas públicas e de áreas prioritárias para o controle de vetores, com contratação de equipes, caminhões e equipamentos;
  • Maior agilidade nas notificações dos suspeitos por meio de alocação de digitadores nas equipes de vigilância dos distritos de saúde;
  • Alerta aos viajantes no período de férias, especialmente para as regiões onde está havendo epidemia como Rio de Janeiro e Bahia, com distribuição de folhetos na rodoviária e no aeroporto e nos terminais de ônibus;
  • Produção de materiais educativos em parceria com a Tetra Pak, Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), DPaschoal e Sindicato dos Lojistas;
  • Orientações educativas para a comunidade com carro-som dos sindicatos;
  • Ampliação da equipe do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) para desinsetização, com contratação de pessoal e aquisição de equipamentos;
  • Ações educativas e culturais com a população;
  • Constituição da Comissão Municipal de Combate à Dengue, com a participação de várias secretarias da Prefeitura e de outras instituições;
  • Distribuição de tampas e capas para caixas d’água em regiões mapeadas como prioritárias;
  • Lançamento do arrastão da prevenção. O evento é promovido em parceria com as Secretarias de Educação e de Cultura, com apoio de universidades e da iniciativa privada. Tem como objetivo envolver estudantes de Campinas na luta contra a dengue;
  • Lançamento do Criadouro Zero, projeto que visa eliminar criadouros das dependências das empresas. Está sendo viabilizado por meio da parceria com Cipas, Cesmts e profissionais dos ambulatórios das empresas;
  • Arrastões diários na cidade, em áreas apontadas como prioritárias para limpeza. As ações são realizadas pelos agentes de saúde, em conjunto com os profissionais dos Centros de Saúde e dos Distritos de Saúde. Também há colaboração da Secretaria de Serviços Públicos;
  • A Secretaria de Saúde também desenvolve ações educativas, nas escolas e junto com população. Ainda foram estabelecidas parcerias com vários seguimentos da sociedade, incluindo ONGs, Universidades, Associações e Sindicatos para enfrentar a doença na cidade;
  • Parceria com a Cooperativa Veiling, que reúne produtores de plantas de Holambra. O trabalho dá o pontapé inicial para diversas ações relacionadas à maneira correta de cultivar flores para que eles não se tornem criadouros. Uma das propostas é a confecção de "bulas" que serão fixadas em cada vaso de flor. A "bula" vai conter informações sobre cuidados necessários com a planta e cuidados necessários para evitar que o vaso se torne criadouro. Outra proposta é a intermediação com os produtores de plantas. Eles receberão informações sobre a doença e cuidados para evitá-la. As informações serão repassadas para floristas, que se transformarão em multiplicadores de conhecimentos sobre a dengue. A parceria também prevê confecção de material educativo, como folders e cartazes e um selo que será fixado nos pratos de vasos de plantas;
  • A Secretaria ainda está fixando faixas com mensagens educativas e de incentivo a combate à dengue em vários pontos de cidade;
  • Para orientar as crianças sobre como combater a dengue, a Prefeitura de Campinas distribuiu o Jogo do Saber: Dengue para escolas da cidade. A brincadeira foi desenvolvida pelo Distrito de Saúde Norte em parceria com a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e com o apoio da iniciativa privada. O jogo funciona na mesma lógica do bingo e tem 75 conceitos sobre a dengue, o mosquito transmissor e as formas de evitar a doença. O material foi desenvolvido com base em informações que a população gostaria que fosse passada porta a porta ou de escola em escola;
  • Projeto Cemitério sem mosquito, que consiste em manter os cemitérios livres de criadouros. Para isso, a Secretaria perfurou vasos de plantas e orienta a população em épocas de maior visitação como Dia de Finados e Dia das Mães. Após estas datas, são feitas vistorias nos locais para eliminação dos criadouros;
  • Implantação, na área dos parques Shalon 1, Shalon 2 e Shalon 3, na região Norte, dos agentes-mirins da dengue. Estes são crianças da própria comunidade. Elas atuam na prevenção da doença e orientam as famílias sobre a gravidade da doença e a necessidade de combater o mosquito. Também fiscalizam se as famílias estão eliminando recipientes que acumulam água;
  • Ação para eliminação dos riscos para a dengue nos prédios abandonados inacabados na cidade. A maioria é da falida construtora Encol;
  • Carreata pelas ruas centrais da cidade no Dia D Nacional de Combate à Dengue

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