A Secretaria de Saúde
de Campinas promove nesta sexta-feira, 24 de janeiro,
treinamento sobre a leptospirose para profissionais da rede pública
municipal. O evento acontece no Salão Vermelho da Prefeitura,
das 8h às 12h. A idéia é sensibilizar as equipes para o diagnóstico
e tratamento precoce, diminuindo assim as complicações e
mortes causadas pela moléstia. A capacitação faz parte do
conjunto de ações da Prefeitura para intensificar o combate e
prevenção à doença.
As mortes por
leptospirose em Campinas aumentaram nos últimos anos. Em 98, o
índice de letalidade registrado pela Secretaria de Saúde foi
de 11%, tendo aumentado para 15% em 99. Em 2000, foram
confirmados 27 casos, dos quais 7 morreram, o que representa uma
taxa de mortalidade de 26%. Em 2001, foram 39 confirmações com
9 mortes (23%). Os dados de 2002 ainda estão sendo fechados. A
letalidade esperada da doença, de acordo com a Secretaria de Saúde,
é de 9% a 20% conforme a gravidade do caso e as condições de
assistência.
A leptospirose
é uma doença grave transmitida ao homem principalmente pela
urina do rato. De acordo com o médico sanitarista Vicente
Pisani Neto, coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas,
nessa época do ano, quando as chuvas são freqüentes e
intensas, os casos de leptospirose aumentam por causa do contato
das pessoas com áreas atingidas por enchentes ou alagamentos.
"A bactéria
é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver principalmente
em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos. O
homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas
pode infectar-se, especialmente se tiver cortes ou arranhaduras
na pele ou nas mucosas", diz. Ele informa ainda que a infecção
também pode se dar por meio da ingestão de alimentos,
medicamentos e da água de beber contaminados.
Após ser
infectado, o homem pode manifestar os sintomas da doença num
prazo de 7 a 14 dias. E os
sinais são vômitos, dores musculares, principalmente na
barriga da perna, dor de cabeça, coloração amarelada da pele,
calafrios, alteração de volume urinário, febre elevada,
fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.
Vicente afirma que no treinamento, os profissionais vão ter
acesso a um levantamento das áreas de risco para alagamento e
dos locais da cidade mais propícios ao desenvolvimento da doença.
Ainda com enfoque para a época de chuvas, a Secretaria
estabeleceu parceria com a Defesa Civil Municipal e com outras
Secretarias para prestar assistência às famílias atingidas
pelos alagamentos. "Elas são informadas com relação a
leptospirose e orientadas para, no caso de febre, procurar
imediatamente o Centro de Saúde", diz Vicente. As famílias
ainda recebem hipoclorito, são orientadas sobre como limpar a
casa com o produto e esclarecidas com relação à água para
consumo humano. O hipoclorito tem o poder de matar os micróbios.
Embora o
enfoque seja para esta época do ano, o combate à doença, de
acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária, prossegue
durante todo ano com capacitação e atualização periódica
dos profissionais de saúde.
Os cidadãos
também podem adotar algumas medidas para prevenir a
leptospirose. São atitudes simples como eliminar os ratos e
evitar sua multiplicação, mantendo o meio ambiente o mais
limpo possível. O lixo doméstico deve ser posto fora de casa,
em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar.
Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados.
Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos
sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos
devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios devem ser
limpos, murados e livres de lixo.
A caixa d'água
precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que
impeçam a subida dos ratos ao reservatório. O contato direto
com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser
evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas
atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água
sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20 litros
de água. Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação
devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, não use
esta água antes da desinfecção do reservatório.