Prefeitura intensifica ações de combate e prevenção à leptospirose

22/01/2003

A Secretaria de Saúde de Campinas promove nesta sexta-feira, 24 de janeiro, treinamento sobre a leptospirose para profissionais da rede pública municipal. O evento acontece no Salão Vermelho da Prefeitura, das 8h às 12h. A idéia é sensibilizar as equipes para o diagnóstico e tratamento precoce, diminuindo assim as complicações e mortes causadas pela moléstia. A capacitação faz parte do conjunto de ações da Prefeitura para intensificar o combate e prevenção à doença.

As mortes por leptospirose em Campinas aumentaram nos últimos anos. Em 98, o índice de letalidade registrado pela Secretaria de Saúde foi de 11%, tendo aumentado para 15% em 99. Em 2000, foram confirmados 27 casos, dos quais 7 morreram, o que representa uma taxa de mortalidade de 26%. Em 2001, foram 39 confirmações com 9 mortes (23%). Os dados de 2002 ainda estão sendo fechados. A letalidade esperada da doença, de acordo com a Secretaria de Saúde, é de 9% a 20% conforme a gravidade do caso e as condições de assistência.

A leptospirose é uma doença grave transmitida ao homem principalmente pela urina do rato. De acordo com o médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância Sanitária de Campinas, nessa época do ano, quando as chuvas são freqüentes e intensas, os casos de leptospirose aumentam por causa do contato das pessoas com áreas atingidas por enchentes ou alagamentos.

"A bactéria é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver principalmente em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos. O homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas pode infectar-se, especialmente se tiver cortes ou arranhaduras na pele ou nas mucosas", diz. Ele informa ainda que a infecção também pode se dar por meio da ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber contaminados.

Após ser infectado, o homem pode manifestar os sintomas da doença num prazo de 7 a 14 dias. E os
sinais são vômitos, dores musculares, principalmente na barriga da perna, dor de cabeça, coloração amarelada da pele, calafrios, alteração de volume urinário, febre elevada, fraqueza e hemorragias na pele e mucosas.
Vicente afirma que no treinamento, os profissionais vão ter acesso a um levantamento das áreas de risco para alagamento e dos locais da cidade mais propícios ao desenvolvimento da doença. Ainda com enfoque para a época de chuvas, a Secretaria estabeleceu parceria com a Defesa Civil Municipal e com outras Secretarias para prestar assistência às famílias atingidas pelos alagamentos. "Elas são informadas com relação a leptospirose e orientadas para, no caso de febre, procurar imediatamente o Centro de Saúde", diz Vicente. As famílias ainda recebem hipoclorito, são orientadas sobre como limpar a casa com o produto e esclarecidas com relação à água para consumo humano. O hipoclorito tem o poder de matar os micróbios.

Embora o enfoque seja para esta época do ano, o combate à doença, de acordo com o coordenador da Vigilância Sanitária, prossegue durante todo ano com capacitação e atualização periódica dos profissionais de saúde.

Os cidadãos também podem adotar algumas medidas para prevenir a leptospirose. São atitudes simples como eliminar os ratos e evitar sua multiplicação, mantendo o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar. Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios devem ser limpos, murados e livres de lixo.

A caixa d'água precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório. O contato direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20 litros de água. Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, não use esta água antes da desinfecção do reservatório.

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