Jornalistas do Cândido participaram do Fórum Social Mundial

31/01/2003

Os usuários/comunicadores Luciano Lira, Silvana Borges, André Nery e Rafael Felde, do Serviço de Saúde "Dr. Cândido Ferreira", locutores do programa Maluco Beleza e do Jornal Candura - espaço aberto para um novo pensamento, participaram como Mídia Alternativa, do III Fórum Social Mundial, realizado de 23 a 28 de janeiro, em Porto Alegre.

Os repórteres produziram o programa Maluco Beleza especial sobre o Fórum Social Mundial, que vai ao ar no próximo dia 10 de fevereiro, na Rádio Educativa FM (101,9). Produziram também o próximo número do jornal bimestral Candura, previsto para ser publicado no final de fevereiro.

A atuação da reportagem do Cândido Ferreira foi grande e entrevistas com José Genoíno, Eduardo Suplicy, índios Pataxós, e muitos representantes de movimentos sociais, poderão ser conferidos nos dois veículos produzidos por eles.

Esta foi a primeira vez que os "jornalistas do Cândido" participaram do Fórum. Além das reportagens, participaram também de mesas sobre Mídia Alternativa, Saúde Mental e uma programação cultural, que incluiu o filme "Uma Onda no Ar", de Helvécio Ratton, que trata sobre a bem sucedida experiência da Rádio Favela, de Belo Horizonte.

Há seis anos, a abertura que o "Cândido Ferreira" proporciona aos seus funcionários e usuários, fez com que projetos relacionados com comunicação e reabilitação psicossocial fossem implementados na instituição. Os projetos que incluem além do rádio e do jornal, grupos de fotografia, são coordenados pelo jornalista Régis Moreira.

Além de repórteres, os usuários do Cândido são militantes do Movimento da Luta Antimanicomial. Para tanto atuaram na oficina - "Sujeitos da Ruptura", organizado pelos Conselhos Regionais de Psicologia do mundo. A oficina exibiu um vídeo sobre a bem sucedida experiência de reforma psiquiátrica que Campinas vem experimentando nestes 12 anos de abertura. Também estiveram visitando o Hospital Psiquiátrico São Pedro, de Porto Alegre, que também passa por mudanças na foram de tratar. No dia 27 de janeiro, os "jornalistas" conferiram a apresentação de uma peça teatral nos espaços desativados do "São Pedro", onde atores representavam a liberdade contrapondo com toda opressão e terror que os manicômios causam nas pessoas.

O Cândido Ferreira, fundado em 1924, a partir de 1990 iniciou uma nova fase de sua história. A Prefeitura Municipal de Campinas, tornou-se co-gestora da instituição. Iniciou-se então um intenso processo de humanização dos cuidados e defesa dos Direitos Humanos dos usuários, rumo à inclusão social.

Portas foram abertas, grades foram retiradas, foi abolido o uso da camisa de força e do eletrochoque. Hoje os tratamentos se baseiam na reinserção dos usuários na vida familiar e comunitária, entendendo como eixo terapêutico a promoção de cidadania. 

O processo de transformação do Cândido, como inúmeros outros projetos existentes n o mundo, é parte do projeto de HUMANIDADE anunciado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pelo Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1948. 

No próximo dia 07 de fevereiro, os usuários do Cândido realizarão uma "Roda sobre o III Fórum Social Mundial", para partilharam suas experiências com os outros usuários, funcionários e familiares interessados.

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