Os usuários/comunicadores
Luciano Lira, Silvana Borges, André Nery e Rafael Felde, do Serviço
de Saúde "Dr. Cândido Ferreira", locutores do programa
Maluco Beleza e do Jornal Candura - espaço aberto para um novo
pensamento, participaram como Mídia Alternativa, do III Fórum
Social Mundial, realizado de 23 a 28 de janeiro, em Porto Alegre.
Os repórteres
produziram o programa Maluco Beleza especial sobre o Fórum Social
Mundial, que vai ao ar no próximo dia 10 de fevereiro, na Rádio
Educativa FM (101,9). Produziram também o próximo número do
jornal bimestral Candura, previsto para ser publicado no final de
fevereiro.
A atuação
da reportagem do Cândido Ferreira foi grande e entrevistas com
José Genoíno, Eduardo Suplicy, índios Pataxós, e muitos
representantes de movimentos sociais, poderão ser conferidos nos
dois veículos produzidos por eles.
Esta foi a
primeira vez que os "jornalistas do Cândido"
participaram do Fórum. Além das reportagens, participaram também
de mesas sobre Mídia Alternativa, Saúde Mental e uma programação
cultural, que incluiu o filme "Uma Onda no Ar", de Helvécio
Ratton, que trata sobre a bem sucedida experiência da Rádio
Favela, de Belo Horizonte.
Há seis
anos, a abertura que o "Cândido Ferreira" proporciona
aos seus funcionários e usuários, fez com que projetos
relacionados com comunicação e reabilitação psicossocial
fossem implementados na instituição. Os projetos que incluem além
do rádio e do jornal, grupos de fotografia, são coordenados pelo
jornalista Régis Moreira.
Além de repórteres,
os usuários do Cândido são militantes do Movimento da Luta
Antimanicomial. Para tanto atuaram na oficina - "Sujeitos da
Ruptura", organizado pelos Conselhos Regionais de Psicologia
do mundo. A oficina exibiu um vídeo sobre a bem sucedida experiência
de reforma psiquiátrica que Campinas vem experimentando nestes 12
anos de abertura. Também estiveram visitando o Hospital Psiquiátrico
São Pedro, de Porto Alegre, que também passa por mudanças na
foram de tratar. No dia 27 de janeiro, os "jornalistas"
conferiram a apresentação de uma peça teatral nos espaços
desativados do "São Pedro", onde atores representavam a
liberdade contrapondo com toda opressão e terror que os manicômios
causam nas pessoas.
O Cândido
Ferreira, fundado em 1924, a partir de 1990 iniciou uma nova fase
de sua história. A Prefeitura Municipal de Campinas, tornou-se
co-gestora da instituição. Iniciou-se então um intenso processo
de humanização dos cuidados e defesa dos Direitos Humanos dos
usuários, rumo à inclusão social.
Portas foram
abertas, grades foram retiradas, foi abolido o uso da camisa de
força e do eletrochoque. Hoje os tratamentos se baseiam na
reinserção dos usuários na vida familiar e comunitária,
entendendo como eixo terapêutico a promoção de cidadania.
O processo de
transformação do Cândido, como inúmeros outros projetos
existentes n o mundo, é parte do projeto de HUMANIDADE anunciado
na Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pelo
Organização das Nações Unidas (ONU), desde 1948.
No próximo
dia 07 de fevereiro, os usuários do Cândido realizarão uma
"Roda sobre o III Fórum Social Mundial", para
partilharam suas experiências com os outros usuários, funcionários
e familiares interessados.