Equipe do Ouro Verde implanta grupo de prevenção de acidentes na infância

06/01/2004

Iniciativa é pioneira na rede pública de saúde de Campinas

Denize Assis

O Pronto Atendimento (PA) do Complexo Ouro Verde é a primeira unidade da rede municipal de saúde de Campinas a implantar um Grupo Permanente de Prevenção de Acidentes na Infância. O objetivo é conscientizar pais, educadores e cuidadores sobre os riscos nesta fase da vida e divulgar estratégias para evitar casos como queimadura, mordedura de animal, afogamento ou semi-afogamento, intoxicações, queda, choque, asfixia e outros acidentes.

Segundo o médico Carlos Henrique Assis Martins, coordenador do PA Ouro Verde, os acidentes por traumas externos são as principais causas de morte na infância. "Isto quando não provocam invalidez permanente ou transitória ou seqüelas", diz o médico.

Somente no PA Ouro verde, 30% dos atendimentos de crianças entre 1 e 14 anos são ocasionados por algum tipo de acidente. E o afogamento é a causa de 10% das ocorrências na faixa etária entre 1 e 11 anos e, deste total, provoca a morte de 2% dos menores de 1 ano, 25% das crianças com idade entre 1 e 4 anos, 21% da população entre 5 e 9 anos e 21% dos que têm entre 10 e 14 anos.

Segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, entre 70% e 80% das ocorrências poderiam ser evitadas se os responsáveis tivessem conhecimento dos riscos. Os dados ainda revelam que 90% dos acidentes com crianças acontecem dentro de casa ou no ambiente peridomiciliar.

A idéia, de acordo com Carlos Henrique, é que o grupo atue também para orientar cuidadores sobre como proceder em caso de acidentes e, assim, minimizar as seqüelas. Para embasar o trabalho, a equipe faz análise epidemiológica das notificações do próprio serviço e do município e dos relatos da literatura disponível sobre o tema.

Carlos Henrique explica que a proposta do Grupo é, além de utilizar a sala de espera do Pronto Atendimento para educação continuada, envolver todos os Centros de Saúde na programação. "Elegemos crianças menores de cinco anos, principalmente as menores de dois, como público principal do trabalho e ainda destacamos acidentes por grupos de alta, média e baixa prioridade. Por exemplo, acidente automobilístico é de alta prioridade, asfixia é de média e acidentes relacionados a brinquedos de baixa", informa.

O Grupo Permanente de Prevenção de Acidentes na Infância é constituído pelo supervisor médico do Pronto Atendimento, por um médico da pediatria e um profissional da área de enfermagem, um profissional do núcleo de saúde coletiva e outros que queiram se juntar à equipe. Todos os profissionais vão passar por capacitação.

O grupo vai utilizar material educativo, vídeos, painéis e estabelecer parcerias com o Conselho Tutelar e outros órgãos envolvidos com as questões da criança. Também há proposta de elaborar o cartão de proteção da criança. O planejamento do trabalho e a ficha de notificação foram elaborados pelo serviço de pediatria e pelo Núcleo de Saúde Coletiva do Complexo Ouro Verde.

Saiba mais:

Os acidentes constituem a principal causa de mortes e seqüelas em crianças entre 1 e 14 anos em Campinas. As campanhas permanentes de prevenção reduzem em mais de 30% a mortalidade de crianças por acidentes.

Em 2001, em Campinas, das 29 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 7 (24%) foram por causas externas ou seja, acidentes por queda, afogamentos, queimaduras, asfixia, intoxicação, acidentes com bicicletas, automóvel ou atropelamento entre outros. Na faixa etária de 10 a 14 anos, foram 30 mortes, sendo 16 (55%) por causas externas.

Em 2002, das 35 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 8 (22,8%) foram por causas externas. Na faixa etária de 10 a 14 anos, foram 32 mortes, sendo 23 (71,8%) por causas externas.

Em 2003, até setembro, das 36 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 7 (19,4%) foram por causas externas. Na faixa etária de 10 a 14 anos, foram 24 mortes, sendo 9 (37,5%) por causas externas.

Cuidados:

O afogamento é responsável por aproximadamente 10% das mortes entre crianças na faixa etária entre 1 e 11 anos.

Portanto, nunca deixe a criança sozinha na banheira ou próxima a piscinas de plástico ou azulejo, lagos, lagoas ou rios.

Nunca deixe a criança entre 2 e 3 anos sozinha no banheiro. Feche sempre a tampa do vaso.

Nunca deixe a criança em brincadeiras na água sem salva-vidas (bóia) pessoal.

Se você presenciar um afogamento:

Retire a criança da água imediatamente enquanto outra pessoa liga para o 192 (Samu)

Se houver alguém preparado e a criança não estiver respirando inicie respiração boca a boca e massagem cardíaca. Não faça manobras para saída de água.

Remova roupas molhadas e aqueça a criança com roupas/cobertores.

Fonte: Secretaria de Saúde de Campinas

Volta ao índice de notícias