Iniciativa é
pioneira na
rede pública
de saúde
de Campinas
Denize Assis
O Pronto
Atendimento (PA) do Complexo Ouro Verde é a primeira unidade
da rede municipal de saúde de Campinas a implantar um Grupo
Permanente de Prevenção de Acidentes na Infância. O
objetivo é conscientizar pais, educadores e cuidadores sobre
os riscos nesta fase da vida e divulgar estratégias para
evitar casos como queimadura, mordedura de animal, afogamento
ou semi-afogamento, intoxicações, queda, choque, asfixia e
outros acidentes.
Segundo o médico
Carlos Henrique Assis Martins, coordenador do PA Ouro Verde,
os acidentes por traumas externos são as principais causas de
morte na infância. "Isto quando não provocam invalidez
permanente ou transitória ou seqüelas", diz o médico.
Somente no PA
Ouro verde, 30% dos atendimentos de crianças entre 1 e 14
anos são ocasionados por algum tipo de acidente. E o
afogamento é a causa de 10% das ocorrências na faixa etária
entre 1 e 11 anos e, deste total, provoca a morte de 2% dos
menores de 1 ano, 25% das crianças com idade entre 1 e 4
anos, 21% da população entre 5 e 9 anos e 21% dos que têm
entre 10 e 14 anos.
Segundo estatísticas
da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da
Saúde, entre 70% e 80% das ocorrências poderiam ser evitadas
se os responsáveis tivessem conhecimento dos riscos. Os dados
ainda revelam que 90% dos acidentes com crianças acontecem
dentro de casa ou no ambiente peridomiciliar.
A idéia, de
acordo com Carlos Henrique, é que o grupo atue também para
orientar cuidadores sobre como proceder em caso de acidentes
e, assim, minimizar as seqüelas. Para embasar o trabalho, a
equipe faz análise epidemiológica das notificações do próprio
serviço e do município e dos relatos da literatura disponível
sobre o tema.
Carlos
Henrique explica que a proposta do Grupo é, além de utilizar
a sala de espera do Pronto Atendimento para educação
continuada, envolver todos os Centros de Saúde na programação.
"Elegemos crianças menores de cinco anos, principalmente
as menores de dois, como público principal do trabalho e
ainda destacamos acidentes por grupos de alta, média e baixa
prioridade. Por exemplo, acidente automobilístico é de alta
prioridade, asfixia é de média e acidentes relacionados a
brinquedos de baixa", informa.
O Grupo
Permanente de Prevenção de Acidentes na Infância é
constituído pelo supervisor médico do Pronto Atendimento,
por um médico da pediatria e um profissional da área de
enfermagem, um profissional do núcleo de saúde coletiva e
outros que queiram se juntar à equipe. Todos os profissionais
vão passar por capacitação.
O grupo vai
utilizar material educativo, vídeos, painéis e estabelecer
parcerias com o Conselho Tutelar e outros órgãos envolvidos
com as questões da criança. Também há proposta de elaborar
o cartão de proteção da criança. O planejamento do
trabalho e a ficha de notificação foram elaborados pelo
serviço de pediatria e pelo Núcleo de Saúde Coletiva do
Complexo Ouro Verde.
Saiba mais:
Os acidentes
constituem a principal causa de mortes e seqüelas em crianças
entre 1 e 14 anos em Campinas. As campanhas permanentes de
prevenção reduzem em mais de 30% a mortalidade de crianças
por acidentes.
Em 2001, em
Campinas, das 29 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 7 (24%)
foram por causas externas ou seja, acidentes por queda,
afogamentos, queimaduras, asfixia, intoxicação, acidentes
com bicicletas, automóvel ou atropelamento entre outros. Na
faixa etária de 10 a 14 anos, foram 30 mortes, sendo 16 (55%)
por causas externas.
Em 2002, das
35 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 8 (22,8%) foram por
causas externas. Na faixa etária de 10 a 14 anos, foram 32
mortes, sendo 23 (71,8%) por causas externas.
Em 2003, até
setembro, das 36 mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 7
(19,4%) foram por causas externas. Na faixa etária de 10 a 14
anos, foram 24 mortes, sendo 9 (37,5%) por causas externas.
Cuidados:
O afogamento
é responsável por aproximadamente 10% das mortes entre crianças
na faixa etária entre 1 e 11 anos.
Portanto,
nunca deixe a criança sozinha na banheira ou próxima a
piscinas de plástico ou azulejo, lagos, lagoas ou rios.
Nunca deixe a
criança entre 2 e 3 anos sozinha no banheiro. Feche sempre a
tampa do vaso.
Nunca deixe a
criança em brincadeiras na água sem salva-vidas (bóia)
pessoal.
Se você
presenciar um afogamento:
Retire a
criança da água imediatamente enquanto outra pessoa liga
para o 192 (Samu)
Se houver
alguém preparado e a criança não estiver respirando inicie
respiração boca a boca e massagem cardíaca. Não faça
manobras para saída de água.
Remova roupas
molhadas e aqueça a criança com roupas/cobertores.
Fonte:
Secretaria de Saúde de Campinas