Campinas confirma caso de gastroenterite por Bactéria comum em países do primeiro mundo

07/01/2004

Registro é o terceiro na cidade e o 16º no país; doença pode levar à morte e deixar seqüelas

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou esta semana um novo caso de gastroenterite associada à Escherichia coli (E. coli) O157:H7. Este é o terceiro registro da doença na cidade e o primeiro desde 2001, quando a Vigilância Epidemiológica Municipal confirmou as duas primeiras ocorrências. Segundo anunciou a enfermeira sanitarista Maria do Carmo Ferreira, da Saúde Coletiva da Prefeitura, o novo caso refere-se a uma criança de dez meses que desenvolveu os sintomas da doença em dezembro passado e não corre risco de morte.

Segundo Carmo Ferreira, a gastroenterite por E. coli O157:H7 é uma doença grave que acomete com mais freqüência crianças de pouca idade. Os sintomas são febre, diarréia acompanhada de sangue e dor na barriga. Porém, a principal manifestação da doença é a insuficiência renal, que afeta a grande maioria dos pacientes, acompanhada de palidez e manchas pelo corpo.

"Sinais como pressão alta (hipertensão arterial), irritabilidade, letargia, convulsões e coma apresentam-se em 25% dos afetados. Nos casos mais sérios, a doença pode deixar algum comprometimento crônico dos rins ou provocar a morte", diz a enfermeira sanitarista.

A gastroenterite por E. coli O157:H7 é comum nos países de primeiro mundo, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, países da Europa, Japão, na África e, na América Latina, na Argentina e Chile. Na Argentina, a doença ocasiona mais de 250 casos novos por ano.

O médico sanitarista Vicente Pisani Neto, coordenador da Vigilância em Saúde da Prefeitura de Campinas, informa que, no Brasil, há apenas 16 casos notificados da doença, número que inclui as três ocorrências de Campinas. Deste total, informa Vicente, 80% referem-se a crianças de 0 a 3 anos. "Não temos dados sistematizados sobre a ocorrência da doença no País, devido a falta de notificação e de um sistema apropriado de vigilância. Em Campinas, o sistema tem conseguido detectar algumas ocorrências de gastroenterite por esta bactéria", diz.

Vicente informa que as principais medidas preventivas e de controle da doença consistem em evitar o consumo de carnes cruas ou malcozidas, principalmente carne moída, e evitar o consumo de leite ou derivados não pasteurizados. Segundo o médico, nos Estados Unidos, os alimentos implicados nos surtos associados à E. coli O157:H7 são hambúrgueres, rosbife, leite cru, suco de maçã não pasteurizado, iogurte, queijo, salsa, maionese e alface. Vicente explica que outra via importante é a transmissão fecal-oral de pessoa a pessoa. Por isso, é fundamental a adoção das medidas de higiene gerais como lavar mãos sempre e principalmente após o uso do banheiro, além dos cuidados básicos no preparo e oferta das refeições como lavar frutas, legumes e verduras. Nos três casos de Campinas, não foi possível comprovar a fonte de transmissão da E. coli O157:H7.

"Outra orientação importante é que as pessoas procurem a equipe de saúde ao apresentar sintomas, principalmente no caso de diarréias com sangue. Aos profissionais de saúde cabe notificar os casos à vigilância e investigar e acompanhar os pacientes", diz.

Entenda a gastroenterite por E. coli O157:H7

Trata-se de uma doença grave que acomete com mais freqüência as crianças com menos de cinco anos. Pode levar à morte ou deixar algum comprometimento crônico dos rins. Os sintomas são febre, diarréia com sangue, dor na barriga e insuficiência renal, acompanhada de palidez e manchas pelo corpo. Pressão alta (hipertensão arterial) ou sinais neurológicos como irritabilidade, letargia, convulsões e coma apresentam-se em 25% dos afetados.

Regiões mais afetadas: Estados Unidos, Canadá, países da Europa, Japão, África, Argentina e Chile. No Brasil, há 16 casos notificados.

Taxa de mortalidade: Entre 3% e 5%, porém é considerada mais alta em adultos.

Taxa de complicações: Cerca de 10% a 50% dos pacientes permanecem com algum comprometimento renal crônico, o que requer procedimentos de diálise ou, até mesmo, transplante renal.

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