Usuários da Lagoa do Taquaral aprovam ações da Prefeitura contra febre maculosa

08/01/2004

Resultado consta em pesquisa que será utilizada para subsidiar ações de controle da doença

Denize Assis

Os freqüentadores da Lagoa do Taquaral aprovam as medidas de controle e prevenção da febre maculosa desenvolvidas pela Prefeitura de Campinas no Parque Portugal, área onde fica a Lagoa. O dado, divulgado nesta quinta-feira (8 de janeiro) pela Vigilância em Saúde (Visa) Leste, consta na pesquisa promovida pela Secretaria Municipal de Saúde, no final de 2003, entre 325 pessoas. O estudo foi feito em parceria com a Faculdade de Biologia da Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas). A Lagoa do Taquaral é a maior área pública de lazer da cidade e recebe 20 mil visitantes por semana.

"Do total de entrevistados, sessenta e seis por cento disseram conhecer as informações sobre a doença divulgadas pela Prefeitura", revela o médico veterinário Luiz Henrique Martinelle Ramos, da Visa Leste. "E dos que conhecem, sessenta e oito por cento consideram que as informações são completas".

A pesquisa integra a série de medidas desencadeadas pela Prefeitura para prevenir a contaminação das pessoas pela febre maculosa no Parque Portugal. Em agosto de 2003, a Vigilância Epidemiológica de Campinas confirmou o primeiro caso doença por infecção na Lagoa do Taquaral.

O objetivo da pesquisa, segundo Luiz Henrique, é traçar o perfil dos freqüentadores da Lagoa, descobrir o que eles sabem sobre a doença, se conhecem formas de transmissão e de prevenção, e como avaliam o trabalho desenvolvido pela Prefeitura entre outras questões. "As informações vão ser tomadas como base para subsidiar nossas ações e tornar nosso trabalho mais eficaz", diz o médico veterinário.

O resultado do estudo aponta que 59,8% dos entrevistados sabem como evitar a contaminação por carrapato e que a maneira correta para a prevenção é não entrar em contato com a vegetação. Outros 21% disseram desconhecer as maneiras de evitar o contato com carrapatos.

A febre maculosa é provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. A bactéria habita o sangue de animais silvestres e domésticos. Dentre os animais silvestres, a capivara tem especial importância. A presença das capivaras e a infestação de carrapatos tornam a Lagoa do Taquaral um local de risco para a doença.

A pesquisa ainda aponta que 47% das pessoas consideram que a televisão é o meio de comunicação mais adequado para propagar as informações e 16,6% acham que é o jornal impresso. Dos 325 entrevistados, 50 se disseram dispostos a atuar como voluntários na divulgação das informações sobre a febre maculosa na Lagoa.

Prevenção.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela Vigilância Epidemiológica de Campinas, não há vacinas disponíveis eficazes para a febre maculosa. No entanto, segundo ela, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. "O ideal é evitar o acesso às áreas de vegetação das áreas de risco", diz a enfermeira.

Brigina orienta que, se precisar transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo e usar roupas claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Na região, já estão confirmados casos de transmissão nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.

No município de Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo, Fazenda Barra Jaguari, Fazenda Monte D’Este, Parque Hermógenes, área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas e Sousas. De 1995 a 2003, a cidade confirmou 14 casos de febre maculosa, dos quais 43% foram a óbito.

Volta ao índice de notícias