Resultado
consta em
pesquisa que
será utilizada para subsidiar ações
de controle da
doença
Denize Assis
Os freqüentadores
da Lagoa do Taquaral aprovam as medidas de controle e prevenção
da febre maculosa desenvolvidas pela Prefeitura de Campinas no
Parque Portugal, área onde fica a Lagoa. O dado, divulgado
nesta quinta-feira (8 de janeiro) pela Vigilância em Saúde
(Visa) Leste, consta na pesquisa promovida pela Secretaria
Municipal de Saúde, no final de 2003, entre 325 pessoas. O
estudo foi feito em parceria com a Faculdade de Biologia da
Pontifícia Universidade Católica (Puc-Campinas). A Lagoa do
Taquaral é a maior área pública de lazer da cidade e recebe
20 mil visitantes por semana.
"Do
total de entrevistados, sessenta e seis por cento disseram
conhecer as informações sobre a doença divulgadas pela
Prefeitura", revela o médico veterinário Luiz Henrique
Martinelle Ramos, da Visa Leste. "E dos que conhecem,
sessenta e oito por cento consideram que as informações são
completas".
A pesquisa
integra a série de medidas desencadeadas pela Prefeitura para
prevenir a contaminação das pessoas pela febre maculosa no
Parque Portugal. Em agosto de 2003, a Vigilância Epidemiológica
de Campinas confirmou o primeiro caso doença por infecção
na Lagoa do Taquaral.
O objetivo da
pesquisa, segundo Luiz Henrique, é traçar o perfil dos freqüentadores
da Lagoa, descobrir o que eles sabem sobre a doença, se
conhecem formas de transmissão e de prevenção, e como
avaliam o trabalho desenvolvido pela Prefeitura entre outras
questões. "As informações vão ser tomadas como base
para subsidiar nossas ações e tornar nosso trabalho mais
eficaz", diz o médico veterinário.
O resultado
do estudo aponta que 59,8% dos entrevistados sabem como evitar
a contaminação por carrapato e que a maneira correta para a
prevenção é não entrar em contato com a vegetação.
Outros 21% disseram desconhecer as maneiras de evitar o
contato com carrapatos.
A febre
maculosa é provocada por uma bactéria (Rickttsia
rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma
cajennense) ou micuim. A bactéria habita o sangue de
animais silvestres e domésticos. Dentre os animais
silvestres, a capivara tem especial importância. A presença
das capivaras e a infestação de carrapatos tornam a Lagoa do
Taquaral um local de risco para a doença.
A pesquisa
ainda aponta que 47% das pessoas consideram que a televisão
é o meio de comunicação mais adequado para propagar as
informações e 16,6% acham que é o jornal impresso. Dos 325
entrevistados, 50 se disseram dispostos a atuar como voluntários
na divulgação das informações sobre a febre maculosa na
Lagoa.
Prevenção.
De acordo com
a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, responsável pela Vigilância
Epidemiológica de Campinas, não há vacinas disponíveis
eficazes para a febre maculosa. No entanto, segundo ela, as
pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. "O
ideal é evitar o acesso às áreas de vegetação das áreas
de risco", diz a enfermeira.
Brigina
orienta que, se precisar transitar em áreas de risco para a
doença, a pessoa deve proteger todo corpo e usar roupas
claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas
horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há
carrapatos aderidos à pele.
De acordo com
técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o
momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é
importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce,
completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação
de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de
complicações locais como reação inflamatória ou infecção
secundária.
Por isso, a
orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de
carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde.
Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar
o carrapato, operação que deve ser feita com luva. Ele também
pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da
pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando
procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.
Na região, já
estão confirmados casos de transmissão nas margens dos rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios
de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e
Valinhos.
No município
de Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo,
Fazenda Barra Jaguari, Fazenda Monte D’Este, Parque Hermógenes,
área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas e Sousas. De
1995 a 2003, a cidade confirmou 14 casos de febre maculosa,
dos quais 43% foram a óbito.