Serviço 156 registra aumento de chamadas sobre infestação de escorpiões

19/01/2004

Denize Assis

As solicitações de moradores de Campinas para vistoria em focos de escorpiões chegam a quadruplicar na época das chuvas, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 19 de janeiro, pela coordenação do serviço 156 da Prefeitura. Em outubro de 2.003, foram 21 solicitações, em novembro 20 e em dezembro 26, contra quatro em maio, mês em que o serviço recebeu o menor número de chamadas. As demandas são encaminhadas para a Secretaria de Saúde.

"Nos meses de primavera e verão, que coincidem com a fase reprodutiva destes animais peçonhentos, os escorpiões acabam desabrigados porque cresce o volume de água nas redes de escoamento", diz a médica veterinária Tosca de Lucca Benini, da Secretaria Municipal de Saúde. "E com o aumento da quantidade deles no meio ambiente e em locais de maior acesso para o homem, cresce também o risco de acidentes".

No Estado de São Paulo, de 1988 a 1998 foram registrados 15,2 mil acidentes com escorpiões e 31 óbitos. Em Campinas, o serviço de referência para este tipo de ocorrência é o Centro de Controle de Intoxicações (CCI) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, a unidade não dispõe de dados atualizados sobre este tipo de acidente.

De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde, dos 25 acidentes com animais peçonhentos registrados pela Vigilância em Saúde da Prefeitura em 2.003, oito foram ocasionados por escorpiões. No entanto, nem todos os casos são registrados nos serviços de saúde da Prefeitura porque a maioria dos pacientes é encaminhada diretamente para o CCI.

Segundo a médica veterinária Jeanette Trigo Nasser, da Vigilância em Saúde da Prefeitura, as espécies encontradas em Campinas são a do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e a do escorpião marrom (Tityus bahiensis). A picada da espécie Tityus serrulatus é mais grave porque ele inocula mais veneno.

Jeanette informa que a cidade tem uma incidência importante destes animais peçonhentos em todas as cinco regiões do município. Alguns locais, pelas características favoráveis, como tipo de solo e clima, registram uma população maior. É o caso do Centro e de alguns bairros das regiões Norte e Sudoeste.

Segundo ela, a gravidade dos acidentes varia de acordo com vários fatores. "A quantidade de veneno injetado, bem como a idade e peso da vítima podem fazer a diferença", diz. O veneno, explica Jeanette, atua principalmente no sistema nervoso (ação neurotóxica). "A substância provoca dor intensa, abaixa a temperatura do corpo, acelera a pulsação e pode matar".

A veterinária diz que os acidentes mais freqüentes variam de leves a moderados. De acordo com ela, nos casos graves, além da anestesia local, o paciente recebe soro antiescorpiônico. "O soro aplicado para o tratamento é feito do próprio veneno do escorpião", informa.
Prevenção. Para prevenir a infestação de escorpiões, as pessoas devem conservar os arredores da casa livres de todo tipo de entulho, telha ou tijolos. Segundo o biólogo Daniel Coradi de Freitas, coordenador da Vigilância em Saúde do Distrito Sul, é muito freqüente o transporte desses animais peçonhentos em pilhas de móveis e materiais de construção ou madeira, principalmente se os materiais forem levados de chácaras para a cidade.
Por isso, segundo Daniel, a pessoa deve fazer a carga peça por peça e se proteger com luva grossa para manipular os objetos. O biólogo ressalta que o uso de veneno para o controle destes animais não funciona.

Segundo Daniel, o Centro de Saúde deve ser notificado toda vez que um escorpião for encontrado, mesmo que não tenha havido acidentes. Em casos de acidentes, as pessoas devem procurar Centro de Saúde ou serem encaminhadas ao CCI. Se possível, o animal peçonhento deve ser levado para identificação. Os Distritos de Saúde e o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também podem ser acionados para orientar quanto à prevenção e realizar identificação da espécie.

Saiba como prevenir:

Terrenos baldios ao lado da casa devem ser mantidos limpos, sem mato, pedras ou tocos;

O quintal também precisa estar limpo e livre de restos de construção, garrafas, tábuas, folhas secas etc.

O Lixo doméstico deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados ou lixeiras com tampa e colocado momentos antes da coleta em suportes altos. É importante nunca jogar o lixo em terrenos baldios e denunciar quando isto ocorrer;

Os ralos da casa precisam ser substituídos por modelos do tipo abre e fecha ou vedados com tela milimétrica ou borracha;

Os espelhos quebrados de interruptores devem ser trocados ou vedados com fita adesiva, papelão ou isopor;

Pontos de luz do teto devem ser vedados com massa corrida ou fita adesiva;

Pias e tanques precisam ficar tampados;

Caixas de gorduras não devem ter frestas;

Paredes de tijolo baiano e muros devem ser rebocados;

Soleiras de portas precisam ser vedadas com rodos de borracha, panos ou rolinhos de areia ao entardecer;

Usar calçados e luvas de couro quando for trabalhar com materiais que possam abrigar escorpiões.

Essas recomendações também servem para o controle de aranhas.

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