Denize Assis
As solicitações
de moradores de Campinas para vistoria em focos de escorpiões
chegam a quadruplicar na época das chuvas, segundo dados
divulgados nesta segunda-feira, 19 de janeiro, pela coordenação
do serviço 156 da Prefeitura. Em outubro de 2.003, foram 21
solicitações, em novembro 20 e em dezembro 26, contra quatro
em maio, mês em que o serviço recebeu o menor número de
chamadas. As demandas são encaminhadas para a Secretaria de
Saúde.
"Nos
meses de primavera e verão, que coincidem com a fase
reprodutiva destes animais peçonhentos, os escorpiões acabam
desabrigados porque cresce o volume de água nas redes de
escoamento", diz a médica veterinária Tosca de Lucca
Benini, da Secretaria Municipal de Saúde. "E com o
aumento da quantidade deles no meio ambiente e em locais de
maior acesso para o homem, cresce também o risco de
acidentes".
No Estado de
São Paulo, de 1988 a 1998 foram registrados 15,2 mil
acidentes com escorpiões e 31 óbitos. Em Campinas, o serviço
de referência para este tipo de ocorrência é o Centro de
Controle de Intoxicações (CCI) da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). No entanto, a unidade não dispõe de
dados atualizados sobre este tipo de acidente.
De acordo com
informações da Secretaria Municipal de Saúde, dos 25
acidentes com animais peçonhentos registrados pela Vigilância
em Saúde da Prefeitura em 2.003, oito foram ocasionados por
escorpiões. No entanto, nem todos os casos são registrados
nos serviços de saúde da Prefeitura porque a maioria dos
pacientes é encaminhada diretamente para o CCI.
Segundo a médica
veterinária Jeanette Trigo Nasser, da Vigilância em Saúde
da Prefeitura, as espécies encontradas em Campinas são a do
escorpião amarelo (Tityus serrulatus) e a do escorpião
marrom (Tityus bahiensis). A picada da espécie Tityus
serrulatus é mais grave porque ele inocula mais veneno.
Jeanette
informa que a cidade tem uma incidência importante destes
animais peçonhentos em todas as cinco regiões do município.
Alguns locais, pelas características favoráveis, como tipo
de solo e clima, registram uma população maior. É o caso do
Centro e de alguns bairros das regiões Norte e Sudoeste.
Segundo ela,
a gravidade dos acidentes varia de acordo com vários fatores.
"A quantidade de veneno injetado, bem como a idade e peso
da vítima podem fazer a diferença", diz. O veneno,
explica Jeanette, atua principalmente no sistema nervoso (ação
neurotóxica). "A substância provoca dor intensa, abaixa
a temperatura do corpo, acelera a pulsação e pode
matar".
A veterinária
diz que os acidentes mais freqüentes variam de leves a
moderados. De acordo com ela, nos casos graves, além da
anestesia local, o paciente recebe soro antiescorpiônico.
"O soro aplicado para o tratamento é feito do próprio
veneno do escorpião", informa.
Prevenção. Para prevenir a infestação de escorpiões,
as pessoas devem conservar os arredores da casa livres de todo
tipo de entulho, telha ou tijolos. Segundo o biólogo Daniel
Coradi de Freitas, coordenador da Vigilância em Saúde do
Distrito Sul, é muito freqüente o transporte desses animais
peçonhentos em pilhas de móveis e materiais de construção
ou madeira, principalmente se os materiais forem levados de chácaras
para a cidade.
Por isso, segundo Daniel, a pessoa deve fazer a carga peça
por peça e se proteger com luva grossa para manipular os
objetos. O biólogo ressalta que o uso de veneno para o
controle destes animais não funciona.
Segundo
Daniel, o Centro de Saúde deve ser notificado toda vez que um
escorpião for encontrado, mesmo que não tenha havido
acidentes. Em casos de acidentes, as pessoas devem procurar
Centro de Saúde ou serem encaminhadas ao CCI. Se possível, o
animal peçonhento deve ser levado para identificação. Os
Distritos de Saúde e o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)
também podem ser acionados para orientar quanto à prevenção
e realizar identificação da espécie.
Saiba como
prevenir:
Terrenos
baldios ao lado da casa devem ser mantidos limpos, sem mato,
pedras ou tocos;
O quintal
também precisa estar limpo e livre de restos de construção,
garrafas, tábuas, folhas secas etc.
O Lixo doméstico
deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados ou lixeiras
com tampa e colocado momentos antes da coleta em suportes
altos. É importante nunca jogar o lixo em terrenos baldios e
denunciar quando isto ocorrer;
Os ralos da
casa precisam ser substituídos por modelos do tipo abre e
fecha ou vedados com tela milimétrica ou borracha;
Os espelhos
quebrados de interruptores devem ser trocados ou vedados com
fita adesiva, papelão ou isopor;
Pontos de luz
do teto devem ser vedados com massa corrida ou fita adesiva;
Pias e
tanques precisam ficar tampados;
Caixas de
gorduras não devem ter frestas;
Paredes de
tijolo baiano e muros devem ser rebocados;
Soleiras de
portas precisam ser vedadas com rodos de borracha, panos ou
rolinhos de areia ao entardecer;
Usar calçados
e luvas de couro quando for trabalhar com materiais que possam
abrigar escorpiões.
Essas
recomendações também servem para o controle de aranhas.