Em sete meses, Secretaria de Saúde notifica mais de 800 casos de doenças exantemáticas

23/01/2004

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas notificou e investigou mais de 885 casos suspeitos de doenças febris exantemáticas, com quadro de febre e manchas avermelhadas na pele, nos primeiros sete meses de execução do Vigifex. Desde o início do projeto, em maio de 2003, foram investigados 74 casos de dengue com exantema, 155 casos de rubéola, 231 casos de escarlatina, 212 de exantema súbito, 68 de enterovírus, 25 de sarampo, 17 de reação a medicamentos, 13 de adenovírus, 22 de eritema infeccioso, 26 de mononucleose e 12 de febre maculosa com exantema, além de 30 casos com exantema a esclarecer.

O Vigifex é um projeto pioneiro no mundo e está sendo coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS/OMS) em colaboração com o Centro de Controle de Doenças dos EUA. Os resultados serão utilizados como referência para o Plano Mundial de Erradicação do Sarampo e devem estabelecer um sistema de detecção eficaz para o controle das doenças febris exantemáticas no planeta.

Rubéola. A conclusão imediata importante sobre o projeto é com relação à rubéola. Das 155 suspeitas, sete - sendo quatro crianças e três adultos - foram confirmadas. De acordo com Brigina Kemp, enfermeira sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde, isto mostra que devemos reavaliar o trabalho de vacinação e aponta, ainda, a necessidade da aplicação da vacina tríplice viral em mulheres em idade fértil. "Na gestação, a rubéola pode ser transmitida ao feto e causar a síndrome da rubéola congênita", explica a enfermeira.

Segundo a enfermeira Eliana Nogueira Castro de Barros, supervisora do projeto em Campinas, o exantema súbito foi, até o momento, a doença de maior incidência. Dos 212 casos suspeitos, 78 foram confirmados. Exantema súbito, ou roséola, é uma doença viral que atinge crianças menores de quatro anos, principalmente entre 6 meses e 2 anos de idade. Não existe vacina contra a doença.

O maior número de notificações de casos suspeitos foi de escarlatina. Causada por uma bactéria, a doença acomete principalmente crianças entre 2 e 10 anos de idade. Para reduzir o risco de complicações, é necessário tratamento específico com antibiótico durante 10 dias. Não há vacina contra a escarlatina.

A maioria das notificações para o Vigifex são de crianças com até 5 anos. E as maiores fontes notificadoras foram os centros de saúde, módulos de saúde da família e prontos-socorros da Prefeitura de Campinas. O serviço específico que mais notificou foi o Hospital Celso Pierro.

Segundo Eliana, os primeiros resultados do Vigifex são positivos. "Apesar de todas as dificuldades comuns a todo trabalho pioneiro, houve uma resposta positiva da comunidade de saúde de Campinas e da população", diz. A enfermeira afirma que o número de notificações ficou acima do esperado. E destaca que os serviços de saúde da rede municipal de Campinas estão dando um apoio importante ao projeto.

Eficiência. De acordo Cristiana Toscano, coordenadora internacional do Vigifex e consultora internacional do Programa de Vacinas e Imunizações da Opas, Campinas foi escolhida no mundo todo para a implantação do Vigifex pelas suas características e condições técnicas. "A cidade possui baixa incidência de rubéola e alta notificação de casos suspeitos de rubéola/sarampo, o que denota uma eficiência na vigilância", diz. Até o momento, foram notificados 25 casos suspeitos de sarampo e nenhum deles foi confirmado.

A OMS levou em conta ainda que Campinas possui uma boa rede de saúde pública e privada. E também considerou que o número de casos suspeitos de doenças febris exantemáticas investigados na cidade é o maior do continente americano e é três vezes superior ao verificado no Estado de São Paulo.

Além disso, para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número de habitantes, o apoio da sociedade médica local, a existência de laboratórios de referência e o fato da cidade contar com duas universidades e uma boa rede hospitalar. Também foram consideradas questões logísticas e financeiras.

O investimento total para o projeto é de US$ 150 mil, aplicados em kits laboratoriais, pagamento de pessoal, logística de informação e transporte de amostras, processamento e análise de dados e divulgação. A duração do Vigifex é de um ano, podendo ser prorrogada.

O projeto é desenvolvido em parceria com organizações internacionais, Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e com apoio e colaboração de representantes da comunidade médica e de diversas instituições de saúde de Campinas. A Secretaria Municipal de saúde de Campinas é a coordenadora local do projeto.

Para notificar os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde devem acessar o endereço eletrônico www.campinas.sp.gov.br/saude (link vigifex) ou entrar em contato pelos números 0800 7700555, (19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código 113001.

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