Denize Assis
A Secretaria
de Saúde de Campinas notificou e investigou mais de 885 casos
suspeitos de doenças febris exantemáticas, com quadro de
febre e manchas avermelhadas na pele, nos primeiros sete meses
de execução do Vigifex. Desde o início do projeto, em maio
de 2003, foram investigados 74 casos de dengue com exantema,
155 casos de rubéola, 231 casos de escarlatina, 212 de
exantema súbito, 68 de enterovírus, 25 de sarampo, 17 de reação
a medicamentos, 13 de adenovírus, 22 de eritema infeccioso,
26 de mononucleose e 12 de febre maculosa com exantema, além
de 30 casos com exantema a esclarecer.
O Vigifex é
um projeto pioneiro no mundo e está sendo coordenado pela
Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de
Saúde (OPAS/OMS) em colaboração com o Centro de Controle de
Doenças dos EUA. Os resultados serão utilizados como referência
para o Plano Mundial de Erradicação do Sarampo e devem
estabelecer um sistema de detecção eficaz para o controle
das doenças febris exantemáticas no planeta.
Rubéola.
A conclusão imediata importante sobre o projeto é com relação
à rubéola. Das 155 suspeitas, sete - sendo quatro crianças
e três adultos - foram confirmadas. De acordo com Brigina
Kemp, enfermeira sanitarista da Secretaria Municipal de Saúde,
isto mostra que devemos reavaliar o trabalho de vacinação e
aponta, ainda, a necessidade da aplicação da vacina tríplice
viral em mulheres em idade fértil. "Na gestação, a rubéola
pode ser transmitida ao feto e causar a síndrome da rubéola
congênita", explica a enfermeira.
Segundo a
enfermeira Eliana Nogueira Castro de Barros, supervisora do
projeto em Campinas, o exantema súbito foi, até o momento, a
doença de maior incidência. Dos 212 casos suspeitos, 78
foram confirmados. Exantema súbito, ou roséola, é uma doença
viral que atinge crianças menores de quatro anos,
principalmente entre 6 meses e 2 anos de idade. Não existe
vacina contra a doença.
O maior número
de notificações de casos suspeitos foi de escarlatina.
Causada por uma bactéria, a doença acomete principalmente
crianças entre 2 e 10 anos de idade. Para reduzir o risco de
complicações, é necessário tratamento específico com
antibiótico durante 10 dias. Não há vacina contra a
escarlatina.
A maioria das
notificações para o Vigifex são de crianças com até 5
anos. E as maiores fontes notificadoras foram os centros de saúde,
módulos de saúde da família e prontos-socorros da
Prefeitura de Campinas. O serviço específico que mais
notificou foi o Hospital Celso Pierro.
Segundo
Eliana, os primeiros resultados do Vigifex são positivos.
"Apesar de todas as dificuldades comuns a todo trabalho
pioneiro, houve uma resposta positiva da comunidade de saúde
de Campinas e da população", diz. A enfermeira afirma
que o número de notificações ficou acima do esperado. E
destaca que os serviços de saúde da rede municipal de
Campinas estão dando um apoio importante ao projeto.
Eficiência.
De acordo Cristiana Toscano, coordenadora internacional do
Vigifex e consultora internacional do Programa de Vacinas e
Imunizações da Opas, Campinas foi escolhida no mundo todo
para a implantação do Vigifex pelas suas características e
condições técnicas. "A cidade possui baixa incidência
de rubéola e alta notificação de casos suspeitos de rubéola/sarampo,
o que denota uma eficiência na vigilância", diz. Até o
momento, foram notificados 25 casos suspeitos de sarampo e
nenhum deles foi confirmado.
A OMS levou
em conta ainda que Campinas possui uma boa rede de saúde pública
e privada. E também considerou que o número de casos
suspeitos de doenças febris exantemáticas investigados na
cidade é o maior do continente americano e é três vezes
superior ao verificado no Estado de São Paulo.
Além disso,
para a escolha de Campinas, foram levados em conta o número
de habitantes, o apoio da sociedade médica local, a existência
de laboratórios de referência e o fato da cidade contar com
duas universidades e uma boa rede hospitalar. Também foram
consideradas questões logísticas e financeiras.
O
investimento total para o projeto é de US$ 150 mil, aplicados
em kits laboratoriais, pagamento de pessoal, logística de
informação e transporte de amostras, processamento e análise
de dados e divulgação. A duração do Vigifex é de um ano,
podendo ser prorrogada.
O projeto é
desenvolvido em parceria com organizações internacionais,
Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e com
apoio e colaboração de representantes da comunidade médica
e de diversas instituições de saúde de Campinas. A
Secretaria Municipal de saúde de Campinas é a coordenadora
local do projeto.
Para
notificar os casos ao Vigifex, os profissionais de saúde
devem acessar o endereço eletrônico www.campinas.sp.gov.br/saude
(link vigifex) ou entrar em contato pelos números 0800
7700555, (19) 3735 0286 ou pelo BIP 08007074242 código
113001.