Mário Gatti é pioneiro na classificação de risco

27/01/2004

O processo de atendimento por classificação de risco, em fase de implantação no pronto-socorro do Hospital de Clínicas da Unicamp, já funciona no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti (HMMG) desde o início de 2001. Esse sistema de acolhimento, inspirado em um modelo canadense, classifica os pacientes de acordo com o potencial de risco, agravos à saúde ou grau de sofrimento.

“Sistemas semelhantes também foram adotados nos Estados Unidos e na Europa. Aqui no Mário Gatti o modelo foi adaptado à nossa realidade e é aperfeiçoado a cada dia”, explica a enfermeira Marilene Wagner, gerente do Pronto-Socorro do HMMG. Segundo ela, a idéia é avaliar o paciente logo na sua chegada e encaminhá-lo de acordo com sua gravidade.

Hoje, o Pronto-Socorro do Mário Gatti atende uma média de 14.500 pacientes por mês. Desse volume, 75% são pacientes que carecem de atendimento clínico. O restante necessita de encaminhamento para cirurgia.

Marilene explica que, no modelo canadense, o paciente é classificado por níveis de agravos, representados por letras do alfabeto, com nível “A” para os mais graves, com risco de vida, “B” para graves sem risco e assim por diante.

No Mário Gatti, essa classificação é feita por cores. “Entendemos que as cores ajudam o usuário a assimilar melhor esse critério. De qualquer forma – ressalta a enfermeira - é importante lembrar que, nos casos de urgência, o atendimento é imediato, sem nenhuma espera”.

De acordo com seu agravo ou grau de sofrimento, o paciente é categorizado em quatro níveis. Por esse critério, ele é remetido a uma ala do hospital, identificada por uma cor.

A distribuição dos pacientes é feita, inicialmente, por meio dos agentes de triagem (ou acolhimento), que encaminharão cada um às áreas específicas, seguindo um protocolo baseado na queixa.

A classificação

Doentes graves, que necessitam de atendimento médico e de enfermagem imediato, são encaminhados à Ala Vermelha. Daí, ele pode seguir para o Centro Cirúrgico, UTI ou para a Ala Amarela.

A Ala Amarela, dotada de equipamentos de última geração e com atendimento de enfermagem 24 horas por dia, recebe doentes que necessitam ser atendidos o mais rápido possível, mas que não correm risco imediato de vida.

Para a Ala Verde seguem os doentes em condições não-agudas, porém encaminhados com prioridade ao atendimento médico. Ali o paciente pode ser mantido em observação enquanto é medicado.

Por fim, quando os pacientes não são encaixados em nenhuma das condições descritas acima, são encaminhados para a Ala Azul, situação em que são atendidos por ordem de chegada.

Na Ala Vermelha, onde o atendimento é imediato, encaixam-se os pacientes politraumatizados graves, com trauma crânio encefálico grave, em estado de coma, com crises convulsivas, queimaduas e outras complicações graves.

O tempo de espera para ser atendido na Ala Amarela é de 15 a 30 minutos. Aí incluem-se pacientes acometidos de cefaléia intensa, diminuição no nível de consciência, vômitos e diarréias agudas, crise asmática, entre outros.

A Ala verde, com tempo de espera em torno de uma hora, é reservada a pacientes com idade superior a 60 anos, gestantes com complicações na gravidez, pacientes escoltados, deficientes físicos e demais em condições não agudas.

Já os pacientes da Ala Azul, que passam por consulta e depois são liberados, o tempo de espera vai depender da demanda do momento.

Humanização

O modelo de acolhimento do Hospital ganhou impulso após convite recebido pelo Mário Gatti, em julho de 2000, feito pelo Comitê Técnico de Humanização de Serviços de Saúde, do Ministério da Saúde, para elaborar um projeto-piloto nessa área.

 A Partir daí, o Grupo de Humanização, formado por funcionários da área clínica e administrativa e por representantes dos usuários, passou a se reunir semanalmente. Desde então, muitos projetos foram implantados no Hospital com a intenção de reforçar a humanização.

Entre outros objetivos, os programas de humanização objetivam possibilitar a permanência da família junto ao paciente no período de internação, oferecer informações nas áreas de espera do pronto-socorro, contribuir para a recuperação do paciente em níveis compatíveis com sua dignidade humana e seus direitos sociais, além proporcionar a valorização dos questionamentos dos usuários na internação com a equipe de saúde.

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