Denize Assis
A Secretaria de
Saúde de Campinas iniciou, na última segunda-feira, dia 3,
investigação para averiguar se a morte de um homem, ocorrida na
última segunda-feira, dia 3 de janeiro, foi febre maculosa. A
pessoa, que morava em Barão Geraldo, foi internada no dia 1 de
janeiro, em um hospital da rede privada, com febre, dor de cabeça,
dor muscular e queda do estado geral. O quadro evoluiu com petéquias,
exantemas (manchas vermelhas na pele), taquipinéia (respiração
acelerada) e insuficiência renal e respiratória e a pessoa foi a
óbito no dia 3.
Segundo a Vigilância
em Saúde Municipal, por causa deste quadro, grave e agudo, os técnicos
investigam também a probabilidade de leptospirose, dengue hemorrágica,
hantavirose e febre amarela. Há informação de que a vítima
teve contato com carrapato, o que reforça a suspeita de febre
maculosa.
"Porém, estão
sendo investigados outros antecedentes epidemiológicos que a
pessoa teve - se viajou para algum lugar onde há transmissão de
doença, que ambientes freqüentou, se teve contato com ratos
entre outros - para reforçar ou descartar as hipóteses em questão",
afirma a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Saúde
Coletiva de Campinas.
Salma informa que
foram colhidas amostras para exames laboratoriais que estão sendo
processados pelo Instituto Adolfo Lutz. Segundo a sanitarista, a
Secretaria de Saúde aguarda o resultado dos exames para a conclusão
do caso para desencadear outras medidas necessárias como intervenção
ambiental no local da contaminação.
Com relação à
suspeita de febre maculosa, a Secretaria de Saúde informa que, de
imediato, todas as medidas ambientais e sanitárias para prevenir
novos casos em um local de risco onde a vítima esteve serão
implementadas. A população da área que freqüenta o local será
orientada pelos técnicos do Núcleo de Saúde Coletiva do Centro
de Saúde de Barão Geraldo, que é referência para aquela população.
Saiba sobre a
febre maculosa.
Comum na região de Campinas, a febre maculosa é provocada por
uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem
pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. Os
sintomas são parecidos com os de outras doenças, como
leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais sinais são
febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e
manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e
prostração.
Não há vacinas
disponíveis eficazes para a doença. No entanto, as pessoas podem
tomar certos cuidados para evitá-la. O ideal é evitar o acesso a
áreas de infestação. Na região de Campinas, já estão
confirmados casos de pessoas infectadas nas margens dos rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de
Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.
Em Campinas, há
registros de transmissão em Joaquim Egídeo, Fazenda Barra
Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes, área próxima
à Fazenda Solar das Andorinhas, Sousas e Lagoa do Taquaral.
Se precisar
transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve
proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e
calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um
auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.
De acordo com técnicos
da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada
dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a
prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a
retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e
portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais
como reação inflamatória ou infecção secundária.
Por isso, a
orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de
carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde.
Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o
carrapato. Ele também pode verificar se há outros exemplares
aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença,
sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de
prevenção.
Ocorrências.
A febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória nos
municípios da Direção Regional de Saúde de Campinas (DIR-12)
em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos vem aumentando.
Em Campinas, de 1995 a 2004 foram confirmados 16 casos, sendo que
6 deles foram a óbito. Somente no ano passado, foram investigadas
60 ocorrências e duas delas foram confirmadas.
De acordo com a
enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Saúde Coletiva de
Campinas, apesar de atingir menos gente do que outras doenças
infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de
letalidade – entre 40% e 50%. No entanto, segundo ela, se
tratada no começo do aparecimento dos sintomas, geralmente tem
boa evolução. "Quanto mais precoce for iniciado o
tratamento, maior a probabilidade de cura", diz. "Por
isso, os profissionais precisam estar sensíveis para suspeitar
precocemente dos casos e, assim, iniciar tratamento rápido".