Secretaria de Saúde investiga caso suspeito de febre maculosa

05/01/2005

Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas iniciou, na última segunda-feira, dia 3, investigação para averiguar se a morte de um homem, ocorrida na última segunda-feira, dia 3 de janeiro, foi febre maculosa. A pessoa, que morava em Barão Geraldo, foi internada no dia 1 de janeiro, em um hospital da rede privada, com febre, dor de cabeça, dor muscular e queda do estado geral. O quadro evoluiu com petéquias, exantemas (manchas vermelhas na pele), taquipinéia (respiração acelerada) e insuficiência renal e respiratória e a pessoa foi a óbito no dia 3.

Segundo a Vigilância em Saúde Municipal, por causa deste quadro, grave e agudo, os técnicos investigam também a probabilidade de leptospirose, dengue hemorrágica, hantavirose e febre amarela. Há informação de que a vítima teve contato com carrapato, o que reforça a suspeita de febre maculosa.

"Porém, estão sendo investigados outros antecedentes epidemiológicos que a pessoa teve - se viajou para algum lugar onde há transmissão de doença, que ambientes freqüentou, se teve contato com ratos entre outros - para reforçar ou descartar as hipóteses em questão", afirma a enfermeira sanitarista Salma Balista, coordenadora da Saúde Coletiva de Campinas.

Salma informa que foram colhidas amostras para exames laboratoriais que estão sendo processados pelo Instituto Adolfo Lutz. Segundo a sanitarista, a Secretaria de Saúde aguarda o resultado dos exames para a conclusão do caso para desencadear outras medidas necessárias como intervenção ambiental no local da contaminação.

Com relação à suspeita de febre maculosa, a Secretaria de Saúde informa que, de imediato, todas as medidas ambientais e sanitárias para prevenir novos casos em um local de risco onde a vítima esteve serão implementadas. A população da área que freqüenta o local será orientada pelos técnicos do Núcleo de Saúde Coletiva do Centro de Saúde de Barão Geraldo, que é referência para aquela população.

Saiba sobre a febre maculosa. Comum na região de Campinas, a febre maculosa é provocada por uma bactéria (Rickttsia rickettssii) transmitida ao homem pelo carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) ou micuim. Os sintomas são parecidos com os de outras doenças, como leptospirose e dengue hemorrágica. Os principais sinais são febre alta com início súbito, dor de cabeça, dores musculares e manchas vermelhas na pele. Também podem surgir dor abdominal e prostração.

Não há vacinas disponíveis eficazes para a doença. No entanto, as pessoas podem tomar certos cuidados para evitá-la. O ideal é evitar o acesso a áreas de infestação. Na região de Campinas, já estão confirmados casos de pessoas infectadas nas margens dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, principalmente nos municípios de Pedreira, Jaguariúna e Campinas, além de Amparo e Valinhos.

Em Campinas, há registros de transmissão em Joaquim Egídeo, Fazenda Barra Jaguari, Fazendo Monte D’Este, Parque Hermógenes, área próxima à Fazenda Solar das Andorinhas, Sousas e Lagoa do Taquaral.

Se precisar transitar em áreas de risco para a doença, a pessoa deve proteger todo corpo usando roupas claras com mangas compridas e calças compridas. A cada duas horas é necessário fazer um auto-exame para verificar se há carrapatos aderidos à pele.

De acordo com técnicos da Vigilância Epidemiológica de Campinas, o momento da retirada dos carrapatos de uma pessoa parasitada é importante para a prevenção da doença. Quanto mais precoce, completa e segura a retirada, menor a chance de inoculação de bactérias – e portanto de surgir febre maculosa – e de complicações locais como reação inflamatória ou infecção secundária.

Por isso, a orientação da Secretaria de Saúde é para que a retirada de carrapatos seja feita, de preferência, nos Centros de Saúde. Nestes serviços, o profissional está preparado para retirar o carrapato. Ele também pode verificar se há outros exemplares aderidos ao corpo da pessoa e orientá-la sobre a doença, sintomas, quando procurar o profissional de saúde e maneiras de prevenção.

Ocorrências. A febre maculosa passou a ser de notificação obrigatória nos municípios da Direção Regional de Saúde de Campinas (DIR-12) em 1989. Desde lá, o número de casos suspeitos vem aumentando. Em Campinas, de 1995 a 2004 foram confirmados 16 casos, sendo que 6 deles foram a óbito. Somente no ano passado, foram investigadas 60 ocorrências e duas delas foram confirmadas.

De acordo com a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, da Saúde Coletiva de Campinas, apesar de atingir menos gente do que outras doenças infecciosas, a febre maculosa preocupa pela alta taxa de letalidade – entre 40% e 50%. No entanto, segundo ela, se tratada no começo do aparecimento dos sintomas, geralmente tem boa evolução. "Quanto mais precoce for iniciado o tratamento, maior a probabilidade de cura", diz. "Por isso, os profissionais precisam estar sensíveis para suspeitar precocemente dos casos e, assim, iniciar tratamento rápido".

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