Denize Assis
As solicitações
de moradores de Campinas para vistoria em focos de escorpiões
chegam a ser até quatro vezes maior na época das chuvas,
segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 13 de janeiro, pela
coordenação do serviço 156 da Prefeitura. Em dezembro de
2004, foram 26 solicitações e, somente nos 10 primeiros dias
deste ano, foram registradas 9, contra cinco em junho e julho de
2004, meses em que o serviço recebeu o menor número de
chamadas. As demandas são encaminhadas para a Secretaria
Municipal de Saúde.
"Nos meses
de primavera e verão, que coincidem com a fase reprodutiva de
animais peçonhentos, os escorpiões acabam desabrigados em
conseqüência das inundações e porque cresce o volume de água
nas redes de escoamento", diz o médico veterinário Cláudio
Luiz Castagna, da Vigilância em Saúde (Visa) Sudoeste. "E
com a maior disponibilidade deles no meio ambiente e em locais
de maior acesso para o homem, aumenta também o risco de
acidentes".
No Estado de São
Paulo, de 1988 a 1998 foram registrados 15,2 mil acidentes com
escorpiões e 31 óbitos. Em Campinas, o serviço de referência
para este tipo de ocorrência é o Centro de Controle de
Intoxicações (CCI) da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). No entanto, a unidade não dispõe de dados
atualizados sobre este tipo de acidente.
De acordo com
informações do Departamento de Saúde Coletiva Municipal, dos
214 acidentes com animais peçonhentos registrados pela Vigilância
em Saúde em 2004, 36 foram ocasionados por escorpiões e o mês
com o maior número de ocorrências foi janeiro, quando houve 10
acidentes. Não houve mortes segundo as informações da
Secretaria de Saúde. No entanto, é necessário considerar que
nem todos os casos são registrados nos serviços de saúde da
Prefeitura porque a maioria dos pacientes é encaminhada
diretamente para o CCI.
Segundo o biólogo
Edílson Geanfrancesco Soave, da Visa Sudoeste, as espécies
encontradas em Campinas são a do escorpião amarelo (Tityus
serrulatus) e a do escorpião marrom (Tityus bahiensis).
A picada da espécie Tityus serrulatus é mais grave
porque ele inocula mais veneno.
Edílson
informa que a cidade tem uma incidência importante destes
animais peçonhentos em todas as cinco regiões do município.
Porém, alguns locais, pelas características favoráveis, como
tipo de solo e clima, registram uma população maior. É o caso
da maioria dos bairros da Região Sudoeste, entre eles Vila União
e Jardim Santa Letícia, onde é encontrada a espécie Tityus
serrulatus, Parque Ipiranga, Jardim São João e Jardim
Vista Alegre, onde encontra-se o Tityus bahiensis.
Em 2004, a Região
Sudoeste foi a que registrou a maioria dos acidentes com escorpiões
na cidade. Em seguida constam as Regiões Sul e Leste, seguida
da Norte. Na Noroeste, não foram registradas ocorrências em
2004.
Segundo Edílson,
a gravidade dos acidentes varia de acordo com alguns fatores.
"A quantidade de veneno injetado, bem como a idade e peso
da vítima podem fazer a diferença", diz. Em Campinas, os
acidentes têm sido verificados em pessoas de todas as faixas etárias,
com uma concentração maior em homens com idade entre 15 e 49
anos. O veneno, afirma Edílson, atua principalmente no sistema
nervoso (ação neurotóxica). "A substância provoca dor
intensa, abaixa a temperatura do corpo, acelera a pulsação e
pode matar".
O biólogo diz
que os acidentes mais freqüentes variam de leves a moderados.
De acordo com ele, nos casos graves, além da anestesia local, o
paciente recebe soro antiescorpiônico. "O soro aplicado
para o tratamento é feito do próprio veneno do escorpião",
informa.
Prevenção. Para prevenir a infestação de escorpiões,
as pessoas devem conservar os arredores da casa livres de todo
tipo de entulho, telha ou tijolos. Segundo a bióloga Elen
Fagundes de Telli, coordenadora da Visa do Distrito Sudoeste, é
muito freqüente o transporte desses animais peçonhentos em
pilhas de móveis e materiais de construção ou madeira,
principalmente se estes objetos forem levados de chácaras para
a cidade.
Por isso, segundo Elen, a pessoa deve fazer a carga peça por peça
e se proteger com luva grossa para manipular as peças. A bióloga
ressalta que o uso de veneno para o controle destes animais não
funciona.
Segundo ela, o
Centro de Saúde deve ser notificado toda vez que um escorpião
for encontrado, mesmo que não tenha havido acidentes. Em casos
de acidentes, as pessoas devem procurar Centro de Saúde ou
serem encaminhadas ao CCI. Se possível, o animal peçonhento
deve ser levado para identificação. Os Distritos de Saúde e o
Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) também podem ser acionados
para orientar quanto à prevenção e para realizar identificação
da espécie.
Saiba como
prevenir:
Terrenos
baldios ao lado da casa devem ser mantidos limpos, sem mato,
pedras ou tocos;
O quintal também
precisa estar limpo e livre de restos de construção, garrafas,
tábuas, folhas secas etc.
O Lixo doméstico
deve ser colocado em sacos plásticos bem fechados ou lixeiras
com tampa e colocado momentos antes da coleta em suportes altos.
É importante nunca jogar o lixo em terrenos baldios e denunciar
quando isto ocorrer;
Os ralos da
casa precisam ser substituídos por modelos do tipo abre e fecha
ou vedados com tela milimétrica ou borracha;
Os espelhos
quebrados de interruptores devem ser trocados ou vedados com
fita adesiva, papelão ou isopor;
Pontos de luz
do teto devem ser vedados com massa corrida ou fita adesiva;
Pias e tanques
precisam ficar tampados;
Caixas de
gorduras não devem ter frestas;
Paredes de
tijolo baiano e muros devem ser rebocados;
Soleiras de
portas precisam ser vedadas com rodos, panos ou rolinhos de
areia ao entardecer;
Usar calçados
e luvas de couro quando for trabalhar com materiais que possam
abrigar escorpiões.
Essas recomendações
também servem para o controle de aranhas.