Decreto estabelece plano de ação para prevenção de febre maculosa, dengue e leptospirose

09/01/2006

O prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, e os secretários municipais de Saúde, Gilberto Selber, e de Assuntos Jurídicos, Carlos Henrique Pinto, assinam decreto, a ser publicado no Diário Oficial esta semana, que estabelece o Plano Emergencial de Ação para Prevenção de Zoonoses em complemento à Operação Verão de 2005/2006 do Sistema Municipal de Defesa Civil e Outros Órgãos da Administração Pública.

O objetivo é a prevenção ampliada de febre maculosa, com enfoque no controle de carrapatos e manejo de capivaras e de outros animais urbanos de grande porte, além da prevenção de dengue e leptospirose.

Para viabilizar o plano será constituída uma comissão municipal com participação do Gabinete do Prefeito e das Secretarias Municipais de Saúde, Assuntos Jurídicos, Educação, Infra-estrutura, Planejamento e Meio Ambiente, Cooperação nos Assuntos de Segurança Pública, Departamento de Comunicação e órgãos afins.

O médico sanitarista Carlos Eduardo Cantúsio Abrahão, coordenador da Saúde Ambiental da Prefeitura, informa que esta comissão intersetorial é fundamental para garantir, como prevê o plano, ações contínuas e integradas nos parques públicos, terrenos, praças, áreas de proteção ambiental e áreas particulares.

As medidas incluem limpeza urbana, limpeza de terrenos e parques públicos, podas de mato e retiradas de folhiços, arrastões e mutirões para retirada e/ou inviabilização de criadouros, informação, educação em saúde e comunicação e mobilização social, além da alocação de recursos entre outras.

Ações. Antecipando-se ao decreto, a comissão já se reuniu nesta segunda-feira, dia 9, e formou dois subgrupos. Um deles, constituído por representantes dos Departamentos de Saúde, Meio Ambiente e de Parques e Jardins, vai realizar o diagnóstico e os projetos de intervenção nas áreas e parques públicos com problema para febre maculosa.

O outro, formado por técnicos das Administrações Regionais (ARs) e Cofit, Departamento de Limpeza Urbana e da secretaria de Saúde, vai atuar para mapear, em cada região, áreas de maior risco para dengue e leptospirose e apontar recursos materiais necessários para a intervenção.

A reunião de hoje foi aberta pelo prefeito Hélio de Oliveira Santos e contou com a presença do secretário municipal de Saúde, Gilberto Selber. O prefeito ressaltou a importância da publicação do decreto para nortear as ações e sugeriu a coordenação operacional para o plano. A próxima reunião acontece no dia 19 de janeiro.

Saiba sobre as zoonoses. As zoonoses são doenças que podem ser transmitidas para o homem pelos animais. No Plano Emergencial de Ação para Prevenção de Zoonoses, estão especificadas ações para febre maculosa, dengue e leptospirose porque estes são agravos que apresentam mecanismos ambientais correlatos de controle.

Febre maculosa. A febre maculosa brasileira (FMB) é uma doença infecciosa febril aguda causada por uma bactéria do gênero Rickettsia. Os principais reservatórios das Rickettsias são os carrapatos da espécie Amblyomma cajennense, popularmente conhecidos como ‘carrapato-estrela’.

Alguns dos principais sintomas da doença são febre, dores de cabeça e no corpo e mal-estar generalizado, entre outros. Nos estágios mais graves, a pessoa apresenta manchas avermelhadas na pele. Quando diagnosticada precocemente, o tratamento da febre maculosa, feito com antibióticos, é altamente eficaz e garante a cura do paciente. Campinas notificou o primeiro caso da doença em 1995 e, desde então, foram confirmados 25 casos, com 6 óbitos.

Dengue. A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna, na maioria dos casos, e seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, que se desenvolve em áreas tropicais e subtropicais. Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. A dengue clássica apresenta-se geralmente com febre, dor de cabeça, no corpo, nas articulações e por trás dos olhos, podendo afetar crianças e adultos. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois além dos sintomas citados, é possível ocorrer sangramento, ocasionalmente choque e conseqüências como a morte.

Em 2005, foram notificados 115 casos de dengue em Campinas, sendo 94 autóctones – quando a pessoa é infectada onde mora. O município registra transmissão do vírus da dengue há nove anos consecutivos, com picos epidêmicos em 1998, 2001, 2002 e 2003, sendo que o maior número de casos – 1,4 mil casos - foi registrado em 2002. Em 2003, houve 450 confirmações e, no ano passado, 24.

Leptospirose. A leptospirose é causada pela bactéria leptospira, transmitida ao homem principalmente pela urina do rato. A bactéria é eliminada no meio ambiente e pode sobreviver em locais úmidos, como lama, água e margens de córregos. A doença - para a qual é esperada uma letalidade entre 9% e 20%, conforme a gravidade do caso e as condições de assistência - é considerada como importante problema de saúde pública.

A leptospirose também apresenta sintomas comuns aos da febre maculosa e dengue, como febre e dores no corpo e dor de cabeça. Além disso, podem ocorrer dor na panturrilha (barriga da perna) ou, nas formas mais graves, o paciente pode apresentar, além do quadro já descrito, icterícia (coloração amarelada da pele), calafrios, diminuição da urina, fraqueza e hemorragias na pele e olhos. Em 2005, foram confirmados 31 casos de leptospirose em Campinas. Não houve óbitos.

Denize Assis

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