A Secretaria de Saúde de Campinas vai capacitar, no mês
que vem, as equipes da rede pública municipal de saúde
para aplicar a vacina contra o rotavírus, incluída
recentemente no calendário do Programa Nacional de
Imunizações. A vacina estará à disposição da
população na rotina dos centros de saúde a partir
do final do primeiro trimestre deste ano, segundo
informou nesta terça-feira, 3 de janeiro, o Ministério
da Saúde. O Brasil será o primeiro do mundo a
incluir a dose no sistema público de saúde.
A
capacitação acontece em 21 e 22 de fevereiro. No
primeiro dia, será direcionada a pediatras e
enfermeiros e vai abordar aspectos gerais da vacina.
Na ocasião, haverá participação da médica Helena
Sato, coordenadora da Divisão de Imunização do
Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual (CVE),
que será uma das palestrantes.
Além
disso, a Vigilância Epidemiológica vai divulgar os
dados do surto de rotavírus investigado em Campinas e
informações sobre internação e óbito de doença
diarréica no município. No segundo dia, os
enfermeiros das Visas dos Distritos de Saúde e da
Visa do nível central vão oferecer capacitação
para enfermeiros e auxiliares das salas de vacina,
focando os aspectos operacionais da vacina.
Segundo
o Ministério da Saúde, o rotavírus é responsável
por cerca de 30% das diarréias graves em crianças de
até cinco anos. Com a vacina, a meta é de que ocorra
uma redução em até 42% das internações
hospitalares por diarréias por rotavírus.
Mudanças.
"A última vacina nova introduzida no calendário
infantil do Programa Nacional de Imunizações foi a
Hib (Haemophilus influenza tipo b, que causa meningite
bacteriana), em 1999", informa a enfermeira
sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância
Epidemiológica de Campinas.
Em
1998 foi introduzida no SUS a vacina contra hepatite
B. Com a vacina contra rotavírus, o calendário
infantil do governo passará a cobrir 12 doenças.
Entre elas constam tuberculose, pólio, difteria, tétano,
caxumba, sarampo e rubéola. Todas são aplicadas
gratuitamente nos Centros de Saúde.
A
vacina contra o rotavírus tem a peculiaridade de ser
oral. O esquema vacinal recomendado é de duas doses,
aos dois e quatro meses de idade, simultaneamente com
as vacinas (DTP/Hib) e Sabin. O intervalo mínimo
entre as duas doses é de 4 semanas. A vacina não
deve, de forma alguma, ser aplicada fora destes prazos
e não existe indicação para outras faixas etárias.
Segundo
Brigina, a vacina é eficaz, segura e está
devidamente licenciada, sendo que na pesquisa de campo
foi testada em crianças da faixa etária citada acima
e, portanto, será introduzida para este público
específico. "A introdução de uma nova vacina
deve sempre ser feita de forma cuidadosa. Sendo assim,
somente as crianças que nascerem a cada ano, partir
de 2006, receberão a vacina na idade indicada, sendo
que cada uma vai receber duas doses, a primeira aos
dois e a segunda aos quatro meses", afirma a
sanitarista.
Saiba
sobre o rotavírus.
O rotavírus é um vírus da família Reoviridae,
que causa diarréia grave e freqüentemente
acompanhada de febre e vômito. É hoje considerado o
mais importante agente causador de gastroenterites e
óbitos em crianças menores de cinco anos, em todo
mundo. A maioria das crianças se infecta nos
primeiros anos de vida, porém os casos mais graves
ocorrem principalmente até dois anos de idade. Em
adultos é mais rara, tendo sido relatados surtos em
espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho
ou em hospitais.
A
transmissão é fecal-oral, por água ou alimentos,
por contato pessoa-a-pessoa, objetos e superfícies
contaminados e provavelmente por secreções respiratórias.
A sazonalidade das infecções, estendendo-se desde o
outono até a primavera, é observada nos países de
clima temperado. Nas regiões tropicais as infecções
ocorrem o ano todo.
Denize
Assis