Campinas prepara equipes de saúde para aplicar vacina contra o rotavírus

16/01/2006

A Secretaria de Saúde de Campinas vai capacitar, no mês que vem, as equipes da rede pública municipal de saúde para aplicar a vacina contra o rotavírus, incluída recentemente no calendário do Programa Nacional de Imunizações. A vacina estará à disposição da população na rotina dos centros de saúde a partir do final do primeiro trimestre deste ano, segundo informou nesta terça-feira, 3 de janeiro, o Ministério da Saúde. O Brasil será o primeiro do mundo a incluir a dose no sistema público de saúde.

A capacitação acontece em 21 e 22 de fevereiro. No primeiro dia, será direcionada a pediatras e enfermeiros e vai abordar aspectos gerais da vacina. Na ocasião, haverá participação da médica Helena Sato, coordenadora da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica Estadual (CVE), que será uma das palestrantes.

Além disso, a Vigilância Epidemiológica vai divulgar os dados do surto de rotavírus investigado em Campinas e informações sobre internação e óbito de doença diarréica no município. No segundo dia, os enfermeiros das Visas dos Distritos de Saúde e da Visa do nível central vão oferecer capacitação para enfermeiros e auxiliares das salas de vacina, focando os aspectos operacionais da vacina.

Segundo o Ministério da Saúde, o rotavírus é responsável por cerca de 30% das diarréias graves em crianças de até cinco anos. Com a vacina, a meta é de que ocorra uma redução em até 42% das internações hospitalares por diarréias por rotavírus.

Mudanças. "A última vacina nova introduzida no calendário infantil do Programa Nacional de Imunizações foi a Hib (Haemophilus influenza tipo b, que causa meningite bacteriana), em 1999", informa a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas.

Em 1998 foi introduzida no SUS a vacina contra hepatite B. Com a vacina contra rotavírus, o calendário infantil do governo passará a cobrir 12 doenças. Entre elas constam tuberculose, pólio, difteria, tétano, caxumba, sarampo e rubéola. Todas são aplicadas gratuitamente nos Centros de Saúde.

A vacina contra o rotavírus tem a peculiaridade de ser oral. O esquema vacinal recomendado é de duas doses, aos dois e quatro meses de idade, simultaneamente com as vacinas (DTP/Hib) e Sabin. O intervalo mínimo entre as duas doses é de 4 semanas. A vacina não deve, de forma alguma, ser aplicada fora destes prazos e não existe indicação para outras faixas etárias.

Segundo Brigina, a vacina é eficaz, segura e está devidamente licenciada, sendo que na pesquisa de campo foi testada em crianças da faixa etária citada acima e, portanto, será introduzida para este público específico. "A introdução de uma nova vacina deve sempre ser feita de forma cuidadosa. Sendo assim, somente as crianças que nascerem a cada ano, partir de 2006, receberão a vacina na idade indicada, sendo que cada uma vai receber duas doses, a primeira aos dois e a segunda aos quatro meses", afirma a sanitarista.

Saiba sobre o rotavírus. O rotavírus é um vírus da família Reoviridae, que causa diarréia grave e freqüentemente acompanhada de febre e vômito. É hoje considerado o mais importante agente causador de gastroenterites e óbitos em crianças menores de cinco anos, em todo mundo. A maioria das crianças se infecta nos primeiros anos de vida, porém os casos mais graves ocorrem principalmente até dois anos de idade. Em adultos é mais rara, tendo sido relatados surtos em espaços fechados como escolas, ambientes de trabalho ou em hospitais.

A transmissão é fecal-oral, por água ou alimentos, por contato pessoa-a-pessoa, objetos e superfícies contaminados e provavelmente por secreções respiratórias. A sazonalidade das infecções, estendendo-se desde o outono até a primavera, é observada nos países de clima temperado. Nas regiões tropicais as infecções ocorrem o ano todo.

Denize Assis

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