O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recebeu esta
semana resultados de exames que confirmaram um caso
positivo de raiva em morcego não hematófago no
Bosque dos Jequitibás, uma das áreas públicas de
lazer mais freqüentadas da cidade e que abriga um
zoológico. Os exames foram processados pelo
Instituto Pasteur.
Esta é a segunda ocorrência de foco de raiva em
morcego no Bosque. A primeira aconteceu em 2003. A
raiva é uma doença 100% letal causada por um vírus
que acomete todas as espécies de mamíferos e que
pode ser transmitida ao homem.
Imediatamente após ser informado do caso, nesta
sexta-feira, dia 5 de janeiro, o Secretário
Municipal de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr
Saraiva, se reuniu com um grupo de técnicos composto
por profissionais do Centro de Controle de Zoonoses
(CCZ) e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa)
para planejar e desencadear todas as medidas
preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e
Programa Nacional de Controle da Raiva para
prevenção de outros casos da doença no Bosque.
O plano será apresentado na próxima segunda-feira, 8
de janeiro, por representantes da Secretaria
Municipal de Saúde e do Bosque dos Jequitibás para
entidades protetoras dos animais e representantes do
Conselho Municipal de Saúde com o objetivo de
discutir os encaminhamentos.
A estratégia inclui ações de educação em saúde,
mobilização e comunicação social. A principal
orientação para a população é que os visitantes do
Bosque não toquem, não brinquem, não ofereçam
alimentos aos animais encontrados soltos
(particularmente os gatos) em toda área do Bosque e,
principalmente, que não abandonem animais em áreas
públicas ou em outros lugares na cidade.
Também será desencadeada a remoção dos cerca de 50
gatos que vivem soltos do local. Os animais serão
apreendidos gradativamente e encaminhados para o CCZ
onde deverão ficar em observação por seis meses,
conforme preconiza o Programa Nacional de Controle
da Raiva.
“Os gatos sem proprietários devem ser removidos e
observados por um período de 180 dias porque
trabalhamos com a probabilidade de algum deles ou
mais de um ter tido contato com o morcego doente e,
assim, passar a ser um potencial transmissor da
doença para o homem ou outros animais”, afirma o
médico veterinário Antonio Carlos Coelho Figueiredo,
coordenador do CCZ de Campinas.
Segundo Carlos Figueiredo, a identificação de um
novo caso de raiva em morcego é resultado de um
trabalho sistemático e contínuo de orientação e
vigilância desenvolvido pelo CCZ e por todos os
técnicos da Secretaria Municipal de Saúde que visam
minimizar os riscos de transmissão da raiva animal
ao seres humanos.
“Nos últimos 10 anos, Campinas tem desenvolvido um
trabalho de controle da raiva que se tornou
referência no Estado de São Paulo por manter um
sistema de vigilância ativo, desenvolvendo com rigor
técnico todas as etapas preconizadas pelo Programa
Estadual de Controle da Raiva”, afirma o coordenador
do CCZ.
Saiba mais sobre a raiva.
O que é:
A raiva é uma doença que acomete mamíferos e que
pode ser transmitida aos homens sendo, portanto, uma
zoonose.
É causada por um vírus mortal, tanto para os homens
quanto para os animais.
Em alguns países desenvolvidos, a raiva humana está
erradicada e a raiva nos animais domésticos está
controlada, mas ainda é efetuada vigilância
epidemiológica em função dos animais silvestres.
No Brasil, a raiva humana ainda faz vítimas. Mesmo
no Estado de São Paulo existem regiões com epizootia
(epidemia entre animais), devendo haver,
principalmente por parte dos municípios, um melhor
desempenho nas atividades de controle da raiva
animal.
Descrição da raiva:
- é uma zoonose causada por vírus;
- envolve o sistema nervoso central, levando ao
óbito após curta evolução da doença;
- todos os animais mamíferos são suscetíveis à
doença;
- a imunidade pode ser adquirida através da
vacinação.
Modos de transmissão
A transmissão ocorre quando o vírus da raiva
existente na saliva do animal infectado (inclusive
os morcegos) penetra no organismo, através da pele
ou mucosas, por mordedura, arranhadura ou lambedura,
mesmo não existindo necessariamente agressão.
No Brasil, o principal animal que transmite a raiva
ao homem é o cão.
O morcego hematófago é um importante transmissor da
raiva, pois pode infectar bovinos, eqüinos e
morcegos de outras espécies. Todos estes animais
podem transmitir a raiva para o homem.
Os morcegos não hematófagos – os que se alimentam de
flores, sementes, frutos e insetos – também podem
transmitir a doença, pois se deslocam do meio rural
para o meio urbano já infectados pelo vírus da raiva
e perpetuam a transmissão da doença entre outros
morcegos.
Embora os morcegos sejam transmissores da raiva,
eles não devem ser combatidos ou exterminados já que
são animais extremamente importantes no meio
ambiente, colaborando para a disseminação de
sementes e diminuindo o número de insetos no
ambiente (eles comem os insetos).
Desta forma, a principal recomendação é que as
pessoas não manipulem morcegos em hipótese alguma.
Os morcegos encontrados caídos, pousados em áreas
iluminadas ou com dificuldades de vôo devem ser
notificados ao CCZ para recolhimento e exame
laboratorial. As pessoas que indevidamente mantêm
contato com morcegos devem procurar o serviço de
saúde mais próximo de sua residência para
orientações e avaliação da necessidade de tratamento
médico contra a raiva. O telefone do CCZ é
3245-1219.
É dever do Governo
(Federal, Estadual e Municipal)
- Colocar à disposição da população Serviços de
Saúde com profissionais treinados para orientar as
condutas corretas na prevenção da raiva.
- Efetuar a vacinação de cães e gatos, pelo menos
uma vez ao ano.
- Capturar cães errantes, como medida de proteção a
animais domésticos e aos homens.
- Enviar, rotineira e sistematicamente, material
para exames de laboratório para diagnóstico de
raiva.
- Prover os laboratórios das instituições
relacionadas ao Controle de Raiva de condições
técnicas para exames de rotina.
- Controlar a posse ilegal de animais silvestres.
- Controlar as colônias de morcegos hematófagos.
- Controlar os focos de raiva animal com medidas de
Vigilância Epidemiológica.
- Promover a educação em saúde, utilizando todas as
formas possíveis.
É dever da população:
- Manter seus animais domésticos (gato e cão)
vacinados anualmente contra a raiva;
- Sair à rua com seus animais devidamente contidos
por coleira e guia e mantê-los constantemente
domiciliados;
- Evitar a procriação indesejada dos seus animais
promovendo a castração dos mesmos;
- Não abandonar animais em áreas públicas e não
estimular a permanência de animais sem proprietário
fornecendo-lhes alimentação. Todo proprietário
responsável deve manter seus animais em suas
residências.
Denize Assis