Saúde desencadeia ações contra a raiva no Bosque dos Jequitibás após confirmar caso da doença em morcego

05/01/2007

O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) recebeu esta semana resultados de exames que confirmaram um caso positivo de raiva em morcego não hematófago no Bosque dos Jequitibás, uma das áreas públicas de lazer mais freqüentadas da cidade e que abriga um zoológico. Os exames foram processados pelo Instituto Pasteur.

Esta é a segunda ocorrência de foco de raiva em morcego no Bosque. A primeira aconteceu em 2003. A raiva é uma doença 100% letal causada por um vírus que acomete todas as espécies de mamíferos e que pode ser transmitida ao homem.

Imediatamente após ser informado do caso, nesta sexta-feira, dia 5 de janeiro, o Secretário Municipal de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, se reuniu com um grupo de técnicos composto por profissionais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) para planejar e desencadear todas as medidas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Ministério da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde e Programa Nacional de Controle da Raiva para prevenção de outros casos da doença no Bosque.

O plano será apresentado na próxima segunda-feira, 8 de janeiro, por representantes da Secretaria Municipal de Saúde e do Bosque dos Jequitibás para entidades protetoras dos animais e representantes do Conselho Municipal de Saúde com o objetivo de discutir os encaminhamentos.

A estratégia inclui ações de educação em saúde, mobilização e comunicação social. A principal orientação para a população é que os visitantes do Bosque não toquem, não brinquem, não ofereçam alimentos aos animais encontrados soltos (particularmente os gatos) em toda área do Bosque e, principalmente, que não abandonem animais em áreas públicas ou em outros lugares na cidade.

Também será desencadeada a remoção dos cerca de 50 gatos que vivem soltos do local. Os animais serão apreendidos gradativamente e encaminhados para o CCZ onde deverão ficar em observação por seis meses, conforme preconiza o Programa Nacional de Controle da Raiva.

“Os gatos sem proprietários devem ser removidos e observados por um período de 180 dias porque trabalhamos com a probabilidade de algum deles ou mais de um ter tido contato com o morcego doente e, assim, passar a ser um potencial transmissor da doença para o homem ou outros animais”, afirma o médico veterinário Antonio Carlos Coelho Figueiredo, coordenador do CCZ de Campinas.

Segundo Carlos Figueiredo, a identificação de um novo caso de raiva em morcego é resultado de um trabalho sistemático e contínuo de orientação e vigilância desenvolvido pelo CCZ e por todos os técnicos da Secretaria Municipal de Saúde que visam minimizar os riscos de transmissão da raiva animal ao seres humanos.

“Nos últimos 10 anos, Campinas tem desenvolvido um trabalho de controle da raiva que se tornou referência no Estado de São Paulo por manter um sistema de vigilância ativo, desenvolvendo com rigor técnico todas as etapas preconizadas pelo Programa Estadual de Controle da Raiva”, afirma o coordenador do CCZ.

Saiba mais sobre a raiva.

O que é:

A raiva é uma doença que acomete mamíferos e que pode ser transmitida aos homens sendo, portanto, uma zoonose.

É causada por um vírus mortal, tanto para os homens quanto para os animais.

Em alguns países desenvolvidos, a raiva humana está erradicada e a raiva nos animais domésticos está controlada, mas ainda é efetuada vigilância epidemiológica em função dos animais silvestres.

No Brasil, a raiva humana ainda faz vítimas. Mesmo no Estado de São Paulo existem regiões com epizootia (epidemia entre animais), devendo haver, principalmente por parte dos municípios, um melhor desempenho nas atividades de controle da raiva animal.

Descrição da raiva:

- é uma zoonose causada por vírus;

- envolve o sistema nervoso central, levando ao óbito após curta evolução da doença;

- todos os animais mamíferos são suscetíveis à doença;

- a imunidade pode ser adquirida através da vacinação.

Modos de transmissão

A transmissão ocorre quando o vírus da raiva existente na saliva do animal infectado (inclusive os morcegos) penetra no organismo, através da pele ou mucosas, por mordedura, arranhadura ou lambedura, mesmo não existindo necessariamente agressão.

No Brasil, o principal animal que transmite a raiva ao homem é o cão.

O morcego hematófago é um importante transmissor da raiva, pois pode infectar bovinos, eqüinos e morcegos de outras espécies. Todos estes animais podem transmitir a raiva para o homem.

Os morcegos não hematófagos – os que se alimentam de flores, sementes, frutos e insetos – também podem transmitir a doença, pois se deslocam do meio rural para o meio urbano já infectados pelo vírus da raiva e perpetuam a transmissão da doença entre outros morcegos.

Embora os morcegos sejam transmissores da raiva, eles não devem ser combatidos ou exterminados já que são animais extremamente importantes no meio ambiente, colaborando para a disseminação de sementes e diminuindo o número de insetos no ambiente (eles comem os insetos).

Desta forma, a principal recomendação é que as pessoas não manipulem morcegos em hipótese alguma. Os morcegos encontrados caídos, pousados em áreas iluminadas ou com dificuldades de vôo devem ser notificados ao CCZ para recolhimento e exame laboratorial. As pessoas que indevidamente mantêm contato com morcegos devem procurar o serviço de saúde mais próximo de sua residência para orientações e avaliação da necessidade de tratamento médico contra a raiva. O telefone do CCZ é 3245-1219.

É dever do Governo
(Federal, Estadual e Municipal)

- Colocar à disposição da população Serviços de Saúde com profissionais treinados para orientar as condutas corretas na prevenção da raiva.

- Efetuar a vacinação de cães e gatos, pelo menos uma vez ao ano.

- Capturar cães errantes, como medida de proteção a animais domésticos e aos homens.

- Enviar, rotineira e sistematicamente, material para exames de laboratório para diagnóstico de raiva.

- Prover os laboratórios das instituições relacionadas ao Controle de Raiva de condições técnicas para exames de rotina.

- Controlar a posse ilegal de animais silvestres.

- Controlar as colônias de morcegos hematófagos.

- Controlar os focos de raiva animal com medidas de Vigilância Epidemiológica.

- Promover a educação em saúde, utilizando todas as formas possíveis.

É dever da população:

- Manter seus animais domésticos (gato e cão) vacinados anualmente contra a raiva;

- Sair à rua com seus animais devidamente contidos por coleira e guia e mantê-los constantemente domiciliados;

- Evitar a procriação indesejada dos seus animais promovendo a castração dos mesmos;

- Não abandonar animais em áreas públicas e não estimular a permanência de animais sem proprietário fornecendo-lhes alimentação. Todo proprietário responsável deve manter seus animais em suas residências.

Denize Assis

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