Após confirmar três casos de esquistossomose, Saúde desencadeia medidas para combater a doença

16/01/2007

A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), notificou na última sexta-feira, 12 de janeiro, três casos de esquistossomose aguda em moradores de bairros na área do Centro de Saúde Itajaí, região Noroeste. As ocorrências referem-se a uma criança de 12 anos e a dois adolescentes de 13. Os casos, confirmados por exames laboratoriais, foram notificados à Vigilância por um hospital público da cidade. As crianças foram tratadas e passam bem.

Imediatamente após receber a informação, técnicos da Vigilância Epidemiológica iniciaram investigação e desencadearam medidas de controle. Durante os trabalhos, os técnicos identificaram mais doze crianças que apresentaram sintomas da doença. Elas vão passar por exames clínicos e laboratoriais.

Todas as crianças – com a doença já confirmada e com suspeita - freqüentaram a mesma lagoa na região Noroeste da cidade, numa área próxima ao Parque Valença II, no final de novembro e início de dezembro do ano passado. A Covisa acionou a Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) para pesquisar o tipo de caramujo e para avaliar as possíveis ações de controle na lagoa.

A esquistossomose é uma doença transmissível, parasitária, causada por um verme chamado Schistosoma mansoni. O parasita, além do homem, necessita da participação de caramujos de água doce para completar seu ciclo. Esses caramujos são do gênero Biomphalaria. Na fase aguda – que acometeu as crianças em Campinas -, a esquistossomose pode apresentar febre, dor de cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Em alguns casos o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de tamanho.

Na forma crônica a diarréia se torna mais constante, alternando-se com prisões de ventre, e pode aparecer sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode sentir tonturas, dor de cabeça, sensação de plenitude gástrica, coceira no ânus, palpitações, impotência, emagrecimento e endurecimento do fígado, com aumento de seu volume. Nos casos mais graves da fase crônica o estado geral do paciente piora bastante, com emagrecimento e fraqueza acentuada e aumento do volume do abdômen, conhecido popularmente como barriga d´água.

A transmissão da doença se dá da seguinte maneira: os ovos do verme são eliminados pelas fezes do homem. Em contato com a água os ovos eclodem e liberam larvas que infectam caramujos hospedeiros intermediários que vivem nas águas doce. Após quatro semanas as larvas abandonam o caramujo na forma de cercárias e ficam livres nas águas naturais. O contato dos seres humanos com essas águas é a maneira pela qual é adquirida a doença.

“Portanto, a principal orientação é que as pessoas evitem se banhar em lagoas na periferia da cidade porque o ambiente preferido do caramujo de água doce são lugares de pouco correnteza. As pessoas também não devem defecar nas margens das lagoas. Outra orientação é para que os viajantes que vão fazer turismo ecológico, em qualquer município, se informem nas Secretarias Municipais de Saúde sobre quais são as coleções hídricas que representam risco para contrair a doença”, diz o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Vigilância Epidemiológica de Campinas.

André informa que o tratamento para os casos simples da doença é feito com um medicamento utilizado via oral que está disponível em todos os Centros de Saúde. A pessoa toma o remédio em casa. O diagnóstico da doença também pode ser feito em todas as unidades de saúde. Não existem vacinas contra a esquistossomose.

O sanitarista diz ainda que a esquistossomose apresenta baixa endemicidade na região de Campinas. “No entanto, o município registrou desde a década de 90 vários casos da forma medular da doença, que apesar de pouco freqüente é muito debilitante e causa paraplegia”, afirma.

Denize Assis

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