A Secretaria de Saúde de Campinas, por meio da
Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa),
notificou na última sexta-feira, 12 de janeiro, três
casos de esquistossomose aguda em moradores de
bairros na área do Centro de Saúde Itajaí, região
Noroeste. As ocorrências referem-se a uma criança de
12 anos e a dois adolescentes de 13. Os casos,
confirmados por exames laboratoriais, foram
notificados à Vigilância por um hospital público da
cidade. As crianças foram tratadas e passam bem.
Imediatamente após receber a informação, técnicos da
Vigilância Epidemiológica iniciaram investigação e
desencadearam medidas de controle. Durante os
trabalhos, os técnicos identificaram mais doze
crianças que apresentaram sintomas da doença. Elas
vão passar por exames clínicos e laboratoriais.
Todas as crianças – com a doença já confirmada e com
suspeita - freqüentaram a mesma lagoa na região
Noroeste da cidade, numa área próxima ao Parque
Valença II, no final de novembro e início de
dezembro do ano passado. A Covisa acionou a
Superintendência de Controle de Endemias (Sucen)
para pesquisar o tipo de caramujo e para avaliar as
possíveis ações de controle na lagoa.
A
esquistossomose é uma doença transmissível,
parasitária, causada por um verme chamado
Schistosoma mansoni. O parasita, além do homem,
necessita da participação de caramujos de água doce
para completar seu ciclo. Esses caramujos são do
gênero Biomphalaria.
Na fase aguda – que acometeu as crianças em Campinas
-, a esquistossomose pode apresentar febre, dor de
cabeça, calafrios, suores, fraqueza, falta de
apetite, dor muscular, tosse e diarréia. Em alguns
casos o fígado e o baço podem inflamar e aumentar de
tamanho.
Na
forma crônica a diarréia se torna mais constante,
alternando-se com prisões de ventre, e pode aparecer
sangue nas fezes. Além disso, o paciente pode sentir
tonturas, dor de cabeça, sensação de plenitude
gástrica, coceira no ânus, palpitações, impotência,
emagrecimento e endurecimento do fígado, com aumento
de seu volume. Nos casos mais graves da fase crônica
o estado geral do paciente piora bastante, com
emagrecimento e fraqueza acentuada e aumento do
volume do abdômen, conhecido popularmente como
barriga d´água.
A
transmissão da doença se dá da seguinte maneira: os
ovos do verme são eliminados pelas fezes do homem.
Em contato com a água os ovos eclodem e liberam
larvas que infectam caramujos hospedeiros
intermediários que vivem nas águas doce. Após quatro
semanas as larvas abandonam o caramujo na forma de
cercárias e ficam livres nas águas naturais. O
contato dos seres humanos com essas águas é a
maneira pela qual é adquirida a doença.
“Portanto, a principal orientação é que as pessoas
evitem se banhar em lagoas na periferia da cidade
porque o ambiente preferido do caramujo de água doce
são lugares de pouco correnteza. As pessoas também
não devem defecar nas margens das lagoas. Outra
orientação é para que os viajantes que vão fazer
turismo ecológico, em qualquer município, se
informem nas Secretarias Municipais de Saúde sobre
quais são as coleções hídricas que representam risco
para contrair a doença”, diz o médico sanitarista
André Ricardo Ribas de Freitas, da Vigilância
Epidemiológica de Campinas.
André informa que o tratamento para os casos simples
da doença é feito com um medicamento utilizado via
oral que está disponível em todos os Centros de
Saúde. A pessoa toma o remédio em casa. O
diagnóstico da doença também pode ser feito em todas
as unidades de saúde. Não existem vacinas contra a
esquistossomose.
O
sanitarista diz ainda que a esquistossomose
apresenta baixa endemicidade na região de Campinas.
“No entanto, o município registrou desde a década de
90 vários casos da forma medular da doença, que
apesar de pouco freqüente é muito debilitante e
causa paraplegia”, afirma.
Denize Assis