Mais de 200 profissionais da Secretaria de Saúde de
Campinas, entre médicos, enfermeiros, médicos
veterinários e técnicos das Vigilâncias em Saúde e
do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) participaram
nesta terça-feira, dia 23 de janeiro, no Salão
Vermelho da Prefeitura, do seminário Dengue,
febre maculosa e leptospirose: aspectos
epidemiológicos, diagnóstico e tratamento.
O evento, promovido pela Coordenadoria de Vigilância
em Saúde (Covisa), aconteceu em dois períodos, de
manhã e à tarde, com mesmo conteúdo para que os
profissionais de todas as cargas horárias pudessem
participar.
Na abertura, o Secretário Municipal de Saúde, José
Francisco Kerr Saraiva, ressaltou a importância da
dengue, leptospirose e febre maculosa no município e
disse que a ocorrência de casos é proporcionada,
entre outros motivos, pela urbanização acelerada.
“Cabe ao poder público desencadear ações de controle
e assistência aos pacientes, entre as quais está a
atualização e capacitação de recursos humanos, que é
o objetivo deste seminário. Agradeço a presença de
todos e a contribuição da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) e da Secretaria de Estado da
Saúde, além do empenho da Covisa”, afirmou Francisco
Saraiva.
Em seguida à fala do Secretário, o professor da
disciplina de Moléstias Infecciosas da Unicamp, Luiz
Jacintho da Silva, proferiu palestra sobre aspectos
clínicos da dengue, febre maculosa e leptospirose.
Silva disse que as três doenças estão entre as
principais doenças exantemáticas de ocorrência em
Campinas, são muito parecidas – apresentam sintomas
comuns - e, apesar do caráter sazonal, ocorrem o ano
todo no município.
Silva informou que a dengue é uma doença que tem se
tornado mais grave no Brasil. “A dengue, no Brasil,
ainda é uma doença de adultos, mas com tendência de
mudança como tem sido verificado com o aumento da
ocorrência nas faixas etárias menores – em crianças
- e o aumento da incidência de complicações”,
afirmou. Ele disse também que a dengue não tem
recebido a atenção devida como doença potencialmente
grave.
Em relação à febre maculosa, Silva afirmou que é uma
doença que tem aumentado em nosso meio e lembrou o
surto da doença notificado em agosto de 2006 no
Jardim Eulina, região norte de Campinas. “É uma
doença que atinge todas as faixas etárias”, disse. O
professor informou que uma análise de casos feita
entre 2003 e 2005 pelo Hospital de Clínicas (HC)
apontou que 30% dos casos ocorreram em pessoas até
17 anos e que a letalidade nesta faixa etária foi de
25%.
Quanto à leptospirose, Silva informou tratar-se de
uma doença de letalidade elevada, de difícil
diagnóstico, já que pode ser confundida com outras
doenças principalmente com febre maculosa e dengue.
“Por isso, a importância deste seminário que
reforçou, entre outras informações, a necessidade de
conduta diagnóstica uniforme e apresentou o
protocolo de manejo de pacientes”, afirmou. Silva
enfatizou que para a dengue, leptospirose e febre
maculosa o tratamento deve ser precoce. “A regra é
suspeitou, tratou”, disse.
Além de Silva, também palestraram no evento a médica
sanitarista Márcia Regina Buzzar, do Centro de
Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de
Estado, e o médico sanitarista André Ricardo Ribas
de Freitas, da Covisa. Márcia falou sobre a
epidemiologia da leptospirose no Estado de São
Paulo.
A conferência de Freitas foi sobre a epidemiologia
da dengue e febre maculosa em Campinas e a
experiência do município de Campinas no atendimento
à febre hemorrágica da dengue. Além de apresentar o
protocolo municipal de atendimento de dengue para as
unidades básicas de saúde, o sanitarista também
reforçou a necessidade de diagnóstico precoce - para
as três doenças discutidas no seminário - e das
ações de vigilância, com conclusão de cada caso e
definição do local provável de infecção (LPI), que
são fundamentais para o controle.
Denize Assis