Seminário sobre doenças reúne mais de 200 no Salão Vermelho

23/01/2007

Evento discutiu os aspectos epidemiológicos, diagnóstico
e tratamento da febre maculosa, dengue e leptospirose

Mais de 200 profissionais da Secretaria de Saúde de Campinas, entre médicos, enfermeiros, médicos veterinários e técnicos das Vigilâncias em Saúde e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) participaram nesta terça-feira, dia 23 de janeiro, no Salão Vermelho da Prefeitura, do seminário Dengue, febre maculosa e leptospirose: aspectos epidemiológicos, diagnóstico e tratamento.

O evento, promovido pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), aconteceu em dois períodos, de manhã e à tarde, com mesmo conteúdo para que os profissionais de todas as cargas horárias pudessem participar.

Na abertura, o Secretário Municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, ressaltou a importância da dengue, leptospirose e febre maculosa no município e disse que a ocorrência de casos é proporcionada, entre outros motivos, pela urbanização acelerada.

“Cabe ao poder público desencadear ações de controle e assistência aos pacientes, entre as quais está a atualização e capacitação de recursos humanos, que é o objetivo deste seminário. Agradeço a presença de todos e a contribuição da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Secretaria de Estado da Saúde, além do empenho da Covisa”, afirmou Francisco Saraiva.

Em seguida à fala do Secretário, o professor da disciplina de Moléstias Infecciosas da Unicamp, Luiz Jacintho da Silva, proferiu palestra sobre aspectos clínicos da dengue, febre maculosa e leptospirose. Silva disse que as três doenças estão entre as principais doenças exantemáticas de ocorrência em Campinas, são muito parecidas – apresentam sintomas comuns - e, apesar do caráter sazonal, ocorrem o ano todo no município.

Silva informou que a dengue é uma doença que tem se tornado mais grave no Brasil. “A dengue, no Brasil, ainda é uma doença de adultos, mas com tendência de mudança como tem sido verificado com o aumento da ocorrência nas faixas etárias menores – em crianças - e o aumento da incidência de complicações”, afirmou. Ele disse também que a dengue não tem recebido a atenção devida como doença potencialmente grave.

Em relação à febre maculosa, Silva afirmou que é uma doença que tem aumentado em nosso meio e lembrou o surto da doença notificado em agosto de 2006 no Jardim Eulina, região norte de Campinas. “É uma doença que atinge todas as faixas etárias”, disse. O professor informou que uma análise de casos feita entre 2003 e 2005 pelo Hospital de Clínicas (HC) apontou que 30% dos casos ocorreram em pessoas até 17 anos e que a letalidade nesta faixa etária foi de 25%.

Quanto à leptospirose, Silva informou tratar-se de uma doença de letalidade elevada, de difícil diagnóstico, já que pode ser confundida com outras doenças principalmente com febre maculosa e dengue. “Por isso, a importância deste seminário que reforçou, entre outras informações, a necessidade de conduta diagnóstica uniforme e apresentou o protocolo de manejo de pacientes”, afirmou. Silva enfatizou que para a dengue, leptospirose e febre maculosa o tratamento deve ser precoce. “A regra é suspeitou, tratou”, disse.

Além de Silva, também palestraram no evento a médica sanitarista Márcia Regina Buzzar, do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) da Secretaria de Estado, e o médico sanitarista André Ricardo Ribas de Freitas, da Covisa. Márcia falou sobre a epidemiologia da leptospirose no Estado de São Paulo.

A conferência de Freitas foi sobre a epidemiologia da dengue e febre maculosa em Campinas e a experiência do município de Campinas no atendimento à febre hemorrágica da dengue. Além de apresentar o protocolo municipal de atendimento de dengue para as unidades básicas de saúde, o sanitarista também reforçou a necessidade de diagnóstico precoce - para as três doenças discutidas no seminário - e das ações de vigilância, com conclusão de cada caso e definição do local provável de infecção (LPI), que são fundamentais para o controle.

Denize Assis

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