Vacina contra febre amarela é indicada apenas para quem vai se deslocar para áreas de risco

14/01/2008

Autor: Denize Assis

Conforme orientação do Ministério da Saúde, a Secretaria de Saúde de Campinas reforçou nesta segunda-feira, dia 14 de janeiro, que a vacina contra a febre amarela é indicada apenas para as pessoas que vão viajar ou moram em áreas de risco para a doença.

“Se o cidadão não mora ou não vai viajar para estas regiões, não precisa se vacinar. Quem já se vacinou pode ficar tranqüilo: o efeito da vacina protege as pessoas durante dez anos. Portanto, só procure os centros de saúde se morar ou for visitar as áreas de risco e nunca se vacinou ou foi vacinado antes de 1999”, informou o secretário municipal de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva.

O Secretário informou que o Brasil é o maior produtor mundial de vacina contra a febre amarela. Segundo José Francisco Saraiva, os centros de saúde estão sendo abastecidos e as autoridades sanitárias estão preparadas para atender a quem realmente precisa tomar a vacina.

A dose deve ser tomada 10 dias antes da viagem porque esse é o tempo necessário para que o organismo humano adquira anticorpos para se defender do vírus amarílico. A vacina está disponível em 22 centros de saúde de Campinas (para informações sobre os locais consulte telefone 156 ou o endereço www.campinas.sp.gov.br/saude no link febre amarela).

Esta orientação já havia sido dada na última quinta-feira, 10 de janeiro, pela Vigilância em Saúde de Campinas que, em coletiva para a imprensa, informou que Campinas e o Brasil como um todo não têm casos de febre amarela urbana – com transmissão dentro da cidade - desde 1942. Os casos registrados de lá para cá foram todos de febre amarela silvestre, ou seja, de pessoas que contraíram a doença nas florestas.

“Desde 2003, a ocorrência de febre amarela silvestre em seres humanos vem caindo gradativamente. Os casos suspeitos estão localizados e restritos a áreas onde algumas pessoas não vacinadas entraram em florestas e matas nas últimas semanas. O risco da doença em áreas urbanas está descartado e não está indicada vacinação em massa”, informou a enfermeira sanitarista Maria Filomena Gouveia Vilela, diretora da Vigilância em Saúde.

Desde a semana passada tem ocorrido um aumento significativo na busca pela vacina nos centros de saúde de Campinas. Unidades que na sua rotina aplicavam entre 4 e 5 doses por dia, passaram a vacinar 150 pessoas contra a febre amarela. Nesta segunda-feira, somente de manhã, já foram aplicadas 430 doses nos Centros de Saúde Barão Geraldo, Aurélia, Cássio Raposo do Amaral, Santa Odila e Capivari.

Segundo a Secretaria de Saúde, é preciso que as pessoas se conscientizem de que somente quem vai viajar para áreas de risco deve tomar a dose, do contrário pode faltar vacina para atender a quem realmente precisa.

Situação no País. Dos 24 casos de febre amarela notificados como suspeitos pelas secretarias estaduais de saúde ao ministério, 2 foram confirmados, sendo um óbito de uma pessoa residente em Brasília e um caso que evoluiu para cura, de um residente de São Paulo, cujos locais prováveis de infecção foram zonas de mata de Goiás e Mato Grosso do Sul, respectivamente. Cinco casos foram descartados.

Saiba mais.

O que é febre amarela?

É uma doença febril aguda com duração de 10 dias causada por um vírus do gênero Flavivirus.

Como se transmite?

É transmitida pela picada de um mosquito infectado do gênero Haemagogus e Sabethes que vivem na floresta. O que estamos registrando no momento no país são casos suspeitos de febre amarela silvestre. A febre amarela urbana foi erradicada em 1942, ou seja, não foi mais registrado o ciclo urbano da doença que era transmitido pelo Aedes aegypti.

Quais os sintomas da doença?

Dependendo da gravidade, a pessoa pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).

Quais são as áreas de risco no país?

São as áreas consideradas de risco: ENDÊMICAS, de TRANSIÇÃO e indenes de RISCO POTENCIAL (mapa).Somente as áreas indenes não são áreas de risco. As regiões norte (Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre), centro-oeste (Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), Maranhão são áreas endêmicas(alto risco). Temos também áreas de transição consideradas de risco: Minas Gerais, oeste dos estados (São Paulo, Paraná, Santa Catarina,Bahia e Rio Grande do Sul) e sul dos estados (Piauí e Bahia).

Como suspeitar de febre amarela?

A doença é de baixa incidência, e neste momento, a suspeita e a investigação deve ser muito criteriosa. Cada caso deve ser discutido com a Vigilância em Saúde de Campinas (VISAs e COVISA). Deve apresentar os sintomas febris, icterícia e deve ter estado em área de risco há 15 dias.

A doença tem tratamento? Tem cura?

Não existe um medicamento específico, ou seja, o tratamento é hospitalar, de suporte: repouso, uso de medicamentos sintomáticos, reposição de líquidos e de perdas sanguíneas quando necessário e UTI para casos graves. A doença pode curar mas é uma doença grave e embora seja uma doença de baixa incidência, tem uma letalidade (taxa de mortalidade) muito alta.

Como prevenir a doença?

A única forma de evitar a febre amarela é a vacinação. A vacina é gratuita e está disponível nas unidades de saúde em qualquer época do ano. É administrada em dose única a partir dos 9 meses de idade e é válida por 10 anos. Deve ser aplicada 10 dias antes da viagem (tempo que leva para fazer efeito) para as áreas de risco de transmissão da doença.

Estamos tendo casos de febre amarela?

Os casos em investigação constantemente divulgados na imprensa são casos suspeitos de febre amarela silvestre e apenas 1 caso foi confirmado em 2008, até o momento, foi um caso morador do DF, não vacinado que contraiu a doença em Pirenópolis – GO (área rural). Lembrar o diagnóstico diferencial para dengue clássica ou hemorrágica, leptospirose, calazar – dependendo da região, meningite, entre outros.

Diante do que está sendo veiculado na imprensa, muda a situação de controle da febre amarela em Campinas?

Não. Continuamos exatamente como estamos, ou seja, somente pessoas que se dirigem para áreas de risco de transmissão devem ser vacinadas normalmente no decorrer do ano. O risco de febre amarela nas áreas urbanas está descartado segundo o Ministério da Saúde, ou seja: não está indicada vacinação em massa.

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