Campanha incentiva doação de córneas

17/01/2008

Autor: Denise Assis

O Hospital Mário Gatti, em parceria com Banco de Olhos de Sorocaba, promove até sexta-feira, dia 18 de janeiro, a campanha ‘Quem Ama Doa’, de incentivo à doação de córneas para transplantes.

O objetivo é conscientizar o público da importância da doação. Uma das informações é que as pessoas devem se lembrar de avisar à família seu desejo de ser um doador. O papel da família na doação é fundamental, pois somente os familiares podem autorizar a retirada de órgãos.

Durante a campanha, que teve início dia 14, é feita renovação e emissão de novos cartões onde a pessoa manifesta em vida o desejo de doar córneas e outros órgãos. O cartão é nacional. Além disso, estão sendo distribuídos folhetos.

A equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital Mário Gatti também está aproveitando a oportunidade para lembrar aos médicos seu importante papel nesse processo. São eles os primeiros a identificar um potencial doador.

Segundo Tatiana Morya Sekiya, técnica do Banco de Olhos do Mário Gatti, o número de doações de córneas foi baixo em dezembro de 2007 e janeiro deste ano. Ela diz que a falta de informação contribui para que muitas famílias deixem de doar.

“Algumas argumentam que têm medo que a retirada dos órgãos aconteça com o paciente ainda vivo. Mas os procedimentos adotados pelos médicos antes da cirurgia são claros: a doação só ocorre após o diagnóstico de morte cerebral, obtido com dois exames clínicos realizados por dois médicos, sendo um neurologista, em um intervalo mínimo de seis horas, seguindo o rígido protocolo do Conselho Federal de Medicina”, afirma.

Os envolvidos no processo de doação são muitos: o doador, que deve expressar em vida sua vontade, para que a família tome a decisão de forma tranqüila; os familiares do doador, que autorizam o procedimento; o médico intensivista, que faz o diagnóstico da morte encefálica; o neurologista, que vai ajudar no diagnóstico; e as comissões intra-hospitalares de transplante e captação de órgãos.

Também colaboram para que o sistema cumpra seu papel social e para que os transplantes possam acontecer: empresas áreas parceiras, empresas de transporte rodoviário, Polícia Rodoviária, polícias militares estaduais, governos e secretariais estaduais e as casas civis dos estados, formando um conjunto de suporte oferecido por entidades públicas e empresas privadas, de forma muitas vezes gratuitas.

“O trabalho de captação de órgãos é resultado de um esforço coordenado grande a abrangente e as campanhas estão incluídas neste processo”, diz Genivaldo Lins Ribeiro, coordenador dos Bancos de Olhos em Campinas.

Mas a compensação também é grande. Um único doador pode beneficiar até 80 pessoas, permitindo o transplante de fígado, rins, coração, pâncreas, pulmão, pele, córneas, válvulas cardíacas, tecidos musculares e ossos.

Entre os tecidos, é mais comum o aproveitamento de córneas – atualmente há no Brasil uma fila de 25 mil pessoas esperando um transplante de córneas. No Estado de São Paulo, 2,5 mil pessoas estão na espera. A fila é única.

Uma doação atende a duas pessoas e o limite de idade é amplo – vai de dois a 75 anos. O transplante também é mais simples, o que permite que ele aconteça em praticamente todo país. Em Campinas, é realizado no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Hospital Celso Pierro da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (Puc-Campinas).

Enquanto outros órgãos precisam ser retirados no máximo algumas horas depois da morte do paciente, as córneas podem ser doadas até seis horas após o óbito e preservadas fora do corpo do doador por até duas semanas. Se o corpo estiver sob refrigeração, a doação pode ocorrer até 20 horas após a morte.

O Hospital Mário Gatti já recebeu 812 doações de córneas desde 4 de março de 2006, quando foi inaugurado seu Banco de Olhos. Em 2007, foram 441 doações, e, este ano, 42. A captação é feita pelo Mário Gatti e as córneas são levadas para a sede do Banco de Olhos do Hospital Oftalmológico de Sorocaba, onde são avaliadas, preservadas e destinadas para o transplante.

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