Saúde faz nova recomendação sobre vacinação contra a febre amarela

23/01/2008

Autor: Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas informou na tarde desta terça-feira, dia 22 de janeiro, que o Ministério da Saúde restringiu a área geográfica para indicação da vacina contra febre amarela, seja para pessoas residentes ou pessoas que se deslocam para a região. Esta restrição considerou a ocorrência atual de epizootias e/ou casos humanos de febre amarela silvestre que se apresenta em área circunscrita.

Portanto, a partir de hoje, as áreas para as quais devem ser priorizadas, temporariamente, a vacinação são: todos os municípios de Goiás, Tocantis e Distrito Federal; em Minas Gerais, as cidades de Arinos, Buriti, Cabeceira Grande, Cascalho Rico, Luislândia e Santo Antônio de Prata; na Mato Grosso, os municípios de Anastácio, Aquidauâna, Bonito e Dourados. Além disso, devem ser vacinadas as pessoas que vão para áreas de mata, reservas e florestas dos estados de Amapá, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima e Maranhão.

Em Campinas, para melhor gerenciar os estoques, a Secretaria de Saúde vai triar com mais rigor as demandas pela vacina. Uma das estratégias é realizar aconselhamento nos centros de saúde, para que só tomem a dose as pessoas que realmente vão se deslocar para os locais acima descritos.

“Além disso, solicitamos que aqueles que não vão viajar, não busquem desnecessariamente a vacina porque não existe risco de transmissão de febre amarela neste momento em Campinas. A busca desnecessária pode acarretar falta da dose para quem realmente precisa”, afirma a médica sanitarista Naoko da Silveira, da Vigilância em Saúde de Campinas.

A sanitarista informa que a febre amarela no Brasil é transmitida nas matas, por um ciclo entre um macaco doente, um mosquito silvestre e uma pessoa sadia não vacinada. “A doença não passa de pessoa para pessoa. O Brasil não tem nenhum caso de febre amarela urbana desde 1942. As vigilâncias em saúde de todos os estados e municípios estão de prontidão para realizar todas as ações necessárias para que doença não atinja as cidades”, diz.

Naoko reforça ainda que a vacina contra a febre amarela protege a população, mas não é inócua, podendo causar efeitos adversos, que são esperados para entre 5% e 10% do total de indivíduos vacinados. São listados sintomas como febre acima de 39º, vômito, enrijecimento dos músculos, alergia e problemas neurológicos, sendo que inclusive mais raramente são registrados óbitos.

Em Campinas até o momento houve um caso de evento adverso. A pessoa está sendo acompanhada e passa bem. Em todo País, 31 pessoas apresentaram efeitos adversos pós-vacina, incluídas possíveis revacinações. Duas estão em estado grave.

Balanço da vacinação. Balanço preliminar da Secretaria de Saúde de Campinas da vacinação contra a febre amarela mostra que, neste mês de janeiro, mais de 10 mil doses da vacina foram aplicadas nos centros de saúde do município. Em janeiro de 2007, foram 646. No ano passado todo, Campinas recebeu 10 mil doses. Em 2008, até esta segunda-feira, 21, o município já recebeu 12,2 mil.

A vacina é repassada pelo Ministério da Saúde aos Estados que envia para os municípios. A Secretaria de Saúde de Campinas tem gerenciado seus estoques diariamente, solicitando mais doses todos os dias para o Estado que, neste momento, está com os estoques praticamente zerados.

A estimativa da Secretaria de Saúde é que 70% dos moradores de Campinas já tenham sido imunizados na campanha de 1999, não sendo necessário que estas pessoas tomem a dose neste momento.

Saiba mais.

O que é febre amarela?

É uma doença febril aguda com duração de 10 dias causada por um vírus do gênero Flavivirus.

Como se transmite?

É transmitida pela picada de um mosquito infectado do gênero Haemagogus e Sabethes que vivem na floresta. A febre amarela urbana foi erradicada em 1942, ou seja, não foi mais registrado o ciclo urbano da doença que era transmitido pelo Aedes aegypti.

Quais os sintomas?

Dependendo da gravidade, a pessoa pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).

Como suspeitar de febre amarela?

A doença é de baixa incidência e, neste momento, a suspeita e a investigação devem ser muito criteriosas. Cada caso deve ser discutido com a Vigilância em Saúde de Campinas (VISAs e COVISA). Deve apresentar os sintomas febris, icterícia e deve ter estado em área de risco há 15 dias.

A doença tem tratamento? Tem cura?

Não existe um medicamento específico, ou seja, o tratamento é hospitalar, de suporte: repouso, uso de medicamentos sintomáticos, reposição de líquidos e de perdas sanguíneas quando necessário e UTI para casos graves. A doença tem cura, mas é grave e embora seja de baixa incidência, tem uma letalidade (taxa de mortalidade) muito alta.

Como prevenir?

A única forma de evitar a febre amarela é a vacinação. A vacina é gratuita e está disponível nas unidades do Sistema Único de Saúde de todo País em qualquer época do ano. É administrada em dose única a partir dos 9 meses de idade e é válida por 10 anos. Deve ser aplicada 10 dias antes da viagem (tempo que leva para fazer efeito) para as áreas de risco de transmissão da doença.

Diante do que está sendo veiculado na imprensa, muda a situação de controle da febre amarela em Campinas?

Não. Continuamos exatamente como estamos, ou seja, somente pessoas que se dirigem para áreas de risco de transmissão devem ser vacinadas normalmente no decorrer do ano. O risco de febre amarela nas áreas urbanas está descartado segundo o Ministério da Saúde, ou seja: não está indicada vacinação em massa.

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