Febre amarela: dose só está disponível no CS Faria Lima

28/01/2008

Autor: Denize Assis

A Secretaria Municipal de Saúde informou que a partir desta segunda-feira, dia 28 de janeiro, a vacinação contra a febre amarela em Campinas vai ser feita somente no Centro de Saúde Faria Lima, das 9h às 17h, de segunda-feira a sexta-feira. A unidade fica na avenida Faria Lima, 90, Parque Itália, ao lado do Hospital Mário Gatti. O posto de vacinação do Aeroporto de Viracopos deixou de atender, temporariamente.

“A medida foi adotada em comum acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pelo posto de Viracopos. Com isto, o Ministério e a Secretaria Municipal de Saúde esperam gerenciar melhor o estoque de vacinas e triar para tomar a dose aqueles que realmente têm indicação neste momento, que são as pessoas que vão se deslocar para locais de transmissão”, afirma a enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Vigilância em Saúde de Campinas.

Brigina reforça que a vacina contra a febre amarela é eficaz, mas não é inócua, sendo esperados efeitos adversos para entre 5% e 10% dos imunizados, que podem cursar de formas leves até, mais raramente, reações mais graves. “Assim, mais uma vez, ressalto que quem vai ficar na cidade ou vai se deslocar para áreas de não transmissão que não procure o centro de saúde porque não há necessidade de receber a vacina. O objetivo é garantir a dose para quem vai se expor ao risco. Esta doença não é transmitida de pessoa para pessoa”, diz.

A sanitarista informa ainda que a vacina vale por 10 anos e que, portanto, quem tomou a dose em 2000, quando houve uma campanha em Campinas, não precisa ser revacinado neste momento. “Não é indicada a revacinação em período inferior a 10 anos da última dose”, ressalta. A Secretaria de Saúde estima que 70% dos campineiros tenham sido imunizados na campanha.

Situação epidemiológica. Até o dia 25 de janeiro, o Brasil notificou quarenta e um casos suspeitos de febre amarela silvestre. Destes, dezenove foram confirmados, dos quais dez evoluíram para óbito e nove tiveram cura. Outros dezoito casos foram descartados para febre amarela e quatro permanecem em investigação. Os prováveis locais de infecção das ocorrências confirmadas foram áreas silvestres de Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. O País não registra casos de febre amarela urbana – com transmissão dentro das cidades - desde 1942.

Vacinação. Neste mês de janeiro, mais de 12 mil doses da vacina contra a febre amarela foram aplicadas em Campinas. Em janeiro de 2007, foram 646. No ano passado todo, Campinas recebeu 10 mil doses. A vacina é repassada pelo Ministério da Saúde aos Estados que envia para os municípios. A Secretaria de Saúde de Campinas tem gerenciado seus estoques diariamente, para garantir a dose para quem realmente precisa.

Saiba mais.

O que é febre amarela?

É uma doença febril aguda, com duração de 10 dias, causada por um vírus do gênero Flavivirus.

Como se transmite?

É transmitida pela picada de um mosquito infectado do gênero Haemagogus e Sabethes que vivem na floresta. A febre amarela urbana foi erradicada em 1942, ou seja, não foi mais registrado o ciclo urbano da doença que era transmitido pelo Aedes aegypti.

Quais os sintomas da doença?

Dependendo da gravidade, a pessoa pode sentir febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo, icterícia (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).

Quais são as áreas de risco atual no país?

O Ministério da Saúde lançou nova recomendação (21/01/08) para vacinação de viajantes considerando áreas atuais de transmissão e definiu áreas críticas de risco. São os estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal e áreas de mata, reservas ou florestas dos estados de Amapá, Amazonas, Acre, Pará, Rondônia, Roraima, Maranhão e noroeste de Minas Gerais e oeste do Mato Grosso do Sul.

A doença tem tratamento? Tem cura?

Não existe um medicamento específico, ou seja, o tratamento é hospitalar, de suporte: repouso, uso de medicamentos sintomáticos, reposição de líquidos e de perdas sanguíneas quando necessário e UTI para casos graves. A doença pode evoluir para cura, mas é grave e, embora seja de baixa incidência, tem uma letalidade (taxa de mortalidade entre os doentes) alta.

Como prevenir a doença em Campinas?

Em áreas não endêmicas o mais importante é controlar o mosquito transmissor (Aedes aegypti). Para quem mora ou vai para áreas de risco é necessária também a vacinação.

Se eu for viajar para área de risco, onde posso tomar a vacina?

A vacina é gratuita e está disponível em unidades do Sistema Único de Saúde em qualquer época do ano. É administrada em dose única a partir de 6 ou 9 meses de idade, conforme a área viajada, e é válida por 10 anos. É obrigatória a vacinação para viajantes e moradores das áreas de risco e a dose deve ser aplicada 10 dias antes (tempo que leva para fazer efeito), pois, uma vez adquirida a doença, a letalidade é altíssima, de 72%.

Estamos tendo casos confirmados de febre amarela?

Sim. Mas são casos de febre amarela silvestre, todos os casos contraíram a doença ao se adentrarem na mata sem estar vacinados! Nenhuma pessoa pegou a doença fora de área de risco para febre amarela.

Tenho medo de pegar febre amarela. Posso me vacinar para ficar protegido?

Reforçando, estamos tendo casos de febre amarela silvestre, ou seja, somente pessoas que viajam para áreas de risco sem se vacinar contraíram a doença. Não há casos de pessoas que moram em locais consideradas áreas indene ou áreas sem risco que pegaram febre amarela sem viajar para áreas de risco. Portanto não é recomendado tomar vacina sem necessidade.

A vacina pode causar efeitos colaterais ou eventos adversos?

Pode. Em 5 a 10% dos casos, algumas pessoas podem apresentar reações desde a febre até quadros que simulam a própria febre amarela, portanto quanto mais pessoas são vacinadas, a chance de desenvolver eventos adversos aumenta, por isto estamos insistindo que não há necessidade de tomar a vacina quem não vai viajar para áreas de risco.

Diante do que está sendo veiculado na imprensa, muda a situação de controle da febre amarela em Campinas?

Não. Somente pessoas que se dirigem para áreas de risco de transmissão devem ser vacinadas normalmente no decorrer do ano. Não temos transmissão urbana de febre amarela, segundo o Ministério da Saúde, por isto não está indicada vacinação em massa, nem há necessidade desta procura grande à vacina.

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