Saúde alerta equipes sobre risco da leptospirose

19/01/2009

Autor: Denize Assis

Preocupada com o maior risco da leptospirose nesta época do ano, a Secretaria de Saúde de Campinas acaba de divulgar para todas as equipes da rede pública municipal de saúde informe técnico onde reforça que todos os profissionais estejam atentos para os sintomas e façam o diagnóstico e tratamento precoces da doença. O objetivo é evitar as complicações e mortes.

“Tendo em vista o período do ano em que nos encontramos, no qual os índices pluviométricos encontram-se tipicamente elevados e, conseqüentemente, com maior risco de enchentes e inundações em todo o Brasil, vimos reforçar a necessidade de que maior atenção seja dispensada frente ao risco da leptospirose”, afirma o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas.

Segundo a Vigilância em Saúde, desde o fim do ano de 2008 vem sendo observado um significativo número de casos, incluindo-se óbitos, em diversas regiões do país, notadamente nos estados em que a ocorrência de enchentes permanece elevada: atualmente Minas Gerais, Rio de Janeiro e, sobretudo, Santa Catarina.

Rodrigo observa que, muito embora a incidência da doença seja mais elevada no período das chuvas, a ocorrência da doença pode ser observada durante o ano todo em todos os estados e municípios.

A leptospirose é causada por uma bactéria chamada leptospira presente na urina de roedores como o rato. Em situações de enchentes e inundações, a urina destes animais, presentes em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama.

O homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas pode infectar-se. A infecção também pode se dar por meio da ingestão de alimentos, medicamentos e da água de beber contaminados.

De acordo com o informe, especial atenção deve ser dada a grupos sob maior risco de exposição - como tratadores de animais, veterinários, trabalhadores da área de saneamento/ água/ esgoto/fossa, coletores de lixo, trabalhadores da construção civil e agricultores) e áreas de risco para infecção (áreas inundadas; áreas contaminadas com lixo, esgoto e/ou lama; coleções hídricas potencialmente contaminadas - córregos, lagos e lagoas). Situações de risco podem existir também durante atividades de lazer, como pesca, trilhas, natação em coleções hídricas naturais.

O documento também chama a atenção para o fato dos estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro – recentemente atingidos por inundações - serem freqüentemente visitados no período das férias. Por isso, indivíduos com quadros febris agudos, procedentes de tais estados e expostos a situações de risco devem ser cuidadosamente avaliados.

E lembra que a hipótese de leptospirose deve ser considerada não apenas frente a quadros graves, mas também diante de quadros febris de menor gravidade, uma vez que 90% das ocorrências são ‘leves’ - sem acometimento renal, pulmonar, sem sangramentos, sem icterícia. “Nestes casos, torna-se imprescindível a identificação dos possíveis fatores de risco para a suspeição da doença. Continuam sendo importantes diagnósticos diferenciais, seja pelo quadro clínico e/ou as exposições de risco, as seguintes hipóteses: dengue, febre maculosa, hantavirose, meningites, febre maculosa, febre tifóide, hepatites agudas, febre amarela, malária, sepsemia, doenças de vias biliares como colangite e colecistite, abscesso hepático entre outras”, diz Rodrigo.

Alguns dos sinais da leptospirose são febre, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo, principalmente na barriga da perna e calafrios, que aparecem de sete a quinze dias após a contaminação. Não existe vacina contra a doença.

Cuidados. Segundo a Vigilância em Saúde de Campinas, além do trabalho da Prefeitura, o apoio e conscientização da população são fundamentais na prevenção da leptospirose. São atitudes que vêm sendo difundidas entre a comunidade pelas equipes de saúde como eliminar os ratos e evitar sua multiplicação, mantendo o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar.

Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios devem ser limpos, murados e livres de lixo.

A caixa d'água precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório. O contato direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20 litros de água). Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, evitar o uso desta água antes da desinfecção do reservatório.

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