Saúde promove ações de prevenção e tratamento da febre maculosa

13/01/2010

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da Prefeitura de Campinas, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), promove um trabalho de intensificação das ações de controle da febre maculosa, transmitida ao homem por meio do carrapato estrela, que é parasita de animais silvestres e domésticos, como a capivara e o cavalo. Na semana passada, por exemplo, somente na área compreendida pelo Distrito de Saúde Norte, foram visitadas pelo menos mil residências que receberam informações sobre os sintomas e vulnerabilidades humanas à doença.

O supervisor de controle ambiental, Roberto Ribeiro de Souza, do Distrito Norte, informa que aproximadamente 40 profissionais vinculados à Secretaria Municipal da Saúde atuaram nesta operação. "Umas três ou quatro pessoas que tiveram contato com carrapatos estão sendo monitoradas, mas ainda não apresentaram qualquer sintoma", explica o profissional da Saúde.

Na região do Distrito Leste, de acordo com a Vigilância em Saúde (Visa) local, também foram efetuadas, na semana passada, ações de controle da doença que terão continuidade nos próximos dias.

Em 2010 não foi registrado nenhum caso da doença. Mesmo assim a orientação do médico infectologista da Covisa, Rodrigo Nogueira Angerani, é que a população evite circular por locais de vegetação elevada e, no caso de encontrar carrapatos pelo corpo, retirar o parasita com uma pinça, ficar atento a sintomas como febre, dores e manchas no corpo. "No caso de ocorrer algum desses sintomas, a pessoa deve procurar imediatamente o atendimento médico", disse Angerani.

O carrapato, identificado como principal vetor da doença na região de Campinas, é o Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como "carrapato estrela" quando adulto ou "micuim" e "vermelhinho", quando em fases imaturas. Em todas as fases o carrapato apresenta competência vetorial, ou seja, capacidade de transmitir a bactéria Rickettsia rickettsii que causa a doença. Com as características biológicas desta espécie de carrapato, sobretudo no que se refere aos principais hospedeiros, como cavalos, capivaras e antas, as maiores taxas de infestação em ambientes naturais são observadas em áreas de pastagens, principalmente pastos sujos e em matas ciliares.

Diagnóstico precoce

Por ser uma doença potencialmente grave, com taxa que varia entre 30% e 40% no Estado de São Paulo, o diagnóstico precoce é o principal aliado do tratamento. Outra dificuldade é o fato de que, em sua fase inicial, os sintomas são considerados pouco específicos, ou seja, podem ser comuns a outras doenças.

Na fase inicial, a febre maculosa se caracteriza pela presença de febre, dor de cabeça, dor no corpo, mal estar, manchas avermelhadas pelo corpo, diarréia, vômitos e dor abdominal. "Tais sintomas podem ser facilmente confundidos com doenças como gripe, dengue, leptospirose e várias outras, de maior ou menor gravidade”, explica Angerani.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Campinas, é fundamental a obtenção de informações referentes a possíveis situações de risco para a doença, como o local de habitação, história de viagens ou passeios, exposição a áreas de mata ou pastos, atividade ocupacional, contato com animais e, obviamente, “picadas” de carrapatos.

O uso de fontes de calor, frio ou substâncias químicas (álcool, éter etc) não é indicado para a retirada de carrapatos que possam estar parasitando a pele, uma vez que tais estímulos químicos e físicos podem estimular a inoculação da bactéria. Também não se recomenda a retirada com a mão sem proteção. A bactéria presente nas glândulas salivares do carrapato pode vir a penetrar no organismo humano através de eventuais ferimentos em dedos e unhas. A retirada do carrapato através de movimentos leves e circulares utilizando uma pinça fina é a maneira mais segura.

Diversos estudos demonstraram que menos de 1% dos carrapatos de uma determinada área estariam infectados com a bactéria que causa a febre maculosa. “Além disso, hoje está bem estabelecido que os carrapatos, ainda que estejam infectados, necessitam de um tempo mínimo que varia de 4 a 6 horas para transmitir a bactéria”, disse o médico.

Por esse motivo, segundo ele, além da recomendação de evitar áreas ou situações de risco, deve ser reforçada a orientação de se retirar eventuais carrapatos que possam estar aderidos à pele, o mais precocemente possível. Após contato com áreas ou situações de risco, recomenda-se que seja realizado o cuidadoso autoexame para identificar possível parasitismo.

Transmissão

Para que ocorra a transmissão da doença, primeiramente o carrapato que venha a "picar" o indivíduo deve estar infectado. Ainda que esteja infectado, são necessárias entre 4 a 6 horas para que as bactérias sofram uma "ativação" e sejam inoculadas ("injetadas") no organismo. Uma vez introduzidas, elas se multiplicam dentro de células dos vasos sanguíneos e, a partir daí, se espalham para praticamente todos os órgãos.

"Indivíduos que venham a ser infectados, iniciam os primeiros sintomas (febre, dor de cabeça, dor no corpo, mal estar) entre 7 a 10 dias após a exposição ao carrapato. Por esse motivo, a introdução do tratamento antes que ocorra a disseminação, ou seja, até, no máximo, o quinto dia de sintomas, é fundamental".

No ano passado foram registrados 242 casos suspeitos da doença na cidade. Deste total, 182 são de munícipes de Campinas. E dos moradores foram confirmados apenas dez casos de febre maculosa, sendo que oito casos são autóctones. Quatro pacientes morreram e seis foram curados. O último caso, registrado na região do Distrito de Saúde Norte, foi notificado em novembro e a pessoa curada.

O carrapato, identificado como principal vetor da doença na região de Campinas, é o Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como "carrapato estrela" quando adulto ou "micuim" e "vermelhinho", quando em fases imaturas. Em todas as fases o carrapato apresenta competência vetorial, ou seja, capacidade de transmitir a bactéria Rickettsia rickettsii que causa a doença. Com as características biológicas desta espécie de carrapato, sobretudo no que se refere aos principais hospedeiros, como cavalos, capivaras e antas, as maiores taxas de infestação em ambientes naturais são observadas em áreas de pastagens, principalmente pastos sujos e em matas ciliares.

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