Saúde investiga possível novo foco de Leishmaniose Visceral

15/01/2010

Autor: Assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde

Com o objetivo de investigar um segundo possível foco de leishmaniose visceral canina em Campinas, a Secretaria de Saúde de Campinas inicia nesta segunda-feira, dia 18, inquérito sorológico em cães de uma comunidade instalada num condomínio da Região Leste da cidade.

Foi confirmada, no início deste mês, a leishmaniose visceral em um cão daquela localidade. De acordo com informações da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) de Campinas, só após o encerramento da investigação será possível determinar se trata-se de um segundo caso autóctone, em Campinas, isto é, quando a doença é contraída na mesmo local de moradia.

O inquérito é parte das investigações que estão sendo desencadeadas no local, que incluem também identificação do vetor (investigação entomológica) e análise ambiental. A coleta será realizada por equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e do Distrito de Saúde Leste da Secretaria de Saúde de Campinas.

As equipes de trabalho são compostas por médico veterinário, ajudante de veterinário, ajudante de controle ambiental e agente comunitário de saúde. Todos os cães encontrados na região do possível foco serão submetidos a exames. A previsão é que as ações se estendam durante toda a semana. Os exames serão processados pelo Instituto Adolfo Lutz de São Paulo e os resultados devem ficar prontos em 30 dias.

Durante a semana será iniciada, também, investigação sobre o vetor, o mosquito Lutzomia longipalpis – mosquito palha ou birigui, num trabalho em parceria com a Sucen. Esta ação, denominada tecnicamente de investigação entomológica, será feita por meio da colocação de armadilhas. O trabalho será realizado em duplas, uma pessoa que vai trabalhar dentro do domicílio e outra que vai atuar fora. A investigação ocorrerá durante três noites, a partir do anoitecer, porque o mosquito Lutzomia longipalpis tem hábitos crepusculares e noturnos. Os insetos coletados serão encaminhados à Sucen para identificação. As ações na comunidade também incluem atividades de informação, educação em saúde e mobilização social.

As investigações sobre esse caso confirmado de Leishmaniose Visceral em cão em Campinas estão sendo conduzidas pela Secretaria de Saúde Municipal, junto com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), a Vigilância em Saúde Leste e o Centro de Saúde da área onde foi confirmado o caso. O trabalho tem apoio da Secretaria de Estado da Saúde – por meio da Superintendência do Controle de Endemias (Sucen), Instituto Adolfo Lutz e Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE).

Saúde pública - A Leishmaniose Visceral é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil. É de notificação compulsória, o que significa que as ocorrências têm que ser informadas às autoridades sanitárias rapidamente. A doença está presente em 21 estados brasileiros e nos últimos anos foi registrada uma média anual de 3.357 casos humanos e 236 óbitos. No Estado de São Paulo, está presente em vários municípios. Em 2008, foram registrados 1.536 casos humanos no Estado e 134 óbitos.

Segundo o médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde de Campinas, no Brasil, na grande maioria dos municípios nos quais a doença se tornou endêmica, a ocorrência de cães infectados geralmente precedeu a ocorrência de casos humanos. “Os cães infectados, sem a menor dúvida, se constituem um elemento fundamental na cadeia de transmissão. Por esse motivo, a ocorrência de possíveis casos autóctones em Campinas merece atenção especial”, diz. Entretanto, segundo já observado em outros municípios, a identificação do cão infectado não implica, necessariamente, na ocorrência futura de novos casos entre a população de cães e nem no início da transmissão entre humanos.

Rodrigo Angerami informa que, até o momento da notificação do cão infectado, Campinas era considerado um município epidemiologicamente silencioso em relação a esta doença, muito embora a proximidade com algumas regiões do Estado, onde já havia a transmissão da doença, tornava o município potencialmente vulnerável. Com esta ocorrência, passou a ser considerado município sob investigação. Até o momento, a leishmaniose visceral tem tratamento disponível apenas para humanos.

Volta ao índice de notícias