Por causa das chuvas, Saúde orienta profissionais para risco de leptospirose

07/01/2011

Autor: Marco Aurélio Capitão e Denize Assis

A Secretaria de Saúde de Campinas divulga esta semana informe técnico sobre leptospirose para alertar profissionais de Saúde quanto à possibilidade de um aumento nos casos suspeitos da doença nesta época do ano. O documento recomenda especial atenção no atendimento de indivíduos com quadros febris agudos quanto aos antecedentes de contato com as situações potencialmente de risco.

O médico infectologista Rodrigo Angerami, da Vigilância em Saúde (Visa) de Campinas, explica que nesse período de chuvas frequentes, que provocam inundações em vários pontos da cidade, é necessária uma atenção maior para os riscos da leptospirose. “Esses informes técnicos são importantes para que os profissionais de saúde, tanto da área privada quanto pública, redobrem a atenção nos seus consultórios, centros de saúde, hospitais ou pronto atendimento, uma vez que a chance de alguém contrair a doença é maior nessa época do ano”, esclarece o infectologista.

Rodrigo Angerami ressalta que, embora a doença possa estar associada a algumas atividades ocupacionais como a dos agricultores, lixeiros, veterinários, trabalhadores da área de saneamento e esgoto e ocorra ao longo do ano todo, neste período o risco é aumentado devido à maior exposição a águas contaminadas com a bactéria.

De acordo com a Secretaria de Saúde, devem ser considerados casos suspeitos todos os pacientes que apresentem febre, cefaléia e mialgia, com antecedente epidemiológico de exposição de risco nos 30 dias antes do início dos sintomas. Essa exposição de risco considera contato com enchentes, inundações, enxurradas e lama, córregos, lagos, lagoas, riachos e rios, além de outros ambientes com a presença de roedores.

Reforça, ainda, quais são os casos considerados suspeitos e recomenda avaliação clínica cuidadosa. Também dá orientações quanto à notificação, investigação laboratorial, tratamento e necessidade de acompanhamento do paciente.

Mais sobre a doença

A leptospirose é causada por uma bactéria chamada leptospira presente nos excrementos de mamíferos em geral, sobretudo na urina de roedores como o rato. Em situações de enchentes e inundações, a urina destes animais, presentes em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama.

O homem, ao entrar em contato com lama ou com a água contaminadas pode infectar-se. A infecção também pode, raramente, se dar por meio da ingestão de alimentos e da água de beber contaminados.

Alguns dos sinais da leptospirose são febre, dor de cabeça, fraqueza, dor no corpo, principalmente na barriga da perna e calafrios, que aparecem, em média, de sete a quinze dias após a contaminação. Não existe vacina contra a doença.

A Vigilância em Saúde orienta que a pessoa procure imediatamente o Centro de Saúde mais próximo se apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo até 40 dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto. Ela deve contar ao médico o seu contato com água ou lama de enchente.

Casos

Em 2010, foram notificados, entre moradores de Campinas, 324 casos suspeitos de leptospirose, sendo 19 o número de casos confirmados até a presente data; dentre os casos confirmados, houve 4 óbitos. Ressalte-se que um eventual incremento, ainda que não significativo, do número de casos confirmados em 2010 seja passível de ocorrência uma vez que ainda existem resultados de exames laboratoriais pendentes. Quando comparados com os dados do ano de 2009 (322 notificações de casos suspeitos, 46 casos confirmados e 5 óbitos), verifica-se uma tendência de estabilidade no número de casos suspeitos notificados e uma redução entre os casos confirmados. Ao se observar o período de maior incidência da doença verifica-se que, anualmente, há um maior número de casos nos meses de maior índice pluviométrico, notadamente entre os meses de novembro a abril.

Cuidados

Segundo a Vigilância em Saúde de Campinas, além do trabalho da Prefeitura, o apoio e conscientização da população são fundamentais na prevenção da leptospirose. São atitudes que vêm sendo difundidas entre a comunidade pelas equipes de saúde como eliminar os ratos e evitar sua multiplicação, mantendo o meio ambiente o mais limpo possível. O lixo doméstico deve ser posto fora de casa, em local alto, pouco antes do caminhão de coleta passar.

Buracos entre telhas, paredes e rodapés devem ser vedados. Quintais, terrenos vagos e ruas devem ser mantidos limpos e os córregos sem entulhos e outros objetos. À noite, objetos de animais domésticos devem ser lavados e guardados. Terrenos baldios devem ser limpos, murados e livres de lixo.

A caixa d'água precisa ser mantida limpa e tampada e os canos com aparas que impeçam a subida dos ratos ao reservatório. O contato direto com as águas ou com a lama que sobrar das enchentes deve ser evitado sempre. Chão, paredes, objetos caseiros e roupas atingidas pela enchente devem ser lavados com sabão e água sanitária (1 copo de água sanitária para 1 balde de 20 litros de água). Todos os alimentos e remédios atingidos pela inundação devem ser descartados. Se a caixa d'água foi invadida, evitar o uso desta água antes da desinfecção do reservatório.

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