Covisa divulga informe técnico à rede de saúde para prevenir leptospirose

03/01/2012

Autor: Marco Aurélio Capitão

A rede pública e privada de saúde de Campinas começa a receber nesta quarta-feira, 3 de janeiro, o informe epidemiológico de leptospirose preparado pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. A iniciativa da Covisa objetiva a detecção precoce da doença e a redução da mortalidade.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que a leptospirose se mostra com nítida sazonalidade, sendo que os elevados índices pluviométricos do verão, com enchentes e inundações, coloca moradores de diversas localidades a um risco maior de infecção.

A preocupação dos técnicos de saúde procede na medida em que os registros do Sistema de Informações dos Agravos de Notificação (Sinan) apontam que 42% dos casos de leptospirose em 2011 estão concentrados em janeiro. Em 2011 foram notificados 434 casos suspeitos da doença em pacientes residentes em Campinas. Destes, confirmaram-se 41 e sete evoluíram para óbito, com uma letalidade de 17%.

Andrea Von Zuben, médica veterinária da Covisa, explica que o alerta epidemiológico é importante para que a leptospirose seja detectada precocemente e para que, dessa forma, a doença não evolua com gravidade. “Por tratar-se de uma doença com sintomas inespecíficos no seu início, é importante que as unidades de saúde fiquem atentas. Quanto mais precoce a introdução do antibiótico menor o risco de agravamento do quadro”, adverte a médica veterinária. Ela lembra que a leptospirose é doença de notificação compulsória e, portanto, todo caso suspeito deve ser imediatamente notificado pelos profissionais da saúde, das redes pública e privada.

Enquanto isso, nas unidades de urgência do município tem início esta semana o Programa de Capacitação das equipes de classificação de risco e manejo clínico. O treinamento está a cargo da enfermeira Marilene Wagner e do médico Sérgio dias, ambos da Comissão de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde.

Participaram da elaboração do Informe técnico para a Rede de Saúde, Rodrigo Angerami, médico infectologista da Covisa, André Ricardo Freitas , médico sanitarista da Covisa, Andrea Von Zuben, médica veterinária da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, Daise Becare, técnica da Covisa, Brigina Kemp, coordenadora da Covisa.

Como se transmite?

Em situações de enchentes e inundações, a urina dos ratos, presente em esgotos e bueiros, mistura-se à enxurrada e à lama das enchentes. Qualquer pessoa que tiver contato com a água das chuvas ou lama contaminadas poderá se infectar. A leptospira, bactéria presente na urina dos ratos, mistura-se com a água e penetra no corpo humano pela pele, principalmente se houver algum arranhão ou ferimento.

O contato com água ou lama de esgoto, lagoas ou rios contaminados e terrenos baldios com a presença de ratos também podem facilitar a transmissão da leptospirose. Veterinários e tratadores de animais podem adquirir a doença pelo contato com a urina de animais doentes ou convalescentes.

Como tratar?

O tratamento é baseado no uso de medicamentos e outras medidas de suporte, orientado sempre por um médico, de acordo com os sintomas apresentados. Os casos leves podem ser tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam ser internados. A automedicação não é indicada, pois pode agravar a doença.

Como se prevenir?

Para o controle da leptospirose, são necessárias medidas ligadas ao meio ambiente, tais como obras de saneamento básico (abastecimento de água, lixo e esgoto), melhorias nas habitações humanas e o combate aos ratos. Deve-se evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas ou outros ambientes que possam estar contaminados pela urina dos ratos.

Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha - se isto não for possível, usar sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés. Aqueles que tiverem suas residências atingidas por enchentes podem procurar a Defesa Civil ou a Unidade Básica de Saúde mais próxima para obter informações sobre a limpeza e a desinfecção.

Entre as principais medidas de combate aos ratos, deve-se destacar o acondicionamento e destino adequado do lixo e o armazenamento apropriado de alimentos. A desinfecção de caixas d´água e sua completa vedação são medidas preventivas que devem ser tomadas periodicamente.

Sintomas

A pessoa que apresentar febre, dor de cabeça e dores no corpo alguns dias depois de ter entrado em contato com as águas de enchente ou esgoto deve procurar imediatamente o Centro de Saúde mais próximo. Os principais são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas - batata-da-perna -, podendo também ocorrer vômitos, diarréia e tosse.

Nas formas mais graves geralmente aparece icterícia - coloração amarelada da pele e dos olhos - e há a necessidade de cuidados especiais em caráter de internação hospitalar. O doente pode apresentar também hemorragias, meningite, insuficiência renal, hepática e respiratória que podem levar à morte.A leptospirose é uma doença curável, para a qual o diagnóstico e o tratamento precoces são a melhor solução.

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